A prática do voluntariado não se limita a padrões específicos de atuação; pelo contrário, permite que a criatividade faça parte das ações. Contudo, podemos fundamentar a atuação voluntária em dois modelos principais, como as raízes da nossa árvore da transformação: as Ações estruturantes e as Ações assistenciais.
Essas duas raízes são fundamentais para o desenvolvimento do trabalho voluntário e devem coexistir para gerar transformação social. Porém, as ações estruturantes ganham destaque, em razão do potencial de gerarem um valor social mais duradouro, potencializando o voluntariado e ampliando os nossos horizontes de atuação, criando novas possibilidades.
Com isso em mente, é importante refletirmos sobre os modelos para examinar nossa própria atuação como voluntários, nos dando a chance de otimizar e maximizar o almejado impacto positivo!

Ação assistencial: um curativo necessário!
Em um momento de necessidade, do mais complexo ao mais simples, quem nunca precisou da assistência de outro ser humano?
Para exemplificar uma ação assistencial, podemos pensar em situações de emergência, que precisam de um alívio imediato: tragédias climáticas, apoio a pessoas em situação de rua, arrecadação de mantimentos etc. Nesses momentos, o voluntariado chega trazendo soluções para o agora.
Uma ação assistencial se faz imprescindível para oferecer uma cura momentânea, como um “braço direito” na hora de cruzar a tempestade. Atuando não necessariamente na causa do problema que ocasionou o desastre, mas sim em suas consequências, viabilizando suspiros de força e resiliência em momentos difíceis, por meio de ações voluntárias.
Ação estruturante: um legado para o futuro!
Diferente de uma ação assistencial, ações estruturantes propõem soluções que podem ter efeitos mais duradouros, por meio de um plantio direcionado da semente da transformação, atuando nas raízes. Dessa forma, a colheita dos impactos não é feita de imediato, mas sim no futuro, gerando um legado para os beneficiados.
Ações estruturantes podem transformar vidas. Por exemplo:
- Mentorias – Por meio da educação e da profissionalização de jovens de regiões com poucos recursos financeiros, viabilizadas por mentorias associadas a projetos sociais, é possível promover oportunidades e diminuir distâncias socioeconômicas.
- Ações ambientais – Educação ambiental é uma ferramenta necessária para a regeneração sustentável do nosso planeta e o voluntariado é uma força potente na disseminação dessa educação tão necessária. Pois, visa conscientizar, por exemplo, as pessoas ao nosso redor, ou em ampla escala, sobre o consumo responsável, para diminuirmos nossos impactos ambientais e nossa pegada de carbono.
- Revitalização de espaços – Transformar um espaço inutilizado, como um terreno baldio, por exemplo, em uma fonte de lazer, cultura ou arte para uma comunidade é uma forma de deixar um legado, que irá ressignificar aquele ambiente, trazendo benefícios às pessoas daquele local durante um longo período de tempo. Mas, se realizados isoladamente, podem tornar-se ações assistenciais. Então, para serem ações com impactos de longo prazo, esses espaços revitalizados podem ser dinamizados por meio da intrincada rede de mobilização voluntária, podendo se tornar centros de vida e desenvolvimento, ocupando de forma significativa áreas antes subutilizadas.
- Biblioteca comunitária – Ao criar uma biblioteca comunitária em uma comunidade, a semente do conhecimento é plantada, impulsionando que as pessoas beneficiadas se engajem na prática transformadora da leitura. Os voluntários e as comunidades podem continuar a desenvolver esse hábito, criando uma verdadeira corrente de transformação. Esse é um exemplo de como deixar um legado na prática!
Em um primeiro momento, pode-se dar a impressão de que pouco será colhido de ações como essas – e está tudo bem!- Pois, o impacto positivo tem um endereço fixo: transformar o futuro, fazendo com que os impactados passem para frente o que aprenderam, criando um “looping do bem” – esse é o verdadeiro significado da construção de um legado.
As ações assistenciais e ações estruturantes são modelos que podem ser trabalhados em conjunto, visto que os conceitos se complementam. Mas, faz-se cada vez mais necessário pensarmos em atuações concretas, que perdurem para além das necessidades imediatas, para perpetuar também a presença do voluntariado pelos espaços que passam, deixando uma marca duradoura nesses locais!
Enxergue as ações estruturantes como uma oportunidade de olhar internamente para sua atuação. Assim, você solidifica suas ações e otimiza seus resultados, propondo uma visão de longo alcance, que capta não só as demandas presentes, mas também o que pode ser plantado em prol de um futuro melhor!
– Por Pedro Benevenuto