Hackathon socioambiental, você já ouviu falar deste termo? No próximo dia 28 de agosto, comemoramos mais um Dia Nacional do Voluntariado, e o que a sua empresa vai fazer?
Se ainda falta ideia para a ocasião, este post é um estímulo para a realização de um projeto desafiador: um hackathon socioambiental, envolvendo jovens da comunidade e instituições parceiras da sua empresa.
Atenção! Se você topar o desafio, vai precisar organizar o seu cronograma desde já! Que tal? Vamos?
Uma proposta de ação para o Dia Nacional do Voluntariado
Em todo 28 de agosto empresas do país inteiro comemoram essa data, promovendo o reconhecimento de voluntários e ações sociais engajadoras, com as finalidades de marcar o seu envolvimento e de dar visibilidade para o tema.
Na mesma data, no ano passado, há um post descrevendo uma ação de voluntariado para cada um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Se quiser ir por esse caminho vale a penar conferir.
Esse ano propomos algo diferente e inovador, que desafie talentos internos e externos para solucionar tanto problemas locais, quanto problemas da empresa.
Para tanto, a proposta é uma adaptação da metodologia de um hackathon.
O que é hackathon?
A origem da palavra hackathon vem da união de hack (especificamente no âmbito da programação, a expertise em desenvolver software) e marathon, do inglês maratona (isso mesmo aquela corrida de 42 quilômetros).”
Apesar do nome ter a ver com software, um hackathon é um evento em que a criatividade dos participantes é explorada. A duração pode variar de um dia a uma semana.
(Fonte: https://www.moblee.com.br/blog/hackathon/).
O modelo de hackathon adaptado
A adaptação consiste em promover uma maratona focada na criação de soluções socioambientais criativas, na qual jovens da comunidade possam, facilitados pelos voluntários da empresa, desenvolver soluções coletivas tanto para a empresa quanto para a comunidade, identificando problemas socioambientais comuns entre esses fatores.
A promoção de soluções durante a maratona apoiará a empresa em seus desafios com os critérios ESG e ao identificar essas questões, propor melhorias também para o território, criando benefícios em via de mão dupla.
O hackathon socioambiental é uma iniciativa com foco em impacto. Acontece a partir da colaboração entre representantes da empresa e de jovens da comunidade para pensarem juntos, modelos inovadores e viáveis, e que poderão ser premiadas e implementadas na prática.
Uma adaptação de hackathons não precisa necessariamente envolver a tecnologia. A inovação aqui pode estar ligada a soluções simples e manufaturadas. Tudo dependerá da mediação e da metodologia da sua maratona.
Muito desafiador?
6 passos para criae um hackathon socioambiental
Passo 1: Planejamento da Ação
Primeiro, apresente as suas ideias para os voluntários mais ativos e mobilize um grupo para falar delas. Isso faz com que eles fiquem engajados desde o momento do planejamento e isso vai otimizar e facilitar toda a sua realização.
Depois, monte um calendário contendo em vista as seguintes fases (passos) do projeto:
1) Planejamento;
2) Identificação de gargalos internos que dialoguem com questões da comunidade;
3) Traçar as regras de funcionamento do hackathon socioambiental e as suas fases;
4) Identificação dos jovens parceiros e fazer o chamado para a participação;
5) Realização do hackathon socioambiental nas vésperas do dia nacional do voluntariado;
6) Avaliação do processo, premiação e implementação das práticas.
Passo 2. Identificação de questões socioambientais internas que dialoguem com as questões da comunidade.
Este passo prescinde do diálogo dos voluntários com profissionais diversos da empresa, e também com jovens da comunidade.
O que se deve identificar é:
– Quais são os gargalos, dificuldades e dilemas enfrentados pela empresa em relação aos seus critérios ESG?
Esses gargalos serão os alvos das soluções propostas na maratona, por isso, é importante defini-los com sabedoria.
Veja abaixo 5 exemplos de questões que podem ser tratadas por meio de um hackathon socioambiental, e quais seriam as possíveis soluções para cada caso:
Exemplo 1: A empresa reconhece dificuldades internas para alcançar eficiência na redução de resíduos e na reutilização de materiais, refletindo negativamente no ambiente da comunidade.
- Exemplo de problema & solução:
A indústria de tecido X tem rejeitos de retalhos não aproveitáveis para a venda e produção. Sabe-se do caso de idosas com histórico e talento para a costura na comunidade vizinha. Porém, elas estão em isolamento, tristes e sem atividade no momento. Existem também meninas e meninos que desejam estudar e entrar para a indústria da moda. Durante o hackaton, os jovens propõem a criação de uma cooperativa local, em que as senhoras idosas costuram os modelos criados pelos jovens estudantes de moda, utilizando-se dos retalhos da empresa, e os produtos são vendidos em uma app/loja online divulgada e apoiada em canais diversos, dentre os quais os canais de divulgação da empresa. Todo o lucro vai para a cooperativa, e reverte-se em benefícios para os participantes.
Exemplo 2: Inserção de projetos e parceiros de impacto social na cadeia de valor, por meio de soluções que existam ou possam ser desenvolvidas na própria comunidade.
- Exemplo de problema & solução:
A empresa não acerta no fornecedor de alimentos do refeitório! Sabor e custo-benefício nunca fecham, e ainda há desperdício de comida.
Solução: Utilização de produtos provindos da agricultura familiar pela empresa do refeitório. Há ainda a formação e inclusão de pessoas da comunidade e da empresa na escolha e na produção dos menus, para harmonizar as preferências. Somado a isso, haverá a formação de todos os envolvidos em oficinas sobre o uso e reaproveitamento de alimentos.
Para completar, um app, proposto pelo grupo concorrente do hackathon socioambiental, poderá conectar o estoque dos produtores familiares com a empresa que produz as refeições, e uma outra solução poderá ser: divulgar as dicas de reaproveitamento para toda a comunidade em um canal do youtube ou rádio comunitária.
Exemplo 3: Dificuldades no relacionamento intergeracional, ocasionando maior inclusão e aproveitamento dos jovens da comunidade dentro dos quadros de talentos da empresa.
- Exemplo de problema & solução:
Dificuldades de relacionamento interpessoal nas equipes da empresa por motivo de diferenças geracionais.
Solução: os veteranos da empresa são levados como voluntários para cursos de formação profissional para jovens na comunidade. Sua competência é partilhada com os jovens, e o processo envolve um aprendizado na relação intergeracional que é levado para dentro da empresa.
Os jovens, após período de formação e diálogo estreitado com os colaboradores veteranos, são absorvidos como jovens aprendizes e estagiários mais abertos e preparados para os relacionamentos dentro da cultura da empresa. Cria-se uma espécie de “match” entre jovens e profissionais mais experientes, para um processo de mentoria e apadrinhamento.
Exemplo 4: Dificuldades em formação e sensibilização das lideranças para as questões socioambientais.
- Exemplo de problema & solução:
Os líderes da empresa não se envolvem efetivamente com a estratégia e os critérios ESG.
Solução: cria-se um programa de educação socioambiental e responsabilidade social corporativa na comunidade, os convidados a ministrar o programa nas escolas, são os líderes da empresa. Os aprendizados são avaliados pelos jovens e pelos colaboradores diretos, e disponibilizados em universidade aberta.
Exemplo 5: Dificuldades na promoção e engajamento de um programa de voluntariado corporativo engajador.
- Exemplo de problema & solução:
O programa de voluntariado não decola.
Solução: jovens da empresa junto aos da comunidade, diagnosticam questões locais que possam ser resolvidas pelos voluntários da companhia. Criam juntos um projeto de intervenção com uma linguagem atualizada, que contém um plano de comunicação e autonomia de gestão, colegiada entre jovens de dentro e de fora da empresa. Os melhores projetos com maior participação e impacto são reconhecidos no portal de voluntariado.
Passo 3: Criação de regras de funcionamento do hackathon socioambiental e as suas fases.
Quais serão as regras de funcionamento do seu hackathon?
Desenhar o funcionamento antes de ir para o terreno é extremamente importante.
Nesse momento é preciso definir:
1) Equipes: Quantas equipes de jovens podem ser constituídas?
2) Inscrição: Como será esse processo? Qual o recorte territorial: serão jovens de alguma vizinhança específica? O processo terá relação com alguma instituição, como, jovem aprendiz?
3) Cronograma: Quantos dias terá a execução do projeto: em quantos dias os jovens proporão soluções? Será um sistema de imersão como os hackathons tradicionais?
4) Local: Qual será o local, e qual infraestrutura e recursos necessários?
5) Papel dos voluntários: Qual será o papel da equipe apoiadora: quem serão os voluntários, e o que farão?
6) Qual será a metodologia a seguir: Qual será o guia para o plano de ação de cada equipe e por quem cada equipe será acompanhada?
7) Avaliação: Quais são os critérios de premiação, qual é a equipe avaliadora?
8) Premiação: Qual será a premiação?
9) Implementação: Como será o processo de implementação de vencedores?
Valide esse planejamento com os gestores, mobilize áreas parceiras internas, e promova a ação.
Passo 4: Identificação dos jovens parceiros e chamada para participação.
Junto ao time de comunicação interna e externa, e por meio dos voluntários corresponsáveis pela ação, façam um plano de divulgação e envolvimento dos jovens.
Isso pode envolver redes sociais, canais internos e externos, e comunicação estreita com órgãos públicos, escolas, e instituições sociais.
É preciso que a comunicação explique bem:
- Qual é o desafio;
- O que se espera das equipes formadas;
- Qual será a premiação e reconhecimento por parte da empresa.
Junto a essa fase está o processo de inscrição, e uma vez completado, você e os voluntários poderão fazer um apanhado do perfil dos participantes e como melhor acolhê-los e acompanhá-los.
Passo 5: Realização do hackathon socioambiental.
A ação, a maratona propriamente dita, consiste em:
- Abertura: Boas-vindas, dinâmica para montagem ou fortalecimento das equipes de jovens, e pitch do host explicando os problemas internos e externos que se pretende solucionar
- Diagnóstico: Mergulho das equipes em possíveis soluções que já tragam de casa, ou pesquisem neste momento, por meio de inputs facilitados pelos voluntários: dados gerais, dados sobre os parceiros, dados do território, dados sobre a empresa, e etc;
- Apresentação inicial de soluções: Acontece a primeira apresentação e pitch de soluções propostas pelos grupos;
- Maratona: Desenvolvimento dos planos e projetos com o auxílio da equipe de apoio;
- Apresentação final: Pitch de demonstração da versão final já desenhada dos projetos;
- Avaliação: Processo de avaliação dos projetos por meio do time avaliador previamente definido;
- Encerramento: Entrega das premiações e considerações finais;
- Continuidade: Envolvimento dos voluntários e atores principais com um processo de implementação das soluções.
Passo 6: Avaliação do processo, premiação e implementação das práticas.
Ajustando o hackathon socioambiental na sua empresa:
É muito importante que o processo de avaliação envolva profissionais e lideranças da empresa, como também, pessoas isentas, avaliadores externos com credibilidade e que possam no processo avaliativo, oferecer feedbacks estruturados e qualificar a atuação dos grupos e do projeto proposto.
Os critérios de avaliação precisam ser apresentados desde o edital e devem ser expostos claramente. Desta forma, durante o desenvolvimento do projeto, os grupos concorrentes poderão envolver-se transparentemente com o alcance das metas.
As metas precisam significar um retorno, inclusive, para a comunidade e não somente para a empresa. O crucial aqui é desenvolver soluções que, mitigadas dentro da empresa, sejam boas para a empresa e gerem impacto social positivo no contexto externo.
– Inclusão e equidade
É valioso que o processo seja inclusivo, por meio da diversidade da formação dos grupos em contextos etários, raciais, de gênero, de orientação sexual, e de pessoas com deficiências.
A equidade também precisa existir ao garantir que jovens advindos de melhores condições socioeconômicas não tenham vantagens sobre grupos que partam de um lugar de maior vulnerabilidade.
O processo de acompanhamento e mentoria dos voluntários pode ajudar nessa justiça.
Um ambiente criativo para proposições de ações instigantes
Quanto mais acolhedor e desafiante for o ambiente, e todo o processo de comunicação, melhores serão os resultados.
Vale a pena investir em recursos que instiguem a criatividade, como um ambiente em que estejam disponíveis jogos, recursos de papelaria, e uma alimentação saudável e bem gostosa.
Além disso, é importante haver algumas imersões durante o processo, como por exemplo:
- mini palestras de profissionais da área socioambiental;
- mini oficinas sobre os assuntos escolhidos para os projetos;
- palestras motivacionais ao início ou ao fim, realizadas por personalidades que os jovens admirem;
- passeios a museus de tecnologia e outros espaços;
Tudo isso pode enriquecer o projeto como um todo;
– Premiação
A premiação precisa ser do tamanho do desafio que se propõe. Um edital chamativo traz consigo oportunidades de vida na premiação: seja por meio de valores financeiros, cursos de aperfeiçoamento ou oportunidades profissionais na empresa promotora.
O hackathon socioambiental precisa representar algum salto na vida dos participantes.
– Implementação
Caso os projetos não sejam implementados, edições futuras podem perder credibilidade. O apoio dos voluntários do programa de voluntariado corporativo será essencial aqui, como mediadores da implementação interna e externa.
Esses projetos a serem implementados poderão ser de responsabilidade social corporativa abraçados por toda a empresa, envolvendo também áreas parceiras, como de TI, Gestão de Pessoas, Comunicação, Estratégia, Marketing, Financeiro, e etc.
Imagine que na próxima edição do hackathon socioambiental, seja apresentados os resultados da edição do ano anterior. Imagine ainda os anfitriões da edição do ano que vem seja os vencedores da edição desse ano.
Legal, não?
Aceita o desafio?
A proposta é que o hackathon socioambiental seja feito em agosto, no Dia Nacional do Voluntariado, contudo, não se prenda a isso. Tente implementar dentro de um plano possível e de um cronograma viável para a sua empresa.
Esse é um desafio para que se sintam instigados e movidos a implementar mas é preciso ser realizado com qualidade e no tempo certo, evitando correrias.
Para cada momento, para o todo dessa ação, se acharem que é uma boa ideia, e que vale a pena: conte com a equipe do V2V, que poderá auxiliar em cada etapa.
Boa sorte, e fica o desejo de que essa ideia mova a imaginação, e movimente muito o seu programa de voluntariado!