Como e por que alinhar o Voluntariado ao seu negócio

As iniciativas de voluntariado empresarial tendem a se alinhar cada vez mais ao negócio em consonância com a trilha já tomada pelo Investimento Social Privado. Essa escolha ganha força na medida em que as empresas repensam o seu papel social em aderência aos desafios econômicos impostos: sua sobrevivência e sucesso prescindem da reinvenção na forma de fazer as coisas.

 

4 maneiras de alinhar o Voluntariado ao negócio:

Para o voluntariado, as sinergias com o negócio mais comuns estão relacionadas às áreas de Gestão de Pessoas e de Sustentabilidade. Mas aqui, a dica é que nesse momento o “tal” alinhamento seja considerado em suas múltiplas perspectivas:

1) Alinhamento Estratégico

Quando o programa se enquadra e é criado para dar respostas às aspirações, jeito de ser, missão, visão e valores da empresa. Por exemplo: para os bancos, a atividade de educação financeira faz grande sentido estratégico, uma vez que assim investe em uma sociedade e em clientes com melhor uso de seus produtos e maior poder de poupar. Da mesma forma, empresas de tecnologia podem investir em voluntariado no âmbito da inclusão digital, propiciando assim usuários mais avançados e menos custos de atendimento e suporte aos clientes.

2) Alinhamento “Temático” ou “Setorial”

Quando o alinhamento se dá a temas ligados aos produtos e serviços que a empresa entrega, ampliando assim a percepção da oferta de valor. Por exemplo: uma empresa de brinquedos que desenvolve ações com crianças e valoriza o ato de brincar, ou outra da área da saúde que desenvolve ações em hospitais. A meu ver, esse é o campo mais fértil de alinhamento.

3) Presença

Quando se considera atuar naquelas localidades em que a empresa possui presença física, comercial e estratégica. Isso acontece muito no âmbito das indústrias que possuem plantas próximas ou dentro de comunidades, mas também pode acontecer no setor de varejo, explorando seu poder de capilaridade.

4) Operacional

Aliar a recursos e processos que já existam na empresa: sistemas, bens, políticas, processos de reconhecimento e capacitação, etc.

 

Nivelando conceitos

Nivelar os conceitos dentro das instâncias de decisão e junto às áreas parceiras também poderá ser bem útil na manutenção do programa como ativo do negócio.

É dever do gestor alinhar alguns entendimentos. Afinal, o tema da ação social é assunto que cada indivíduo traz do seu contexto, das suas vivências, e em resumo “todo mundo tem muita opinião”. Certos ou errados, o glossário do assunto na sua empresa está nas suas mãos, e os momentos de relação inter, intra e extra empresarial são espaço de diálogo e de posicionamento das concepções adotadas. Por exemplo:

A) Qual o conceito de “negócio”?

Ele se encerra apenas na atividade fim, “core business”? Que níveis de relação com a sociedade o contexto atual exige das empresas? Qual o entendimento de negócio dos seus pares de outras áreas (finanças, marketing, comercial, RH)? Note que o conceito de negócio em geral é enviesado pela atividade fim da área e não da empresa como um todo. Vale falar a língua gerencial abordando como por exemplo, conteúdos trazidos por Porter e a criação do valor compartilhado.

B) Qual a diferença entre voluntariado pessoal e corporativo?

Responder isso ajuda a acalmar as expectativas internas e externas e estabelecer o famoso “foco”, e como orientação vale dar uma olhada neste post sobre o conceito de Voluntariado Empresarial. Uma delimitação de qual estratégia de voluntariado será adotada pelo todo da empresa – em detrimentos de outras causas e impulsos que podem ser tão importantes quando aqueles objetivos definidos pela sua empresa, mas que não corresponde a estratégia traçada. Da minha experiência, na medida em que se expande em demasiado o foco de atuação voluntária em favor dos infinitos talentos e desejos de atuar dos colaboradores e gestores, os resultados finais se tornam mais diluídos, menos concentrados, com tendências à dispersão.

C) Como podemos atuar de forma complementar às políticas públicas?

Muito se ajuda quando programas dialogam com as iniciativas já existentes e não as sobrepõem. E como essa atuação não sobrepõe iniciativas de outras empresas?

D) Em que medida o “alinhamento com o negócio” é diferente de “estar a serviço do negócio”?

Perguntas como essas, se trabalhadas pelos gestores de voluntariado junto aos seus pares e superiores, podem favorecer que os ganhos múltiplos da iniciativa floresçam para:

  • funcionários e equipes, através de ganho pessoal, clima, orgulho, engajamento, entre outros.
  • para a empresa, como bom relacionamento com a sociedade e reputação, e o mais importante:
  • para as comunidades e beneficiários que recebem um trabalho dedicado, de qualidade e com reais possibilidades de transformação.