De diversas formas, as ações de voluntariado podem fortalecer a comemoração e a resistência, que marcam o Dia da Consciência Negra.
No dia 20 de novembro, em vários países das Américas, é comemorado o Dia da Consciência Negra. No Brasil, a data ficou marcada por significar a contribuição da cultura negra no país e o aniversário de morte do líder quilombola Zumbi.
A comemoração foi instituída a partir de 2011, com a lei 12.519, e desde então o 20 de novembro tem representado grande significado para a população afro-brasileira. Nesse sentido, as ações de voluntariado podem colaborar para que o Dia da Consciência Negra seja lembrado como sinônimo de união, solidariedade e, sobretudo, de resistência.
A diversidade impulsionada pelo voluntariado
Um dos ODS, da Agenda 2030, da ONU é a “Redução das Desigualdades”. Pois, de acordo com a organização, é preciso “até 2030, empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente da idade, gênero, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra”. Entretanto, o cenário brasileiro ainda não garante uma total igualdade racial, seja ela social ou no mercado de trabalho.
Por isso, o voluntariado pode entrar como uma ferramenta de transformação importante. Em sua essência, programas de voluntariado pretendem impactar positivamente a inclusão social e a diversidade e, ao promover ações neste sentido, é possível que a população que mais sofre com a desigualdade consiga ser representada no mercado e na sociedade.
Como reconhecer as heranças da cultura afro-brasileira?
Não é novidade que as culturas africana e afro-brasileira influenciaram e influenciam o modo de viver da nossa sociedade, afinal, estão enraizadas na nossa ancestralidade. Logo, o entendimento de como se dá essa herança pode contribuir com a redução das desigualdades. Um ponto interessante é que o voluntariado auxilia nesse processo, como, por exemplo, estimulando e pautando o reconhecimento de tais culturas. Veja alguns exemplos:
Capoeira: A capoeira é reconhecida mundialmente como uma arte marcial brasileira. Mas, segundo um estudo da UFRJ, “no passado, os africanos eram proibidos de jogar a capoeira e, como expressão da revolta contra o tratamento violento a que eram submetidos, passaram a praticar a luta tradicional do sul de Angola nos terrenos de mata mais rala conhecidos como capoeiras”.
Insight: Existem diversos projetos sociais que utilizam a prática da capoeira como ferramenta de inclusão e transformação social. Por que não estruturar uma ação com esses projetos?
Culinária: A culinária brasileira foi influenciada diretamente pela herança africana e afro-brasileira, sobretudo, no que diz respeito aos pratos típicos de algumas regiões do país. O estudo é revelador: “foi incorporado aos hábitos alimentares dos brasileiros o angu, o cuscuz, a pamonha e a feijoada, nascida nas senzalas. Além disso, foi incorporado o uso do azeite de dendê, leite de coco, temperos e pimentas; e de panelas de barro e de colheres de pau”.
Insight: A culinária é capaz de unir pessoas em prol de objetivos em comum. Por que não elaborar uma ação que utilize a culinária afro-brasileira em prol da inclusão social?
As riquezas do continente africano: A África é o terceiro maior continente do mundo e tem grande abundância cultural. Um exemplo são os idiomas: lá se fala português, inglês e francês, além das línguas nativas, como o Bantu. Na história africana existem personagens históricos, como a rainha Njinga, de Angola, que resistiu até o último minuto contra a invasão portuguesa, sem falar em personalidades memoráveis, como Nelson Mandela.
Insight: Por que não confeccionar painéis e cartazes sobre personalidades negras ao redor do mundo? Apresentar suas histórias e importância certamente ajudará na desconstrução do preconceito.
Falar sobre a consciência negra: Um dos exemplos notáveis que traz a consciência negra em pauta é a obrigatoriedade do ensino da cultura afro-brasileira nas escolas. Pois, além de contribuir com a valorização da identidade negra, é também uma forma de entender as raízes culturais do Brasil.
Insight: Estimular o compartilhamento, a produção textual e rodas de conversa sobre a cultura afro-brasileira pode contribuir para a igualdade racial.
Portanto, passe a comemorar esse dia com mais consciência sobre suas raízes e utilize a sua criatividade para celebrá-lo! Além do mais, lembre que a sua ação voluntária pode contribuir diretamente para tornar a data ainda mais importante.
Por Pedro Benevenuto