Conheça o Troféu Português do Voluntariado e um pouquinho do voluntariado em Portugal

Hoje quero compartilhar uma experiência fora do Brasil, e trata-se da 10ª Edição do Troféu Português do Voluntariado.

A ideia aqui é contar um pouco sobre essa iniciativa da Confederação Portuguesa do Voluntariado, e dos projetos que foram reconhecidos na ocasião, no último 04 de dezembro.

Esse post é também para contar um pouco como tem sido minha experiência no campo do voluntariado aqui em Lisboa.

Vamos passear? Não perca esse bonde…

A Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV) foi constituída a 19 de janeiro de 2007, e tem como como finalidade “representar os voluntários de Portugal e as respectivas organizações, quaisquer que sejam os seus domínios de atividade, e contribuir para a defesa dos respectivos direitos e interesses.

Fazem parte dos seus objetivos:

  • Representar os voluntários de Portugal;
  • Preservar e atualizar a identidade do Voluntariado;
  • Cooperar com as organizações federadas, atuar na cooperação entre as organizações de voluntariado e entre estas e outras entidades;
  • Intensificar o papel do voluntariado na sociedade portuguesa.

A Confederação Portuguesa do Voluntariado congrega atualmente 35 organizações de voluntariado e promotoras de voluntariado – associações singulares, federações e confederações – com variados objetos de atuação, de âmbito nacional.

Sendo assim, a CPV atua preferencialmente junto às iniciativas de voluntariado promovidas pelas organizações da sociedade civil, e menor acompanhamento daquelas desenvolvidas por empresas, que por aqui se denomina voluntariado corporativo (e não empresarial, como podemos dizer no Brasil).

Longe de representar dualismo ou campos opostos, o voluntariado promovido pelas ONGDs em Portugal e aquele desenvolvido por empresas se organizam, ambas, através de suas representatividades institucionais, que procuram promover junto ao Estado um cenário de ativismo organizado.

O quanto isso de fato acontece na prática? Não é passível de mensurar totalmente ainda.

Por falar em organização, o apoio institucional por aqui se destaca por uma legislação mais “completa” – que esse ano comemorou 20 anos de existência – e, ao mesmo tempo, talvez mais engessada, que versa sobre as regras que uma instituição deve seguir para abrigar o trabalho voluntariado, como por exemplo a exigência de um seguro para os voluntários, mas também, no texto da lei, de crachás de identificação. Acredito que esse tema comparativo pode ser pauta para outra ocasião.

O ponto é que dos esforços portugueses de reconhecimento e incentivo aos projetos de voluntariado desenvolvidos, duas das que considero mais importantes são encabeçadas pela Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV): o Selo de Qualidade em Voluntariado Join4Change e o Troféu Português do Voluntariado.

10 anos do Troféu Português do Voluntariado 

O Troféu Português do Voluntariado é um reconhecimento público aos projetos de voluntariado e acontece há já 10 anos; esse ano então consideramos que foi uma ocasião especial de aniversário:

“O Troféu Português do Voluntariado é atribuído anualmente pela Confederação Portuguesa do Voluntariado, mediante candidatura apresentada por organizações privadas com ou sem fins lucrativos, legalmente constituídas e sediadas em território nacional, e entidades públicas nacionais, e tem como finalidades homenagear o trabalho dos voluntários e incentivar a prática do voluntariado”.

A edição de 2018 do Troféu aconteceu no dia 4 de dezembro, por antecipação, ao Dia Internacional dos Voluntários – 5 de dezembro -, com a entrega do seu reconhecimento a 5 projetos e voluntários, e mais duas homenagens especiais. A cerimónia contou com a presença do Presidente da Assembleia da República e a mensagem do Presidente da República.

“A sessão decorreu na Assembleia da República, no Auditório António Almeida Santos, e teve início com a mensagem do presidente da CPV, Eugénio Fonseca, para quem a celebração do Dia 5 de dezembro serve para «valorizar o serviço voluntário em todo o mundo».

“felizmente a ação do voluntariado está a ser diversificada”, e o Troféu Português do Voluntariado pretende fazer o “reconhecimento” do trabalho feito por milhares de pessoas que “no anonimato realizam, às vezes, pequeninas ações na lógica macro” no modelo civilizacional que “mede tudo pelo grande”.

“Outro aspeto do troféu é valorizar esta forma de exercer a cidadania no mundo muito hedonista, muito marcado por deve/haver apresentar uma nova cultura. A cultura do dom, do encontro há que valorizar”, acrescentou o também presidente da Cáritas Portuguesa, durante a sessão.”

Já o Presidente da República sublinhou, na sua mensagem, a palavra «obrigatória» na celebração deste Dia: «a Gratidão». Para Marcelo Rebelo de Sousa, «seria difícil imaginar o que poderia ser a realidade social do nosso país sem o inestimável contributo do voluntariado»” relata um pouco da ocasião, o membro da direção, João Teixeira, que também representa a ativa Confederada CNE.

São muitas honrarias 🙂

Conheça agora um pouco dos premiados e categorias

Categoria Geral

Equipa de Voluntariado Visitadores, proposta pela Associação Mais Proximidade, Melhor Vida, Instituição Particular de Solidariedade Social.

O trabalho desenvolvido pela associação junto da população idosa residente na Baixa de Lisboa e Mouraria não seria o mesmo sem o apoio da Equipa de Voluntários que, semanalmente, dá parte do seu tempo e disposição para promover o bem-estar da população dessa faixa etária.

Ao realizar visitas semanais, com duração de uma hora, a um beneficiário, a Equipa (sim, em Portugal “equipe” se diz equipa 🙂 ) se propõe estabelecer uma relação de confiança e empatia com os beneficiários.

“Através da escuta ativa, os membros da Equipa procuram promover um envelhecimento saudável das pessoas que visitam, acompanham e com quem interagem, combatendo a solidão em que vivem, particularmente os de mais idade”.

O envelhecimento da população em Portugal é um tema que vem sido discutido constantemente pelos agentes sociais, bem como o cuidado com essas pessoas que muitas vezes se encontram em estado de solidão.

Fonte: http://www.mpmv.pt/

Categoria Jovem

Voluntária Marta Cristina Batista Barreiras
No âmbito do Programa de Desenvolvimento Comunitário na Caparica e Pragal, promovido pela ONGD Leigos para o Desenvolvimento.

Com 30 anos de idade, a voluntária vai estar já há quase quatro anos num projeto de longa duração na organização. Com efeito, depois de dois anos na missão de Porto Alegre, em S. Tomé e Príncipe, fez uma pequena interrupção e voltou a estar em missão.

Dessa vez, encontra-se, desde abril, na primeira missão em Portugal, na Caparica-Pragal, e aí está como voluntária a tempo inteiro, até setembro de 2019.

De acordo com a nota do Júri, composto por 6 membros de renome, a Marta

“Apresenta-se como um exemplo de entrega, dedicação, resiliência, compromisso e uma inspiração para muitos jovens, mostrando que é possível uma entrega generosa ao outro, através da prática do voluntariado no concreto da vida das pessoas e das comunidades. Atualmente, é responsável pelas atividades do projeto relacionadas com o trabalho com mulheres, tendo constituído um grupo e estando a realizar encontros regulares de partilha, intercâmbio e formação” (nota do júri)

 

Foto voluntária Marta em atuação,enviada para sua candidatura.

Categoria Sénior

Equipa de Voluntários Projeto COM TATO Promovido pelo Centro Comunitário da Paróquia da Parede.

As instituições religiosas, principalmente católicas, desde o princípio, e ainda hoje, representam uma maioria das iniciativas de solidariedade social em Portugal. Seu maior expoente, ainda é a Santa Casa de Misericórdia, assim como foi também no Brasil, quando as ações de caráter filantrópico promovidas por instituições particulares se iniciaram nosso país.

O Projeto COM TATO desenvolve um dos trabalhos que achei mais lindos durante essa “competição”: que é a realização de sonhos de pessoas em fim de vida. As ações são das mais diversas e muitas vezes muito simples, como visitar algum local especial ou conhecer uma personalidade ou artista.

Sonho andar de avião

Com efeito, tem-se verificado, ao longo do tempo, que as pessoas idosas afetas à resposta de apoio domiciliário encontram-se em realidades sociais e económicas que lhes comprometem a saúde mental, emocional e física. E o projeto em questão para além desses sonhos, junto à atuação da instituição acabam por atender e encaminhar também essas situações.

Categoria Carreira

Voluntária Alcina Maria Cleto Duarte da Costa Ribeiro, proposta pela ComDignitatis.

Na categoria Carreira são reconhecidos voluntários que se dedicam já há bastante tempo ao campo do voluntariado no país. Nesse caso, a Alcina é uma voluntária que, pelo menos desde 2002, se exerce de forma dinâmica esse tipo de atividade.

Exemplo: o Corpo Nacional de Escutas, por exemplo, integrou a comissão de pais do Agrupamento de Escuteiros de Stº Isidoro – Mafra; na CrescerSer – Associação Portuguesa para o Direito dos Menores e da Família, desde 2002 e até ao presente, enquanto voluntária, esteve envolvida no lançamento e acompanhamento das Casas de Acolhimento do Infantado e da Ameixoeira; além disso, auxiliou a fundação de instituições de solidariedade e retirou do seu descanso tempo para auxiliar projetos de voluntariado na angariação de fundos.

Nos últimos tempos, esta voluntária tornou-se mais focada na educação de crianças para o conhecimento e exercício dos seus direitos, em escolas, bem como na promoção de eventos de grande divulgação e mobilização das pessoas para a problemática dos direitos e seu correto exercício. Condecoração bem oportuna para hoje (10/12) que é o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Perante o exposto, e evidenciando o papel inspirador da voluntária, evoluindo ao longo da vida em diferentes setores de atividade, até ao momento presente, em que projeta amplamente a sua ação de promoção de direitos, nomeadamente direitos da criança, o júri entendeu atribuir-lhe o Troféu Carreira.

Voluntária Alcina Maria Cleto Duarte da Costa Ribeiro recebendo o Troféu Carreira

Menção Honrosa

Equipa de Voluntários do projeto Pequenos Corações Gigantes, apresentada pela Associação Sociedade do Bem.

Por se dedicar ao tema da “literacia (educação) emocional”, reforçando, através do voluntariado, um melhor conhecimento dos sentimentos próprios (pensar o sentir), e preparando melhor as pessoas para o que as distingue, como pessoas, dos demais seres, “o que se revela cada vez mais importante no tempo atual e no que se avizinha, de acentuação tecnológica no âmbito da inteligência artificial, e consequente substituição do homem pela máquina”. O júri resolveu atribuir uma Menção a esse projeto.

Que tem por objetivos, “de um lado, promover a inclusão, a tolerância e a aceitação do que é diferente e, de outro, apoiar as crianças a considerar a perspetiva do outro, a saber ouvir, a respeitar as opiniões dos outros, a trabalhar em equipa, de forma a melhor combater a iliteracia emocional”.

Por fim, as distinções especiais foram para duas personalidades que muito fizeram pelo voluntariado e pelos voluntários em Portugal – Acácio Catarino e Elza Chambel (a título póstumo), nomeadamente quando foram presidentes do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado.

Em 2018 não foram atribuídos prêmios para projetos desenvolvidos por empresas, mas existem boas práticas que poderão também ser temas de posts futuros nesse intercambio saudável que passamos a desenvolver entre o voluntariado no Brasil e Portugal!

Acha uma boa ideia?

Tem alguma curiosidade sobre o trabalho voluntário por aqui?

Pergunte pra gente 🙂

Outras fontes que ajudaram nesse texto:

Dia Nacional de Voluntariado