gestão de expectativas

5 notícias chatas que seu colaborador precisa saber sobre voluntariado

Muitas vezes vejo gestores de um programa de voluntariado corporativo comentarem sobre alguma situação que deixou os participantes frustrados. Por participantes, me refiro a colaboradores que se candidataram para participar de uma ação social com uma determinada expectativa, mas que no final do dia acharam mais trabalhoso ou menos impactante do que imaginavam a princípio.

 

gestão de expectativas

Esse cenário não é incomum. Não só no voluntariado, mas em qualquer outra situação da vida, pessoas se envolvem tendo dentro de si uma série de fantasias que esperam se concretizar. Quando elas não acontecem, nem sempre o problema é na atividade em si, mas sim na expectativa que estava irreal. Por isso, é importante trabalhar com Gestão de Expectativas, ou seja, garantir que os colaboradores envolvidos estejam esperando algo plausível quando se candidatam a participar de uma atividade social.

Para te ajudar a gerenciar as expectativas dos seus colaboradores em relação ao voluntariado, listamos aqui cinco pontos que eles precisam saber antes de participar de uma ação:

1) Importa menos o que o voluntário sabe fazer e mais o que a comunidade precisa

Uma vez, um amigo pessoal reclamou comigo sobre a dificuldade que teve em doar alguns móveis dos quais queria se desfazer. Segundo ele, as ONGs para as quais ligou disseram não ter interesse, e as que tinham só poderiam aceitar caso meu amigo levasse as doações, pois elas não tinham como buscar. Expliquei pra ele que, como ele já não precisava mais dos móveis, aquilo havia se tornado um problema para ele – e se a ONG também não precisava, seria um problema para ela também.

Eu poderia gastar várias linhas dando outros exemplos de ofertas de ajuda (sejam doações ou serviços) que, na prática, não beneficiavam a organização simplesmente porque não era aquilo que ela estava precisando no momento.Não adianta pintar uma parede se ela está com uma infiltração que demanda uma reforma mais profunda. Não adianta doar uma cadeira de rodas se o local onde a pessoa com deficiência vive só possui escadas ao invés de rampas.

Nesses casos, o voluntário tem duas alternativas:

  1. perguntar e entender o que realmente aquela organização precisa, se adaptando e apoiando de maneira a gerar resultados concretos, ou
  2. buscar outra organização que precise daquele serviço específico com o qual o voluntário deseja colaborar.

2) Se o voluntariado é corporativo, há que seguir as diretrizes da empresa

O que diferencia o voluntariado corporativo de uma iniciativa pessoal do colaborador, é o fato de que o primeiro é uma ação estimulada, apoiada e/ou organizada pela empresa. Assim, é natural que a companhia defina algumas diretrizes para tornar o programa relevante para o negócio e não interferir negativamente na produtividade dos colaboradores – já falamos a importância de tornar o programa relevante para o negócio neste post. Isso significa que a empresa poderá definir as causas abraçadas pelo Programa, o tipo de organização apoiada, o horário das atividades (se dentro ou fora do expediente), entre outras coisas. Idealmente, todas estas diretrizes estão descritas na Política do Programa de Voluntariado da empresa e precisam ser de conhecimento dos líderes voluntários e dos colaboradores envolvidos com o Programa.

Uma exceção: projetos pessoais dos colaboradores

Obviamente, nada impede que um colaborador desenvolva uma iniciativa social por conta própria e convide alguns colegas para ajudar. Aqui na V2V acreditamos que estas ações espontâneas têm um grande potencial transformador e sempre recomendamos aos nossos clientes que tenham em seus Portais de Voluntariado um espaço aberto para que os colaboradores divulguem seus projetos. No entanto, essas ações não pertencem ao Programa de Voluntariado corporativo, a não ser que recebam algum tipo de suporte da empresa, seja financeiro, material, de tempo ou na forma de orientação.

3) Ele não é um herói (e tudo bem)

Segundo definição da ONU, “voluntário é o jovem, adulto ou idoso que, devido a seu interesse pessoal e seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração, a diversas formas de atividades de bem estar social ou outros campos.

Note que, por esse conceito, o voluntário é simplesmente alguém que está oferecendo um talento específico naquela hora, mas que em outro momento estará precisando de ajuda como qualquer outra pessoa – nem que seja para receber um ombro amigo em momentos de tristeza ou aprender algo novo com alguém disposto a ensinar suas próprias habilidades.

Por isso, evite discursos que coloquem o voluntário em um pedestal e o público beneficiado como coitadinhos. No voluntariado, todo mundo tem algo a oferecer e algo a receber. Quem faz grandes esforços sem receber nenhum benefício em troca é mártir, não voluntário. No voluntariado, os participantes vivem momentos gratificantes que fortalecem sua própria autoestima e ajuda a desenvolver diversas habilidades. Além disso, viver momentos de integração com outras pessoas ajuda a melhorar a saúde.

Alem disso, colocar o voluntário no papel de herói, ainda que tenha o objetivo de estimular, pode gerar frustração no voluntário. Uma vez assisti a palestra da Cruz Vermelha de São Paulo que contava sobre o trabalho psicológico que precisava fazer com os voluntários da triagem de doações. Os voluntários precisavam deixar seu turno ainda com uma montanha de doações a serem triadas, e sentiam que seu trabalho não fez diferença quando olhavam o que ainda precisava ser feito pelos próximos. A ONG precisava explicar à pessoa que ele não era um super herói que daria cabo de tudo; era simplesmente uma pessoa comum dando um pouco de si e que, junto com outras pessoas como ele, estava fazendo a diferença para a população atingida – e tudo bem.

4) Nem tudo vai sair como o esperado (e isso é ótimo)

Aquela pintura na parede pode não ficar tão bonita quanto foi imaginado. Limpar o lixo daquela praia costuma ser um pouco mais desgastante do que parecia a princípio – o sol quente demais e a areia fofa perdem um pouco do encanto depois de alguns quilômetros de caminhada. O lanche dos voluntários talvez não seja não saboroso quanto poderia. E por aí vai.

Na maior parte das vezes, ao fazer uma ação social, contamos com menos recursos do que seria o ideal. Pouco dinheiro, materiais improvisados e menos voluntários do que gostaríamos. Mas é aí que a mágica acontece. Em cenários fora do ideal, desenvolvemos criatividade, perseverança, jogo de cintura e trabalho em equipe. É exatamente por isso que o engajamento social vem sendo cada vez mais estimulado nas empresas. Que organização não quer um time com essas habilidades desenvolvidas, não é mesmo?

5) Na verdade, ninguém quer injeção na testa

Aquela frase “de graça, até injeção na testa” não podia ser mais mentirosa. A verdade é que ninguém quer injeção na testa, nem de graça. O mesmo acontece com o trabalho voluntário: às vezes uma tarefa feita com pouco zelo pode trazer resultados ruins que vão prejudicar a ONG mais do que ajudar.

Se o trabalho não for bem feito, pode acontecer da ONG ter que refazer ou não conseguir aproveitar o trabalho feito pelos voluntários. Nesse caso, ela terá gastado tempo atendendo e gerenciando os voluntários – tempo esse que poderia ser gasto dando atenção às crianças, idosos ou seja qual for seu público beneficiado. É comum que a diretoria de uma ONG dedique ali seus horários de descanso, intercalando com o tempo que dedica ao seu trabalho formal. Por isso, em uma ONG, cada minuto dedicado é muito precioso. Assim, é importante que todos os envolvidos concordem em se dedicar ao máximo para trazer os melhores resultados possíveis!

 

Como passar esse recado aos voluntários?

Aproveitando todas as oportunidades de contato possíveis. Nas palestras se sensibilização, na capacitação para determinadas atividades voluntárias, na divulgação de uma ação (seja por email marketing ou no próprio Portal de Voluntariado da empresa). E, embora algumas dessas mensagens possam ser notícias meio chatas de ouvir, é possível passar o recado de maneira amigável e até divertida, como neste vídeo que nós da V2V preparamos para nossos clientes disponibilizarem aos voluntários em seus portais de voluntariado.

 

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