No início deste ano, o Instituto C&A firmou uma parceria com o Coletivo Trans Sol, um coletivo de mulheres trans (transgêneros e transexuais). Elas se empoderam financeiramente através da moda, participando de uma oficina de costura e bonecaria, e através da venda de produtos da marca Trans Sol.
Um destaque especial, foi que o Programa de Voluntariado do Instituto C&A se alinhou à iniciativa.
E como essas relações estratégicas entre áreas e projetos tem tudo a ver com o que se estimula nesse blog, assim como o importante e inadiável tema da diversidade, compartilho aqui desse case tão inspirador.
Espero que gostem assim como eu!
Sobre o Programa Voluntariado do Instituto C&A
O Programa Voluntariado Instituto C&A acontece desde 1991 e tem como objetivo promover a ação voluntária dos associados nas comunidades em que a empresa atua. E por esses anos tem sido referência de Voluntariado Empresarial.
São estabelecidas parcerias com organizações de atuação local, da sociedade civil ou comunitárias, que ofereçam educação para crianças ou que atuem no campo da moda.
Segundo o Portal dos Voluntários do Instituto, há ações empreendidas em diferentes frentes:
1) Projetos de educação
Esses projetos contemplam crianças de 0 a 12 anos, visando à melhoria das condições e oportunidades educacionais, por meio da diversificação das atividades e melhoria da infraestrutura das instituições parceiras;
2) Mobilização de recursos
3) Projetos para ampliação de renda
As iniciativas giram no campo da moda e visam a ampliação de renda e desenvolvimento de mulheres e empreendedores (preferencialmente mulheres), contribuindo para a melhoria na cadeia de produção.
“O exercício da ação voluntária na empresa é concebido como um direito à participação social de todos os associados da C&A, sendo o Instituto C&A um espaço de aprendizagem e de incentivo à participação cidadã, na relação de seu voluntariado com a comunidade” (Instituto C&A)
Uma das ferramentas que mais admiro no programa da C&A é o Ciclo do Voluntário, que é a forma como foi sintetizado e estruturado o caminho do voluntário dentro do programa. Esse tipo de recurso é sempre útil e bem vindo.
A Ação de voluntariado com o Coletivo Trans Sol em 2019
A ação que foi empreendida pelo grupo de voluntários do Escritório Central, surgiu como uma novidade.
“A ação de revitalização de espaços já é velha conhecida dos voluntários, mas o parceiro onde a ação foi realizada é uma das muitas novidades desta edição. No dia 20 de março, 10 voluntários conheceram e ajudaram na limpeza, organização e decoração do ateliê do coletivo Trans Sol – projeto de empoderamento social e econômico de mulheres transexuais e travestis, por meio da formação em corte, costura e bonecaria”.
Veja um pouco como foi isso:
Se também quiser conhecer um pouco mais sobre o coletivo Trans Sol, e entrar em contato direto, veja aqui e nas redes sociais como atuam. E nesse link é possível acompanhar a história da Roberta Rodrigues e da histórias das pessoas ligadas ao coletivo.
Os aprendizados acontecem quando se aproxima da causa
Tudo isso é muito bom de se ver, e abre caminhos para que programas de Voluntariado Empresarial realizem ações naquelas áreas, que para muitas empresas, infelizmente, ainda é tabu.
O C&A Instituto partilhou conosco um depoimento de uma de suas voluntárias, a Caroline de Couto, gerente de produto no Ecommerce, que fala dos desafios e das suas percepções nessa ação.
Veja:
“Meu primeiro contato com essas mulheres foi no evento de Natal do ano passado, quando trabalhei na loja do centro, onde grande parte das consumidoras são travestis e transsexuais. Devido ao preconceito, muitas delas têm dificuldade de se inserirem no mercado de trabalho.
Acho importante estimular o conhecimento da pluralidade do ser mulher, por isso me inscrevi na ação. Foi interessante esse contato e, por meio dele, pudemos perceber o quanto a vida é dura com elas e como isso impacta na relação de confiança com as pessoas. Foi muito gratificante ajudá-las, mesmo com algo tão simples como o que fizemos lá”. (Caroline de Couto, gerente de produto no Ecommerce)
E esse testemunho demonstra o quanto a aproximação do terreno, nas causas, pode trazer grandes aprendizados para os voluntários.
Nesses casos, os diálogos estabelecidos pelos colaboradores da empresa no terreno se tornam uma fonte fundamental de criação dos primeiros laços e vínculos, que muitas vezes, como no caso do exemplo da Caroline, já existia de forma comercial.
E que, a partir de uma ação como essa, se transforma completamente, em consonância com o posicionamento e os tipos de relações que a empresa quer ter com os seus clientes e comunidades.
Em outro post desse blog, o especialista em diversidade nas empresas, Reinaldo Bulgarelli, lembra porque é importante trabalhar esse tema nas organizações:
“As pessoas estão ali, mas ignoramos suas peculiaridades, temas, questões históricas ou não, em nome de uma igualdade que mais oprime do que liberta.
Tratar todo mundo igual na condição de gente exige que consideremos suas singularidades, contribuições, demandas, desejos ou necessidades.
Tratar igual pessoas com variadas características pode produzir injustiças e não justiça.
O termo equidade é utilizado para que a ação considere, como foi dito, características, diferenças e desigualdades. Queremos promover justiça e isso não significa oferecer as mesmas soluções e da mesma forma para todos (…) O que nos prepara ou capacita para ganharmos maior efetividade nas ações de voluntariado é manter sintonia com os valores universais de direitos humanos.” (Reinaldo Bulgarelli para o Blog do V2V).
E então?
Pronto para rever como o seu programa de voluntariado pode se relacionar com a diversidade do seus locais de atuação?
Não precisa ter medo, é só falar com quem pode te ajudar nesse avizinhamento e relações de proximidade.
Para finalizar, deixo aqui um quiz para você testar seus conhecimentos sobre identidade de gênero. Boa sorte! 🙂