Responsabilidade Social para engajar o consumidor do futuro

Um reporte sobre a tendência do perfil de consumo em 2021 certamente pode embasar seu planejamento de programas sociais corporativos. As contingências geradas pela pandemia em 2020 nublaram muito os cenários e fizeram os planejamentos estratégicos anuais, trianuais e de mais longos prazos serem revistos.

Mas o que a RSC, a sustentabilidade e os programas de impacto social tem haver com os perfis de consumidor?

Tudo.

Essas áreas que precisam ter um radar de 360 graus para dentro e fora das empresas, situam a operação social e ambiental das organizações de acordo com os contextos em que operam. E sempre com a finalidade de propiciarem impactos positivos enquanto essas empresas existem, assim como proporcionar maior longevidade às mesmas.   

O consumidor do futuro 2021

Esse conteúdo revisita a pesquisa realizada pela consultoria de negócios WGSN, com o título “O consumidor do futuro 2021”, em que foram propostos três tipos de consumidores esperados para o próximo ano.

Conhecendo esses três perfis, saiba como você pode alinhar suas estratégias de RSC ao que se espera para o futuro próximo.

Negócios sustentáveis para consumidores sobreviventes

Sejam quem forem, os consumidores em 2021 são sobreviventes das maiores pandemias que a humanidade já enfrentou. Estão exaustos, resilientes – por um fio ou mais fortalecidos -, trabalhando por qualidade de vida em meio às incertezas.

Navegam entre falsas verdades sobre a realidade em que vivem e são cobrados para fazer a economia girar enquanto compreendem como ser solidários para que se mantenham íntegros.  

Portanto se há uma responsabilidade que a sua marca pode assumir, para já, em relação a esses perfis de consumidores é o respeito e admiração pelos mesmos. Assim, a sua estratégia de responsabilidade social pode e deve contribuir para essa entrega.

Fatores relevantes que a RSC e a Sustentabilidade devem considerar

Além disso, segundo o estudo, a sua estratégia de negócios deve levar em consideração as adaptações às mudanças climáticas e à gentrificação, o envelhecimento da população, o fim do excesso, o aumento das automações e da inteligência artificial, o aumento das desigualdades sociais e a China enquanto líder mundial.

Uma área de sustentabilidade (e RSC) conectada consegue integrar a empresa nesses cenários, desde que esteja acima da mesa e não tratada como apêndice – que é aquele velho erro de gestão do imediatismo e da concepção obtusa (não sistêmica) de negócios.

Os 3 perfis de consumidores

A pesquisa apresenta 3 perfis de consumidores: os guardiões da empatia, os compressionalistas e os criadores de mercado.

1) Os guardiões da empatia

“Numa época em que há tantos confrontos pelo Twitter e comentários ofensivos pela internet, o ódio se espalha com uma simples deslizada de dedo no smartphone. Contudo, uma crescente onda de empatia começa a se formar. Os guardiões da empatia querem diminuir essas distâncias por meio de ações discretas, do desenvolvimento de novas comunidades e do rompimento da própria bolha(WGSN, 2020).

  • Generosos
  • Empreendedores discretos
  • Éticos
  • Morais
  • Ambientalistas
  • Capazes de perdoar
  • Inclusivos
  • Responsáveis
  • Ouvintes
  • Líderes
  • Solidários

Os guardiões da empatia são pessoas que se pautam pela generosidade, buscam atitudes inclusivas e solidárias, estão saturadas e avessas ao ódio espalhado pela internet.

Três formas de engajá-los:

  1. Humildade intelectual: admitir os erros e ser transparente – “As pessoas tendem a ser mais compreensivas quando uma empresa é transparente ou se desculpa publicamente”.
  2. A empatia como indicador de desempenho: a relação sustentável com a sociedade é uma forma da empresa comunicar que vai bem – “À medida que o marketing de massa perde espaço para o marketing com propósito, as empresas precisam investir em iniciativas de longo prazo e não em doações pontuais”.
  3. As pessoas acima dos lucros: a empresa assume uma responsabilidade ainda que sacrifique parte do seu lucro – “Uma estratégia controversa que está atraindo os ‘guardiões da empatia’ é quando as empresas se posicionam independente do possível impacto que pode causar no seu lucro”.

Como engajá-los enquanto público interno e para ações sociais

Esse perfil já vem pronto. São as pessoas que já estão inconformadas com o cenário social e querem fazer alguma coisa. Isso implica no seu perfil de consumo e reverte o olhar crítico também para a empresa em que trabalham. E com razão: o discurso da RSC se pratica primeiro dentro de casa.

É um público que vai te cobrar coerência entre as ações comerciais e o posicionamento da empresa em que trabalham, logo, convidá-los para construir projetos de voluntariado e maneiras mais sustentáveis do negócio operar tem engajamento garantido.

Propicie que exerçam a solidariedade dentro e fora da empresa. Nesse último caso por meio de um programa de voluntariado, com ações de impacto social para exercer sua empatia na prática.

Essas pessoas estão prontas para serem os porta vozes do engajamento comunitário dentro e fora da empresa. São os maiores aliados.

2) Os compressionalistas

“Em uma sociedade muito dividida, a pressão é o único elemento que une todas as camadas socioeconômicas. Dos millennials estressados às pessoas da geração boomer que não têm tempo para nada, todo mundo está sofrendo. Os compressionalistas estão exaustos e sob pressão. Esse é um grupo que precisa de marcas que os ajudem a melhorar as suas vidas”.

  • Medo do fracasso
  • Sob pressão
  • Exaustos
  • Perfeccionistas
  • Ansiosos
  • Síndrome do super-homem
  • Sempre conectados
  • Distraídos
  • Procrastinadores
  • Tempo escasso

São pessoas que cederam à pressão do sistema, ou por medo ou por serem muito eficientes e “aguentarem o tranco”. Mas estão exaustas, sem tempo, e se sentem as mais pressionadas, demandando que os produtos e serviços oferecidos pelas marcas os ajudem a melhorar as suas vidas.

Três formas de engajá-los:

  1. E-commerce simples e organizado: os compressionalistas precisam de praticidade no seu dia-a-dia. Portanto para eles as experiências de usuário que só convém aos desenvolvedores já eram. Eles preferem nem comprar – “Investir em uma experiência descomplicada é tão importante quanto otimizar as ferramentas de busca”.
  2. Ajuda da IA: eles precisam que a tecnologia facilite sua vida como um todo. A dor de cabeça deve ser toda do prestador de serviço que buscará possibilidades colaborativas e disruptivas de baratear e facilitar a entrega – “Em 2021, a próxima fronteira a ser desbravada será o uso de dados para criar soluções de compra que não causem estresse”.
  3. Aposte na venda direta ao consumidor: mais produtos disponíveis não equivalem a mais vendas, mas à desistência de compras. Escolher dentre tanta coisa é difícil. Os controles de oferta e de estoque se tornarão minimalistas, mas estritamente filtrados e bem definidos para cada perfil de consumidor – “Há simplesmente uma enorme quantidade de produtos sendo oferecida, o que fará com que as pessoas desistam de comprar”.

Como engajá-los enquanto público interno e para ações sociais

Eles simplesmente não têm tempo e estão muito ocupados. Logo, você pode começar com sensibilizações internas para o equilíbrio no trabalho e qualidade de vida e ainda oferecer informações (pílulas) de gestão de tempo e facilitações de processo.

Um grande favor é reduzir burocracias e integrar plataformas de comunicação. Eles simplesmente estão saturados e não aguentam mais a intranet inchada, como uma enciclopédia densa e mofada. As informações precisam vir até eles considerando o seu uso e precisam ser propositivas.

Para o engajamento em sustentabilidade e responsabilidade social, as ações de voluntariado rápidas, digitais e à distância são a saída. Desmembre uma ação em micro-tarefas que possam ser feitas num curto período disponível em suas agendas. Da mesma forma, os tutoriais e passo a passos não podem ser longos: eles passam o olho, compra a causa e colaboram.

Grandes discursos não funcionam aqui: engaje às suas causas por meio de frases chave, fotografias e dados chave.

Se uma oportunidade de intervenção social alivia sua rotina e traz benefício pessoal, isso deve ser comunicado. Marcar um dia específico para ações solidárias e de voluntariado facilita que esse público concentre sua atenção, naquele momento, para o que se propõe.

3) Os criadores de mercado

“Os consumidores do mundo ocidental podem ainda estar emocionalmente fragilizados mas os consumidores da Índia, África e do Sudeste da Ásia vêm sentindo uma onda de otimismo que deverá resultar em mudanças sociais e políticas. Empreendedores e conquistadores, os criadores de mercado são ativos e criam as suas próprias oportunidades”.

  • Autoconfiantes
  • Ativos
  • Entusiasmados
  • Joviais
  • Patriotas
  • Precursores
  • Independentes
  • Inovadores
  • Não conformistas
  • Localistas
  • Empreendedores

São aquelas pessoas pró-ativas e empreendedoras que criam suas oportunidades ainda que o contexto não favoreça. Elas fazem acontecer: atuam em conjunto, são influenciadores e ditam novas regras e tendências.

Três formas de engajá-los:

  1. O D2C se transforma em P2P: a venda direta ao consumidor vai migrando para a lógica da revenda: peer-to-peer (consumidor para consumidor), de maneira que lógicas mais horizontais de comércio e trocas de produtos e serviços são pensadas – “as marcas que vendem direto ao consumidor (D2C) estão trabalhando junto a ele para criar espaços de venda direta”.
  2. Mercados do terceiro espaço: um terceiro espaço de convivência, em que não se separa o virtual do presencial – “Para as gerações mais jovens, não existe fronteira entre o mundo físico e virtual e esses ‘terceiros espaços’ estão prontos para engajá-los”.
  3. A cadeia de suprimento reversa cresce e se simplifica: a revenda e o reaproveitamento se tornam mais fortes. As empresas começam a inserir o que seria descartado para dentro da sua lógica de serviços – “O comércio de revenda continua a ganhar participação de mercado sobre o comércio tradicional”.

Como engajá-los enquanto público interno e para ações sociais

Se não são empreendedores mais autônomos ou parceiros de projetos sociais, eles estarão dentro da sua empresa enquanto intraempreendedores. Ou ainda empreendendo no contra turno do seu período laboral.

Então engajar esse público para causas sociais vai ser mais fácil quando convidarem para compor um hub criativo: um laboratório de revisão dos processos de negócio com uma lógica mais sustentável.

Para fins de engajamento comunitário, eles serão convidados para pensar soluções para a comunidade. Dando um nó na lógica habitual e olhando para as comunidades locais mais com lentes de oportunidades do que de escassez, saberão como usar a tecnologia e as novas formas de intercâmbio para pensarem maneiras de prosperidade e empreendedorismo local. O foco para eles será a emancipação e a autonomia.

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Um abraço e até a próxima.