Na sua empresa já aconteceu de você ter um projeto muito bacana em mãos, ou ver uma ideia legal na internet mas perceber que não dá pra implementar na sua empresa porque “não se encaixa no escopo” do Programa? Pois quando o assunto é Voluntariado Empresarial, tenho visto isso acontecer com uma frequência bem maior do que gostaria. Por isso, resolvi levantar a campanha: Você deveria pensar menos em Voluntariado!
Calma, que eu explico.
Voluntariado Empresarial, por definição, é um conjunto de atividades não-obrigatórias e não-remuneradas, com viés social, estimuladas pela empresa entre seus colaboradores. A própria companhia pode organizar toda a ação, responsabilizando-se por definir o que será feito, quando e onde; ou os funcionários podem ser os protagonistas, articulando tudo com o apoio da empresa. Até aí, tudo bem.
Mas então, qual é o problema?
O problema começa quando projetos muito bacanas não se encaixam nesse exato conceito. Por exemplo, uma ação de Team Bulding obrigatória que, ao invés de ser feita indoor, tem um viés social e é feita na comunidade. Como não é uma ação voluntária (já que a participação é obrigatória aos colaboradores designados), o projeto pode acabar sendo engavetado por não caber ao time de Voluntariado. Ou a bela iniciativa de um colaborador, que ajuda uma instituição incrível voltada para pessoas com uma doença rara, que não recebe apoio da empresa por não estar alinhada com causa abraçada pela estratégia institucional.
Veja bem: não estou, de maneira nenhuma, dizendo que programas de voluntariado não deveriam existir ou que deveriam ter seu escopo reduzido. Pelo contrário: minha provocação aqui é para se libertar das amarras da palavra Voluntariado para abrir espaço a um universo enorme de possibilidades que vão estimular a cultura colaborativa na empresa e trazer impacto positivo para a sociedade – mesmo não sendo aquele voluntariado tradicional de pessoas visitando organizações sociais.
Aqui mesmo, no V2V, sempre fomos conhecidos por oferecer plataformas de Voluntariado Empresarial. Mas percebemos o quanto nossos clientes – e, principalmente, seus colaboradores – são criativos e abertos a promover iniciativas diferentes que de alguma maneira buscam o bem-estar de um grupo de pessoas. Por isso, hoje em dia nos colocamos muito mais como uma plataforma de estímulo à Mobilização Social ou ao Engajamento Social de colaboradores. Ainda estamos em busca do termo ideal, mas a ideia é dar espaço a projetos variados que estimulem a construção conjunta e o bem coletivo.
E as possibilidades são infinitas!
Alguns exemplos de projetos que fogem do conceito de Voluntariado mas que também têm seu valor:
1) Campanhas de Arrecadação
Este é um dos itens mais polêmicos nas organizações. Enquanto muitas organizações dizem que têm um Programa de Voluntariado robusto porque fizeram campanhas com recordes de arrecadação, outras torcem o nariz afirmando que doar um objeto ou alimento não é voluntariado. De fato, o voluntariado requer doação de tempo, portando doação de dinheiro ou de materiais não se encaixam nesse conceito. Mas, como dizia Betinho, “Quem tem fome, tem pressa”. Então, por que não estimular esse tipo de atividade na empresa? Além dos claro impacto na comunidade, movimentos como este muitas vezes servem como um primeiro passo para o voluntariado presencial e transformador.
2) Exercícios de colaboração diária
Melhor do que fazer algo bacana com dia e hora marcada, é ter uma postura cooperativa no dia a dia. Por isso, vale a pena investir em atividades que levem os colaboradores à reflexão, ao exercício da cidadania e a atitudes de colaboração. Um exemplo é a participação em grandes movimentos como a Segunda sem Carne, que visa estimular dietas ricas em vegetais e com menor impacto no meio ambiente, ou o Mural de Gentiezas, uma ação para estimular as pessoas a serem mais gentis em seu cotidiano.
3) Cyberativismo
São infinitos os questionamentos sobre a eficiência de pequenos atos feitos via internet, muitas vezes chamado pejorativamente de “ativismo de sofá”. Não há dúvidas de que uma ação presencial gera um impacto muito mais real e tangível do que pequenas atividades feitas com poucos cliques. No entanto, divulgar campanhas e defender ideias positivas nas redes sociais podem, sim, ajudar a disseminar uma causa pela qual o voluntário acredita. O acesso à informação de qualidade é hoje uma das maiores molas propulsoras da nossa sociedade. Se feito de maneira correta (que não incitem o ódio ou discussões vazias), o ativismo digital pode promover uma grande mudança para melhor. Basta entendê-lo como ferramenta de apoio, que não substitui uma atividade com dedicação maior.
4) Apoio a um colega com dificuldades
Assim, de cabeça, já lembro de uma história bem comovente que ouvi recentemente. Em uma delas, um colaborador havia perdido a casa com todos os seus pertences por conta de uma grande enchente. Os colegas fizeram uma grande mobilização para ajudar na reconstrução do que foi perdido. Mobilizações como esta também não costumam ser adotadas pelo Programa de Voluntariado, por não serem voltadas para a comunidade. Mas imagine a alegria deste colaborador que foi tão bem acolhido pelos colegas. Imagine também o ambiente de colaboração e pertencimento que se instalou na empresa. Vale ou não vale a pena estimular este tipo de ação?
5) Confraternizações e ações para o público interno
Os colaboradores também podem se reunir para promover ações que beneficiem a si mesmos, coletivamente. Por que não? Reformar uma praça ou parque costuma ser visto com bons olhos, pois é um esforço que beneficiará a comunidade daquela região. Mas ações voltadas par ao próprio grupo – reformar um espaço da empresa, decorar o escritório para o Natal e outras festas, promover troca de livros ou brinquedos, criar um grupo de corrida ou caminhada… todas elas trazem benefícios enormes para o clima organizacional. E, como sabemos, pessoas mais felizes trabalham melhor e promovem o bem-estar à sua volta, trazendo também benefícios para a comunidade como um todo.
Estes foram apenas alguns exemplos, mas poderia citar vários outros além desses. Você conhece alguma história ou exemplo interessante? Compartilhe nos comentários e vamos continuar essa conversa. 🙂