A pauta da previdência está quente nos últimos dias e meses, e não dá para não associar o assunto às problemáticas do envelhecimento no Brasil. No mesmo momento, de forma irônica, está “bombando” nas redes o filtro no qual os fotografados das selfs aparentam como se já tivessem envelhecido, e oxalá cheguem lá com aquele bom humor do instagram.
Entretanto o assunto do envelhecimento no Brasil é grave, e esse post traz alguma reflexão sobre ele propondo algumas ações de voluntariado que podem levantar a moral dos nossos “velhinhos” ao envolver os colaboradores com essa temática.
Vamos fazer um trato de ser uma nação de cidadãos idosos e felizes?
Pode o voluntariado resolver o assunto? Não sozinho.
Mas pode ajudar? Com certeza! Mitigando, gerando envolvimento, sensibilizando, partilhando conhecimento e boas práticas.
Uma visão bem geral sobre a situação
A qualidade de vida dos idosos no Brasil é deficiente do ponto de vista da seguridade social, da pobreza, nas dificuldades de locomoção e acesso à saúde básica dentre outros serviços assistenciais, além do lazer é claro.
E junto com o aumento da expectativa de vida, o volume dessa população só cresce: atualmente engloba 11,5% da população e em 2050 será de 29%!!! Seremos muitas “cabecinhas brancas” passeando por aí!!! (sem querer desmerecer a gravidade do assunto, mas exaltando a beleza que é ter uma vida longa cheia de experiências e histórias para contar!).
Segundo o relatório Global Age Watch Index o Brasil está em 58º lugar numa lista de 96 países, atrás de nações como Bolívia, Equador e El Salvador. As políticas públicas, de longe, não tem sido e não estão preparadas para serem suficientes. As piores notas do relatório acima são relativas à segurança e o transporte público.
De acordo com o “Disque 100”, que é o canal de denúncias do Governo Federal, o mesmo recebeu 37.454 denúncias de violações contra a pessoa idosa em 2018, um aumento de 13% em relação à 2019.
Isso em média, significa 102 casos de violência contra o idoso por dia.
E é o tipo de informação que no balanço de nossas emoções, tem que nos motivar a reagir para protegermos nossos amigos com mais idade. A vulnerabilidade da idade não pode nos fazer deprimir, temos tudo nas mãos para escolher priorizá-los.
No balanço divulgado pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (2018) alguns dados preocupantes:
- 52,9% dos casos de violações contra pessoas idosas foram cometidos pelos filhos, seguidos de netos (com 7,8%).
- A casa da vítima o local com maior evidência de violação, 85,6%.
- As mais violadas são mulheres, com 62,6% dos casos, e homens, com 32%.
- A faixa etária de 71 a 80 anos acumula 33% dos casos e de 61 a 70 anos tem 29%.
- Das vítimas 41,5% foram declarados brancos, pardos 26,6%, pretos 9,9%, amarelos com 0,7% e indígenas 0,4%.
- As violações mais recorrentes são: negligências (38%), violência psicológica (humilhação, hostilização, xingamentos) com 26,5%, seguido de abuso financeiro e econômico/violência patrimonial que significa, por exemplo, a retenção de salário e a destruição de bens com 19,9% das situações.
- Em quarto lugar está a violência física, 12,6%.
- Dos mais de 14 mil vítimas declararam ter algum tipo de deficiência. Dessas, 41,6% tem alguma deficiência física e 37,6% deficiência mental, seguidos de deficiência visual com 11,5% e deficiências intelectual e auditiva, com 4,6% e 4,4%, respectivamente.
E tudo isso só nos faz reforçar que a sensibilização começa dentro dos nossos ciclos mais íntimos. Não precisa ir do outro lado da cidade para trabalhar na causa. As pesquisas mostram: é na própria família e na vizinhança que o trabalho se inicia.
Voluntariado para o público idoso
Ações de continuidade ou pontuais podem ser realizadas com esse público, e um aspecto super positivo é que o contato com os mesmos gera no voluntário aprendizados incríveis e uma imenso senso de satisfação.
(Já sabemos que é assim no voluntariado como um todo, mas nesses casos a reflexão com a qual voltamos para a casa depois de uma ação tende a mudar as nossas vidas e comportamentos).
Se sua empresa quer empreender esse precioso tipo de voluntariado aqui vão duas dicas de ações:
1 – Agenda “Marcando a Presença”
Visitas e atividades estruturadas em albergues públicos e privados
- Mapeie junto aos seus colaboradores os asilos que existem na região em que pretende atuar. Muitas vezes algum colaborador possui um parente em algum deles, e essa ponte tende a ser valiosa.
- Conheça as entidades e as atividades desenvolvem diariamente, mensalmente e anualmente.
- Mapeie as competências dos colaboradores da sua empresa para lidar com esse tipo de público.
- Volte com os colaboradores e planejem uma agenda de visitas, oficinas e atividades de apoio à assistência e ao lazer.
Em geral as instituições de cuidado necessitam de uma série de atividades que muitas vezes deveriam ser realizadas por colaboradores remunerados, mas que não dispõem dessa capacidade.
A rotina no cuidado ao idoso inclui questões de saúde como um todo, de cuidados com higiente, alimentação, lazer e principalmente companhia.
As atividades assistenciais incluem: conseguir os medicamentos necessários e fazer com que cheguem até à entidade e ali sejam devidamente geridos (estoque, validade e et.), a marcação e o deslocamento para consultas e exames médicos, e demais tratamentos, o apoio com questões fiscais, financeiras e legais, a providência por alimentação balanceada e condições para que isso aconteça com integridade, e por aí vai . . . a fila é grande! Ou seja: há muito por fazer!
Nesse caso, grupos de voluntários podem assumir atividades contínuas, garantindo que aquelas demandas imprescindíveis sejam melhor qualificadas e exercidas.
Por outro lado, as atividades do dia-a-dia como visitas para conversas, atividades de lazer, de jogos, oficinas de artesanato e outras culturais tendem a ser as favoritas pelo voluntariado empresarial devido ao seu caráter mais periódico e menos técnico.
Pessoalmente me interesso pelo caso da solidão e do afeto. Não… não gosto da solidão. Mas é que temos tanto afeto para doar! Isso é que nos mantém aquecidos e com ímpeto de viver.
2 – Campanha “Advogados do Vovô”
Faça campanhas de sensibilização sobre os direitos do idoso. Por exemplo, voluntários podem ir até às comunidades e dar a conhecer os direitos da pessoa idosa expressos no estatuto do idoso.
(Acesse esse guia e conheça um pouco mais da complexidade do assunto e saiba em que medida pode fazer alguma coisa maior ou menor expressão).
A sensibilização para os cuidados do idoso com cartazes e linhas de acesso aos órgãos assistenciais ajuda muito, e você pode espalhar a informação sobre o Disque 100 ou outros meios disponíveis localmente no âmbito municipal.
Existem outras formas de ajudar. Está muito na moda as atividades Inter geracionais com as visitas de jovens às instituições de idosos, ou vice-versa propiciando a troca de vivências e culturais.
Outra, mais especializada, é a educação financeira para idosos, exige preparo e pode ser um bom gancho para as entidades do setor financeiro.
Parece pouco, mas não é. A palavra de ordem é ação.
Um programa concentrado nessas atividades vai à direção de umas das mais prementes demandas sociais do nosso país.
Quanto mais concentrado e contínuo, maior o aprendizado e maiores poderão ser os resultados.
Ah, e não vamos desanimar com os dados.
Levantar a cabeça e seguir em frente mantendo o sentido comunitário.
É meio clichê, mas: “sonho que sonha junto é realidade”.
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