O BISC é uma pequisa sobre o Benchmarking do Investimento Social Corporativo coordenada desde 2008 pela Comunitas, uma organização da sociedade civil que tem como objetivo contribuir para o aprimoramento dos investimentos sociais corporativos e estimular a participação da iniciativa privada no desenvolvimento social e econômico do país.
Em 2017, a pesquisa abrange 268 empresas e 18 institutos/fundações empresariais. Nessa décima edição, o relatório traz uma retrospectiva da atuação social das empresas nos últimos 10 anos.
Como Regina Célia Esteves de Siqueira, Diretora-presidente da Comunitas, destacou no próprio relatório: “os investimentos sociais no Brasil foram assumindo, gradativamente, novos contornos. Partindo de iniciativas filantrópicas e episódicas, as empresas estão investindo cada vez mais, em ações estruturadas e estruturantes. Na busca pela ampliação do alcance dos investimentos sociais, observou-se nessa última década um esforço consistente das empresas para ampliar o escopo dessa atuação por meio do alinhamento dos investimentos sociais aos negócios, da articulação com as políticas públicas e, mais recentemente, com a adesão às agendas globais”.
Separamos abaixo os maiores destaques da pesquisa no que se refere a Voluntariado Empresarial e a outros aspectos do Investimento Social Privado.
1) Tendência dos investimentos sociais é de crescimento
Apesar do período de recessão no país, o investimento social corporativo ainda é mais alto que há 10 anos. A média anual dos valores investidos pelo grupo de empresas do BISC, no período de 2007-2011, foi de R$ 2,3 bilhões. Nos últimos cinco anos essa média subiu para R$ 2,8 bilhões/ano.
Além disso, diferentemente das empresas, os investimentos sociais realizados diretamente pelos institutos/fundações sofreram menos oscilações ao longo dos anos. Entre 2015 e 2016, observou-se, inclusive, uma pequena elevação nos recursos investidos por essas organizações (2%).
2) Incentivos fiscais são importantes, mas a tendência é de investimento de recursos próprios
Os incentivos fiscais dados a empresas para estimularem seu investimento social são importantes e utilizados em muitas empresas, mas na última década houve uma queda em seu uso, o que demonstra que cada vez mais as empresas estão investimento recursos próprios no campo social.
3) Programas de Voluntariado se consolidam
Nos últimos dez anos, o número de colaboradores envolvidos nos programas de voluntariado passou de 41.000 para 62.842. A proporção de colaboradores das empresas que participam dos programas de voluntariado manteve-se em torno de 10 a 12% nos últimos dez anos.
Além disso, cresceu a percepção interna de que Programas de Voluntariado não beneficiam apenas a comunidade, mas também a própria empresa: hoje 80% das empresas concordam totalmente que o voluntariado aumenta a competência dos colaboradores e 100% concordam totalmente que o voluntariado melhora a relação das empresas com a comunidade, enquanto em 2012 esses números eram de 69% e 81%, respectivamente.
4) Os caminhos e desafios do Voluntariado Empresarial
Ao compararmos os fatores de sucesso considerados mais importantes para as empresas em 2012 e as atividades priorizadas pelas mesmas entre 2014 e 2016, vemos uma trajetória do Voluntariado Empresarial baseada em ações e programas mais estratégicos.
Enquanto em 2012 as empresas apontavam como maiores fatores de sucesso a “realização de atividades voluntárias pontuais” e a “doação de recursos para projetos em que os colaboradores atuam voluntariamente”, as atividades priorizadas por elas nos últimos anos foram a “capacitação para o desenvolvimento de trabalho voluntário” (que teve crescimento de 20%, disparado em relação às outras) e a “divulgação interna das oportunidades de trabalho voluntário”. A “realização de atividades voluntárias pontuais” manteve-se entre as principais atividades, mas apresentou queda de 5% em relação aos números de 2012.
Esses números demonstram que as empresas estão cada vez mais preocupadas em investir na capacitação de seus voluntários e que os programas estão sendo desenvolvidos de maneira mais estratégica, sob a gestão e política da empresa para a atuação social.
A pesquisa também apontou os principais desafios para as empresas para manter e fortalecer os programas de voluntariado. O principal desafio apontado pelas empresas respondentes, comparando os resultados de 2012 e 2016, continua sendo o de “manter a mobilização dos colaboradores ao longo do tempo”. Aqui no blog já discutimos e demos algumas dicas para manter a motivação e engajamento de seus voluntários.
O segundo maior desafio é o de “avaliar os resultados do programa de voluntariado”, que apresentou o aumento mais significativo em relação a 2012: de 38% para 60%.
Esse aumento na preocupação de medir o impacto do voluntariado é justificável: em qualquer empresa essa prática é essencial para garantir e ampliar o investimento interno, reconhecer o trabalho da gestão e dos voluntários, aprimorar o investimento social da empresa de forma a torná-lo mais estratégico e garantir que isso esteja beneficiando os públicos externo e interno. Em outro post nosso, você encontra mais sobre a importância e dicas de como fazer essa medição de forma eficiente.
Para saber mais
Para conferir a pesquisa BISC 2017 completa, clique aqui.
Pesquisas são muito úteis para ajudar no planejamento dos programas de voluntariado, pois fornecem um panorama, demonstram os benefícios e apontam os desafios. Se você quiser se aprofundar no assunto, indicamos nosso infográfico sobre o impacto do voluntariado nas empresas, a pesquisa realizada pela Consultoria Santo Caos sobre voluntariado e engajamento de colaboradores e nosso compilado de entrevistas com especialistas da área sobre as principais tendências do Voluntariado Empresarial.
2 comentários sobre “BISC 2017 traz panorama do Investimento Social Corporativo nos últimos 10 anos”
Os comentários estão encerrados