BISC 2020: Instituições mobilizaram o maior percentual de voluntários já registrado pela pesquisa

A edição de 2021 da pesquisa BISC (Benchmarking do Investimento Social Corporativo), que é conduzida pela Comunitas teve seus destaques apresentados no dia 11/11/21. No post de hoje apresentamos os números gerais sobre engajamento dos voluntários, e em artigos seguintes, vamos aprofundar nos resultados específicos sobre a gestão, monitoramento e impacto, e comunicação dos programas.

O relatório que chega à sua 13ª Edição apresenta os dados dos investimentos das empresas durante 2020, sob efeito do enfrentamento à COVID-19 e do crescimento dos critérios ESG e dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), cujo alinhamento subiu de 23% para 70% entre 2016 e 2019.

O cenário em que o investimento dessas empresas operou é de incertezas, influenciadas, para além da crise sanitária, pelo cenário político e pela crise econômica, denunciada pela diminuição do poder de compra, e pelo crescimento do número de desempregados.

O investimento social cresceu 13%

Apesar do cenário desfavorável, os valores dos investimentos cresceram atingindo patamares mais elevados do que nos anos anteriores, como no caso do investimento em educação.

“Em 2019, o volume dos recursos aplicados na área social pelas empresas da Rede BISC alcançou a casa dos R$ 2,5 bilhões, sendo que R$ 1,1 bilhão foram destinados a  projetos educacionais. As instituições mobilizaram cerca de 70 mil voluntários, o que corresponde a 16% do total de seus colaboradores e ao maior percentual já registrado pela pesquisa”. (Fonte: GIFE).

O que prever para os próximos anos?


De acordo com o relatório a imprevisibilidade domina. As empresas têm dificuldade em fazer previsões para os próximos anos, até mesmo para perspectivas de médio prazo. Contudo não há previsão de redução do volume de investimentos. 

Quais as novidades sobre os programas de voluntariado?

Nessa edição do BISC destacam-se:

–  o crescimento surpreendente de 67% no número de voluntários  alcançando a casa de 70 mil colaboradores que se envolveram nas atividades voluntárias promovidas pelas empresas. Em relação ao total de colaboradores, o percentual de voluntários atingiu o valor mais alto de todo o período analisado:16%.

– o fortalecimento dos programas de estímulo ao voluntariado digital e de liberação de horas de trabalho para dedicação às atividades voluntárias.

– a inédita autoavaliação realizada pelos participantes sobre a qualidade da gestão dos programas de voluntariado.

O voluntariado em números de acordo com o BISC:

  • A maior parte das empresas (86%) possui um programa formal de voluntariado.
  • Nos últimos dois anos, o número de colaboradores envolvidos nos programas de voluntariado caiu para 41.675 de 69.747.
  • A proporção de colaboradores que participaram dos programas de voluntariado caiu de 16% para 10%.
  • O volume de recursos investidos em programas de voluntariado foi da ordem de R$ 12 milhões.
  • Frequência: Em 2019, 81% dos colaboradores participaram de até três ações voluntárias. 41% deles se em apenas uma ação e 40% em duas ou três ações. Sendo que 15% participou de forma mais contínua em mais de seis ações durante o ano. 
  • Ampliação na participação em horário de trabalho: o percentual dobrou entre 2017 e 2019, passando de 36% para 73%.
  • Voluntariado digital: e o crescimento do estímulo ao voluntariado digital de 30% para 55%, e que deverá ser ainda mais valorizado e expandido no período pós-pandemia.
  • Alinhamento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS):44% das empresas buscam alinhar as atividades voluntárias ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Participação das Lideranças

É de se admitir a grande relação entre participação e exemplo das lideranças ao alto nível de engajamento de colaboradores como voluntários.

Há muitos anos trabalhando com gestão e avaliação de programas de voluntariado empresarial essa associação já surge, advinda principalmente do relato dos colaboradores voluntários, e do quanto sentem-se endossados institucionalmente quando as lideranças se envolvem.

Os resultados do BISC reforçam essa percepção:

“Conforme já destacado em edições anteriores do BISC, diversas pesquisas evidenciam a importância do engajamento das lideranças para o fortalecimento dos programas de voluntariado corporativo. Os dados de 2019, ora apresentados (…) , podem ser considerados como um reforço dessa afirmação, na medida em que nos últimos três anos, período em que se observou um crescimento muito expressivo do envolvimento dos colaboradores, a participação maciça das lideranças em atividades voluntárias quase triplicou”.

Quais são as práticas voluntárias mais frequentes?

A prática voluntária nos últimos anos precisou se adaptar. Acompanhamos como que o voluntariado coletivo presencial precisou ser cuidadosamente reposicionado para as ações digitais e híbridas.

Nós voluntários e gestores sentimos muito esse processo, pois é realmente das relações e vínculos pessoais que os programas de voluntariado se alimentam. Ainda mais havendo a “aflição por fazer algumas coisa” diante dos cenários de caos e instabilidade que se apresentaram. O voluntário basicamente queria ajudar e não sabia como, e as empresas reposicionaram seu investimento e estratégias para viabilizar os anseios solidários.

Os programas institucionais precisaram aprender a dar suporte para as doações que poderiam suprir as necessidades mais básicas das pessoas em situação de maior vulnerabilidade, e a possibilitar o vínculo online entre voluntários e beneficiários, diante de uma troca digital de afeto e competências.

De acordo com o relatório do BISC, as mais formas mais frequentes de atuação no período pesquisado foram:

– a participação em atividades propostas pelas empresas, a que chamamos ações institucionais propostas e arquitetadas pelas áreas gestoras de voluntariado, para que os colaboradores possam se engajar com menor esforço de planejamento, mas maior de execução.

– a formação de redes de colaboradores entre os próprios funcionários, aqui ilustrando a capacidade dos próprios colaboradores formarem grupos, articularem-se mais autonomamente e então buscar na empresa parceria e apoios.

– e o engajamento nas atividades previstas para o “Dia do Trabalho Voluntário”, quando as empresas marcam e cedem um único dia, de forma amplamente divulgada, para o exercício do voluntariado.

Todo esse contexto de crise e crescimento sugere como o voluntariado pode ser resposta para os problemas sociais e para a criação um sistema de colaboração dentro das empresas e entre as empresas.

As instituições promotoras tem mostrado como que, mesmo o cenário sugerindo o desânimo, não é momento de parar, mas estruturar respostas possíveis, alinhadas aos propósitos das empresas que se mostram cada vez mais sociais.

Nos próximos posts vamos aprofundar nos resultados que a pesquisa apresenta sobre gestão, monitoramento e comunicação. Continue acompanhando e interagindo. É das nossas relações e trocas que as soluções surgem e se qualificam.