Vejo muitos gestores de Voluntariado Empresarial planejando as ações do ano baseados no perfil de colaboradores da sua empresa. “Aqui o público é muito conservador”, ou “aqui são todos bem proativos” são frases muito comuns, mas que deixam de lado algo muito importante: os voluntários não são todos iguais.
Cada colaborador é um indivíduo com experiências, motivações e medos diferentes. E a melhor maneira de criar um relacionamento forte dos voluntários com o Programa é enxergar e dar atenção a estas especificidades, valorizando cada indivíduo e aumentando sua identificação e comprometimento com as ações. Por isso, listei aqui os diferentes tipos de voluntários e como lidar com cada um deles. Ah, note que uma mesma pessoa pode reunir vários perfis diferentes:
O tímido
Ele pode ser incrivelmente talentoso, mas pouca gente vai saber disso simplesmente porque ele não conta para as pessoas à sua volta. Se ele for levado para visitar uma instituição, provavelmente ficará retraído e não irá interagir com o público atendido e nem com os outros voluntários.
Para este voluntário, oficinas de capacitação podem ser uma ótima maneira de envolvê-lo com os outros voluntários e fazer dinâmicas que o ajudem a se soltar. Criar roteiros prontos também pode ser uma ótima opção: por exemplo, se ele tiver apostilas e um bom manterial de apoio, poderá perder a timidez e até mesmo fazer palestras ou apresentações. Ações via internet também costumam atrair este tipo de voluntário, mas não acho uma pena perder a oportunidade de estimular seu contato com as pessoas.
O sem tempo
Ele não pode participar de ações voluntárias no horário de trabalho, pois está sempre na correria com tarefas a entregar. Mas também não tem disponibilidade à noite ou nos fins de semana, pois é o tempo que reserva para ficar com a família, ou apenas ficar sozinho curtindo a própria companhia.
Para este perfil, o ideal são ações pontuais, que exigem pouco comprometimento. Ações via internet, como cadastrar notas fiscais ou ajudar um deficiente visual pelo aplicativo do celular são uma boa opção. Ações presenciais que possam envolver a família, como passeios ecológicos ou mutirões de reforma também serão bem-vindas.
O proativo
É aquele que sempre toma a dianteira das atividades. Quando o programa é organizado em equipes, ele costuma ser o líder do grupo. É ele quem organiza as tarefas de cada um, mobiliza parceiros e às vezes cobra atitudes até do gestor do Programa.
Para este voluntário não adianta a empresa apenas oferecer ações prontas e empacotadas, pois ele se sentirá entediado e pouco envolvido. Campanhas e gincanas em que os próprios colaboradores articulam suas ações, ainda que seguindo diretrizes criadas pela empresa, costumam trazer ótimos resultados com este público.
O inseguro
Não importa se ele é tímido ou comunicativo: o que caracteriza o voluntário inseguro é o medo do que irá encontrar ao participar da ação. “Será que vou dar conta de interagir com as crianças?”, “Será que vou ficar entediado?” são dúvidas que passam o tempo todo pela sua cabeça.
Para atrair estes colaboradores o grande segredo é utilizar uma das estratégias de marketing mais antigas: a propaganda boca-a-boca. Nomeie voluntários mobilizadores, que têm a função de engajar os colegas de seu departamento ou andar, pois a comunicação pessoal ainda é a mais acolhedora de todas. Incentive os participantes de uma ação a darem depoimentos sobre a experiência que tiveram, e dê visibilidade a estes depoimentos. Divulgue fotos e relatos sobre as atividades ocorridas. Um portal de voluntariado também pode ser uma ferramenta fortíssima, principalmente se tiver o formato de rede social, pois o colaborador poderá ir se envolvendo aos poucos enquanto interage com os colegas e acompanha as atividades realizadas. Aqui no blog o Gabriel Brigante já escreveu sobre como engajar quem nunca participou de ações voluntárias.
O alternativo
O seu programa de voluntariado gira em torno da Educação, mas o voluntário está mais interessado em promover acessibilidade para deficientes físicos. A empresa promove visitas a creches, mas o voluntário é adepto da proteção animal. O tema da gincana é Meio Ambiente, mas o voluntário prefere atuar na ressocialização de ex-detentos. Como engajar este tipo de voluntário? Estruturar o programa em torno de causas mais restritas facilita a gestão das atividades, mas por outro lado afasta o interesse dos colaboradores que não se sentem envolvidos por aquele tema.
Em casos como esses, uma alternativa é abrir espaço para que os colaboradores divulguem suas próprias iniciativas, de maneira independente da empresa. Por exemplo: muitos dos nossos clientes criaram em seus portais de voluntariado uma área especial, chamada “Iniciativas Independentes”, onde qualquer funcionário pode promover uma ação desvinculada do programa de voluntariado propriamente dito. Esta abertura faz com que o voluntário alternativo se sinta acolhido e valorizado. Outra saída é organizar os voluntários em equipes e permitir que eles mesmos escolham a causa apoiada, a ONG parceira e as atividades a serem realizadas. Por exemplo, neste post já dei exemplos de empresas cujos colaboradores fizeram trabalhos incríveis relacionados à causa animal, sem conflitar com a causa abraçada pela empresa. A terceira opção é, de fato, abrir o leque de oportunidades para novos temas, como por exemplo a ressocialização de ex-detentos.
O emotivo
Pessoas demasiadamente emotivas se comovem com facilidade, muitas vezes a ponto de não conseguirem desempenhar determinadas tarefas. Este público geralmente prefere ações presenciais, que permitam um contato direto com o público beneficiado. Mas tem um porém: visitar determinadas instituições podem ser um problema, dependendo do histórico familiar que o voluntário tiver. Por exemplo, se ele tem histórico de pessoas com câncer na família, pode ficar abalado demais ao visitar hospitais ou organizações que tratam a doença. Por outro lado, ações que envolvam música, artes e brincadeiras costumam deixar este voluntário com uma enorme sensação de bem-estar.
O competitivo
Este tipo é fácil de ser reconhecido: em uma gincana, ele entra determinado a ganhar está sempre de olho no desempenho das outras equipes. Acompanha cada notícia que sai no portal de voluntariado ou na intranet e procura o gestor do programa para tirar dúvidas sobre os resultados parciais. De maneira geral sua postura deixa a dinâmica ainda mais viva e estimulante, mas é preciso tomar cuidado para que a competição não se torne algo estressante.
Se você notar alguns excessos, tente lembrá-lo sempre de que o objetivo da competição é que a comunidade seja beneficiada e que os colaboradores se sintam animados e desonvolvam competências. Peça sua colaboração para manter o clima organizacional sempre positivo. Por outro lado, se o programa estiver precisando de um gás, organize concursos ou gincanas (por exemplo este concurso de fotos que o Instituto C&A promoveu entre os colaboradores) e avise o competitivo em primeira mão! Ele trará a empolgação necessária para que os colegas participem também.
E aí, conseguiu identificar estes perfis na sua organização? Sentiu falta de algum? Conte aqui nos comentários para melhorarmos nossa lista.
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