Os voluntários devem se envolver no planejamento das ações?

O quanto se deve envolver os voluntários no planejamento das ações de voluntariado corporativo?

É possível observar graus diferentes de envolvimento, que variam do mais pontual ao mais continuado. Os mais pontuais recebem os voluntários no dia da ação com tudo pronto: eles precisam apenas arregaçar as mangas, fazer o que lhes foi designado e ir embora.

Outras iniciativas envolvem os seus voluntários desde o início do planejamento, quando da identificação de uma comunidade ou instituição parceira, nos processos de planejamento das atividades, na execução das mesmas e, finalmente, no processo de avaliação.

E assim sendo: pode-se dizer que há uma abordagem que seja mais correta?

Veja neste post a resposta.

O envolvimento do voluntário com a comunidade

Para medir o nível correto de envolvimento, é preciso saber o que se espera: a fim de atingir os objetivos do seu Programa, os voluntários serão estimulados a estabelecer que tipo de relações com a comunidade?

Uma diretriz, portanto, é que o grau de envolvimento dos voluntários ofereça respostas aos objetivos do seu programa de voluntariado. Quanto mais os voluntários se envolvem, maior será o laço que a empresa criará com os territórios nos quais tem impacto.

Quando se estimula uma relação de continuidade e proximidade entre colaboradores da empresa e o território, promove-se a prática da cidadania ativa, das relações de solidariedade na comunidade, que extrapolam um dia de ação de voluntariado, e ligam de forma mais estreita a empresa à sociedade.

Por outro lado, quando o voluntário chega de forma pontual, como “turista” dentro de uma comunidade, a reação dos beneficiários poderá ser de estranhamento, e as relações mais superficiais.

Para te ajudar a se posicionar, segue aqui uma lista de prós e desafios para cada um dos graus de envolvimento dos voluntários com a comunidade.

1.Iniciativas com grande envolvimento dos voluntários no planejamento :

Prós

  • Mais cidadania

Desenvolvimento da prática da cidadania ativa por parte dos colaboradores da empresa.

  • Melhores laços com a comunidade

Criação de laços estreitos entre a empresa e o território, proporcionando que ela, representada pelas suas pessoas, seja percebida como agente integrante da comunidade, e não como um agente externo. O que facilita a criação de parcerias, mobilização de agentes, melhor entrada e maior aceitação do voluntariado e da empresa no território.

  • Redes mais potentes

Aproveitamento das redes que os voluntários já possuem no território. Uma vez que eles estão melhor inseridos na comunidade do que os gestores de Programa.

  • Continuidade dos projetos

A criação de vínculos fomenta a continuidade dos projetos, o que gera mais impacto do que intervenções pontuais.

Desafios

  • Maior disponibilidade

Um maior envolvimento dos voluntários exige maior disponibilidade por parte dos voluntários da empresa, o que nem sempre é possível, ou compreendido pelas médias lideranças.

  • Maior capacitação

O envolvimento ativo dos voluntários, desde o planejamento, exige maior investimento em formação e capacitação dos mesmos para que sejam agentes dinamizadores locais.

  • Distribuição clara de papéis

O envolvimento dos voluntários em todo o processo precisa incorporar a gestão das ações como parte das mesmas, deixando claro qual será o papel da área gestora, no âmbito da coordenação e apoio, e qual será o papel dos voluntários.

  • Existência de uma política de voluntariado

A existência de diretrizes claras e da sua mediação, para que voluntários não planejem ou prometam ações desalinhadas com os objetivos do programa.

2.Iniciativas com menor envolvimento dos voluntários no planejamento

Prós

  • Maior volume de participação de pessoas

Adesão de um maior número de pessoas, que se dedicarão com menores esforços.

  • Menos tempo dedicado

Necessidade de menor tempo de voluntariado disponibilizado pela empresa.

  • Menos riscos a serem administrados

Os riscos são minimizados, uma vez que o trabalho de organização é feito pela área gestora, e é possível controlar melhor o processo.

Desafios

  • Volunturismo”

Ou seja, o voluntariado se tornar apenas o oferecimento de uma experiência diferente para os colaboradores, sem um compromisso com algum impacto concreto.

  • Menor envolvimento dos colaboradores com a comunidade

O que torna a participação social uma questão pontual e não uma prática de cidadania ativa e constante. E neste caso, voluntários e empresas poderão se um agente estranho na comunidade

  • Menor impacto

As ações de continuidade podem produzir maior impacto a longo prazo.

Então, qual modelo escolher?

A escolha por um modelo ou outro dependerá de quais são as estratégias de relacionamento com a comunidade da empresa.

Não existe um modelo mais ou menos certo. E um mesmo programa pode conter ações pontuais simultâneas a outras ações de continuidade e de envolvimento com o território.

O importante, é que a escolha de um ou mais modelos seja consciente e proposital, e que atenda aos objetivos do programa de voluntariado, de ESG e de sustentabilidade.

Governança e capacidade de ação

A governança possível irá ditar também qual modelo é mais acessível.

Decidir com clareza os papéis que são exequíveis pela área gestora do voluntariado, e quais são os papéis que serão responsabilidade dos voluntários, é uma chave de sucesso.

Em geral, quando a área geográfica e o volume de ações é maior que a capacidade da área gestora, o gestor de voluntariado assume um papel de coordenação, estratégia e de apoio técnico, sendo o menos operacional possível.

Do contrário, quando a capacidade dos voluntários é que é limitada, mais completa deverá ser a atuação da área gestora, de maneira que viabilize as ações.

Toda esta divisão de papéis deve ser periodicamente medida, e adaptada aos momentos que a empresa vive, de forma a se adequar perfeitamente aos limites e oportunidades que o momento proporciona.

Sem fórmulas prontas, o seu modelo de envolvimento de voluntários será o melhor para o seu momento específico, desde que vá ao encontro da conquista dos objetivos do programa.

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