Gente, a educação permanece a causa mais advogada pelo Investimento Social Privado e isso inclui o voluntariado já faz algum tempo! Esse movimento faz obviamente com que a ODS 4 seja destaque entre as 17 metas globais estabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
Mas e aí? No que isso implica? Como a sua empresa pode se posicionar?
Como demonstrou o BISC 2019, 63% das empresas de serviços tinham seu investimento social na área da educação, e esse padrão permanece desde 2009, tendo sido 2014 o ano com maior pico.
O último Censo do CBVE demonstrou que especificamente no voluntariado 66,7% das empresas pesquisadas concentram esforços voluntários nessa área. E esses números dizem muito, somados a outros esforços públicos com os orçamentos anuais acima dos 100 bilhões.
O fato é que a sensação de “enxugar gelo” não passa, e sem entrar muito nas agendas políticas por detrás do tema, enquanto causa pública, é no dia a dia que em parceria podemos ir “nos virando no 30” e assumindo responsabilidades possíveis dentro do nosso âmbito de atuação.
ODS 4: Educação de Qualidade
O convite enquanto agenda global também está aí vigente, firme e forte. E os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável vem tentando à toda incentivar e medir os esforços de desenvolvimento em suas diversas áreas.
(Pessoalmente acho tudo isso muito difuso ainda).
“Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos” (ODS 4)
O que importa dizer é que ODS da Educação sofre inputs por muitas vias. O IPEA fez no ano passado um estudo de como o cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE) garantiria que 70% das metas fossem cumpridas até 2024, e de qual era o retrato concreto no país até 2017.
- O PDF dessa publicação você pode encontrar aqui ou acompanhando o vídeo abaixo:
E apesar das percepções de retroação – seja no que visualizamos no dia a dia, seja nos noticiários, é importante dizer que os indicadores nesse estudo demonstram avanços (ainda que tímidos) em seus números.
Mas também podem ser ponderados se contextualizados de forma crítica.
“Por fim, ressaltamos que o principal desafio brasileiro para alcançar o ODS 4 é o não cumprimento do PNE aprovado em 2014. Os indicadores têm evoluído até o presente momento, mas em um ritmo aquém do esperado. É preciso redobrar os esforços para poder cumprir as metas existentes no ODS 4 e, assim, ajudar a promover o desenvolvimento” (Caderno ODS, IPEA).
E como minha empresa pode desenvolver a ODS 4?
Os programas de voluntariado com iniciativas das mais tutelares às mais emancipatórias, oscilam entre ações pontuais de entregas de materiais escolares, didáticos e paradidáticos, promoção de eventos em escolas como festas de natal e juninas, seções de leitura, acompanhamento escolar no contraturno, oficinas profissionalizantes e de línguas, dentre outras, que variam das mais pontuais às mais contínuas.
Tudo isso acaba por contribuir sim, como é óbvio, mas a dispersão de recursos e de resultados também fica eminente nesses casos, principalmente quando são soltos e desamarrados do de um ponto de vista de gestão e estratégica.
E se você tem um interesse genuíno com a causa, é bom que leve em consideração esses três fatores:
1- Avalie!
Faça da avaliação uma prática constante, principalmente se quer recortar a sua contribuição nessa causa tão grandiosa.
Escolha indicadores modestos e justos, e a seguir os monitore sempre (antes, durante e depois da sua ação).
E isso significa que você, a princípio, caindo na real, não vai melhorar o Ideb de uma escola apenas promovendo ou participando de um calendário de efemérides. (E aqui eu falo por experiência própria).
Tente perceber indicadores e objetivos em um recorte mais específico, e vá atrás desses “pequenos” resultados com tudo! Como por exemplo:
– Possibilitou-se que alunos lessem 1 ou 2 livros – a mais – por ano, e relataram estarem mais propensos e satisfeitos com o hábito de leitura.
– Alunos do ensino fundamental II se tornaram mais proficientes em matemática após um mutirão de explicações contínuas no período de um ano.
E será assim, na justiça das suas ambições que de forma concentrada, poderá fazer alguma diferença concreta.
2- Procure atuar mais no contexto local
Os programas e ações voluntárias de amplitude nacional, e de grande capilaridade, tendem a ser mais difíceis de alcançar resultados mais profundos. A não ser que o seu objetivo seja o de promover visibilidade de um aspecto específico na temática da educação, um advocacy, e aí tudo bem!
O convite que faço aqui nesse caso, é que você enquanto empresa, olhe para a sua presença territorial e atue ali concretamente no perímetro em que impacta fisicamente.
Se você é de uma indústria, sabe que aqui isso faz ainda mais sentido.
Estamos numa fase em que gera confiança e bom ânimo mostrar resultados concretos. Todos estão precisando disso: os voluntários para se motivarem, os financiadores para perceberem os resultados tangíveis do investimento social, e assim também os professores, alunos, famílias e toda a comunidade escolar.
Esse vínculo de uma atuação concentrada permite focar nas mudanças planejadas, corrigir rotas, tentar mais de uma vez, mas sempre em um território que estará emocionalmente, ou geograficamente, ligado ao meu projeto.
3- Vincule as famílias
O envolvimento dos pais é um desafio histórico, pois eles representam importante parte no processo educativo dos filhos.
Um programa de voluntários pode apoiar nisso promovendo oportunidades de diálogo e participação dos pais e da comunidade escolar.
Por algum tempo, tive a oportunidade de incentivar a presença dos pais por meio do Indique, um diagnóstico participativo, e essa provocação para se envolverem com as necessidades da escola, como um todo, foi muito efetiva. Você pode desenvolver sua melhor estratégia, presando forte pela concretização das ações propostas juntamente com os pais.
Quanto maior o vínculo com os pais e alunos, maior o legado de mobilização social em torno da educação e das necessidades de uma escola especificamente.
Um mundo de possibilidades
Muitas outras ações poderiam ser propostas num post sobre educação. Mas nesse texto resolvi elencar esses três itens acima, numa perspectiva de criar laços, vincular pessoas e metas, e possibilitar forças tarefas de resoluções de problemas práticos nas escolas públicas no entorno da sua empresa.
Dessa forma, elabora-se uma abordagem bem útil para contribuir com o ODS 4 no ano de 2020, sem se perder pelo caminho e no discurso.
Penso ser essa uma grande contribuição possível para essa temática de necessidades tão extensas, histórica, que vive momentos tão polêmicos e difusos.
E você, como está promovendo a ODS 4 na sua empresa? Deixe sua contribuição nos comentários!