Saúde & engajamento são variáveis que certamente estão no radar dos gestores agora, até com algum sentimento de urgência.
Então aproveitando que o dia 7 de abril é o Dia Mundial da Saúde, vamos trazer algumas informações nesse post que podem ajudar a sua empresa nessa equação.
E se ainda você é um gestor de ações sociais voluntárias, poderá perceber como extrapolar o assunto para além dos seus muros físicos e virtuais.
O Dia Mundial da Saúde e o seu foco global
Começando do que nos liga mundialmente, não vivemos dias fáceis para a saúde no planeta desde o início da pandemia da Covid-19. No total a Covid-19 já contaminou mais de 51 milhões de pessoas causando pelo menos 1,2 milhão de mortes.
Se a situação do acesso à saúde já era um assunto desafiante como meta do ODS número 3 da Agenda 2030, esse Objetivo do Desenvolvimento Sustentável ganhou prioridade e atenção, fazendo saltar aos olhos nossa fragilidade enquanto seres vivos no delicado ecossistema terrestre, e como é desigual o acesso à saúde nas sociedades ainda que seja um direito fundamental.
O Dia Mundial da Saúde, que foi criado pela Organização Mundial da Saúde e é celebrada todo 7 de abril desde 1950, tem como objetivo sensibilizar e educar para a importância dos cuidados de saúde e de estilos de vida saudáveis.
E o tema de 2021 é:
“Construindo um mundo mais justo e saudável“
e pretende, justamente, alertar para as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde e mobilizar os decisores políticos e a sociedade civil para a resolução deste problema.
Nosso mundo é desigual
“A COVID-19 destacou que algumas pessoas podem ter uma vida mais saudável e ter melhor acesso aos serviços de saúde do que outras devido às desigualdades em sua posição, status e voz na sociedade e às condições em que nascem, crescem, vivem, trabalho e idade”, diz a Organização Pan-Americana da saúde (OPAS).
A Organização ressalta :
“alguns grupos não apenas têm acesso limitado a serviços de saúde de qualidade, mas também lutam para sobreviver diariamente com pouca renda, têm pior acesso a condições de moradia seguras e educação de qualidade, menos oportunidades de emprego que pagam um salário mínimo, desigualdade e pouco ou nenhum acesso a ambientes seguros, água, ar limpos e serviços de saúde, sofrendo com a insegurança alimentar”.
Essas condições agravam as crises locais, e também nos afeta globalmente.
“Esta situação não é apenas injusta, mas pode ser evitada” ressalta a OPAS.
“Por isso, pedimos aos líderes que garantam que a equidade na saúde seja a peça central de nossa recuperação da COVID-19.
Isso resultará em uma região onde todos têm condições de vida e de trabalho propícias a uma boa saúde, os sistemas de informação em saúde se configuram para identificar populações em situação de vulnerabilidade e a sociedade civil e os indivíduos são parceiros na busca de soluções onde as desigualdades ocorrem e onde todos têm acesso a cuidados de saúde e médicos sem sofrer discriminação.
Ao mesmo tempo, pedimos aos líderes que monitorem as iniquidades em saúde e garantam que todas as pessoas tenham acesso a serviços de saúde de qualidade quando e onde precisarem”(OPAS).
A OMS declara ainda 2021 como o Ano Internacional dos Trabalhadores de Saúde e Cuidadores, que têm um papel fundamental em assegurar saúde e bem-estar para a população. E que desde o ano passado têm se superado, e demonstrado dedicação, sacrifício e compromisso extremos não só para fazer este trabalho, mas também para vencer a pandemia da Covid-19.
A saúde mental: um efeito colateral de grande impacto no Brasil
A pandemia traz consigo efeitos colaterais para a saúde e para a economia que vão além do lamentável número de mortes.
Conforme a Biblioteca Virtual em Saúde do Governo, é possível dividir as consequências da pandemia em quatro ondas:
- A primeira se refere à sobrecarga imediata sobre os sistemas de saúde em todos os países que tiveram que se preparar às pressas para o cuidado dos pacientes graves infectados pela Covid-19;
- A segunda está associada à diminuição de recursos na área de saúde para o cuidado de outras condições clínicas agudas, devido a realocação de verba para o enfrentamento da pandemia;
- A terceira tem relação com o impacto da interrupção nos cuidados de saúde de várias doenças crônicas;
- A quarta inclui o aumento de transtornos mentais e do trauma psicológico provocados diretamente pela infecção ou por seus desdobramentos secundários.
Estamos acompanhando isso na prática, certo?
A quarta onda em especial, sobre a saúde mental, tem sido notada também pelos gestores e seus colaboradores na empresas do país.
Segundo a OMS, o Brasil tem a maior prevalência de depressão da América Latina e é o país mais ansioso do mundo.
“Sintomas de ansiedade e depressão afetam 47,3% dos trabalhadores de serviços essenciais durante a pandemia de Covid-19, no Brasil e na Espanha. Mais da metade deles — e 27,4% do total de entrevistados — sofre de ansiedade e depressão ao mesmo tempo. Além disso, 44,3% têm abusado de bebidas alcoólicas; 42,9% sofreram mudanças nos hábitos de sono; e 30,9% foram diagnosticados ou se trataram de doenças mentais no ano anterior” diz uma pesquisa coordenada pela Fiocruz, e feita em parceria com outras instituições.
Inclusive se você nesse momento está passando por um momento de ansiedade:
- Pare. Respire. Reflita.
- Converse com outras pessoas.
- Busque um hábito saudável e manter uma rotina saudável.
- Seja gentil consigo e com os outros.
- Peça ajuda se precisar.
Como material de apoio você pode gostar desse Guia De Saúde Mental Pós-Pandemia que traz orientações e dicas para problemas psíquicos e emocionais.
O impacto da saúde mental na rotina de trabalho
Já esse impacto da covid-19 na saúde mental e nas prioridades das companhias brasileiras, revela, em uma matéria da Você RH, que 37% das empresas relataram aumento em doenças psiquiátricas. E este será um tema com o qual os gestores precisam se preocupar agora e ainda mais no pós-crise.
Nesse post aqui para o nosso blog, o psicoterapeuta e facilitador Flávio Seixas trouxe as seguintes dicas para uma condição de trabalho mais saudável, tendo em vista as ações que o indivíduo pode tomar:
– Restituir o cotidiano:
o momento de isolamento social instaura um tempo angustiante quase que de “congelamento”, e, dentro do possível, o ideal é estabelecer algumas rotinas ainda que sempre dentro casa ou nos ambientes externos com distanciamento.
– Consumo de informações:
fazendo uma curadoria cuidadosa daquilo que se quer consumir ou não, mediante o excesso de informações ao qual estamos sujeitos.
– Trabalho remoto:
“deve-se se tomar o cuidado de não qualificar o trabalho como panaceia para resolver todos os nossos problemas, para lidar com a ansiedade ou com o luto” diz.
O que significa não transmitir toda energia e cobrança para o trabalho, e aqui pesa muito a responsabilidade e cuidado das empresas com a pressão (irresponsável) direta ou indireta exercida sobre os colaboradores.
– Trabalho e exposição ao COVID19:
Para aqueles que precisam trabalhar presencialmente, mais expostos ao risco:
“aconselha-se a tomar todas as precauções necessárias com uso de equipamentos (máscaras, álcool em gel, etc.) em situações de atendimento ao público, manejo de produtos e alimentos, e mesmo nos transportes coletivos”, diz.
– Instabilidade profissional:
“Se reinventar neste período é realmente mais difícil, porém não impossível. Busque encontrar soluções em parceria com as pessoas que fazem parte da sua rede pessoal, familiar, de amigos.
Com a quarentena muitos serviços continuaram, porém em formato de delivery. Algumas vagas na área de tecnologia surgiram recentemente para dar conta do aumento da virtualização do trabalho”.
O mais importante é não perder a cabeça e exercer a capacidade de negociação e diálogo.
No texto, Flávio trouxe que “no caso de instabilidade profissional, no risco de perder o emprego, vale a pena tentar negociar outras possibilidades de trabalho emergenciais até a quarentena passar”.
E quais as ações de saúde por parte das empresas?
Para a GoGood os programas de bem-estar e qualidade de vida no trabalho são iniciativas que beneficiam os colaboradores e também as empresas:
“Uma pesquisa realizada com 4.805 líderes de empresas no Brasil, México, Chile, França, Romênia, Turquia e Índia mostra que as iniciativas de saúde proporcionam ganhos significativos para as empresas. Os dados levantados pela pesquisa foram:
Melhorou o clima no trabalho em 91%
Aumentou a atração de talentos em 76%
Aumentou a produtividade em 86%
Gerou 70% mais rentabilidade para o negócio”
(Fonte: https://www.gogood.com.br/blog/engajar-colaboradores/)
Ora, diante da necessidade da atenção para essas variáveis, sabemos que as pessoas reagem de maneiras diferentes às situações estressantes.
Como cada um responde à pandemia vai depender do seu backgrounde e do contexto em que vive.
Aqueles grupos que podem responder mais intensamente ao estresse de uma crise incluem:
– pessoas idosas ou com doenças crônicas que são os grupos de risco para a Covid-19;
– profissionais de saúde que trabalham no atendimento à pandemia;
– aqueles que têm transtornos mentais, incluindo problemas relacionados ao uso de substâncias químicas.
Manter os colaboradores engajados em meio a tudo isso
Para manter os colaboradores engajados no propósito da empresa mediante cenários tão críticos, é crucial conhecer o nível de pressão a que cada grupo de colaboradores pode ser submetido.
“Não existe uma empresa sem resultados, mas não existem resultados sem pessoas”. (Roberta Bicalho, Senior Advisor da Falconi para a VoceRH).
A equação entre produtividade e sanidade está mais sensível, e isso conta muito com a sensibilidade dos gestores em conciliar coesão, ânimo, momentos de descompressão, e principalmente muito diálogo.
Uma liderança compassiva é demandada, e essa empatia em relação aos grupos com os quais nos relacionamos cotidianamente vai garantir o engajamento de cada um, que vai dar o seu melhor dentro dos seus limites, sem sentir que está perdendo, insuficiente, que está entregando menos que deveria, ou se sentindo ameaçado(a).
Nesse post aqui do nosso blog ressaltamos isso:
com base numa pesquisa publicada na Havard Business Review falamos do valioso e delicado balanço o entre compaixão e pressão, entre poder amor, onde qualquer um dos extremos é prejudicial.
Um gestor que pretende ter o seu time engajado nesse momento precisa compreender os efeitos do convívio prolongado dentro de casa fazendo crescer o risco de desajustes nas dinâmica familiares, as reduções de renda e o desemprego, que pioram ainda mais a tensão sobre as famílias.
E não só isso.
“E, ainda, as mortes de entes queridos em um curto espaço de tempo, juntamente à dificuldade para realizar os rituais de despedida, dificultando a experiência de luto e impedindo a adequada ressignificação das perdas, aumentando o estresse” (Biblioteca Virtual em Saúde).
Portanto, senioridade na gestão nesse momento conta muito.
E faz questionar um pouco o movimento de “juniorização” de certos cargos e responsabilidades, em que as pessoas mais jovens até tem a capacidade técnica para gerir uma equipe e projetos, por exemplo, mas não tem quilômetros de vivência emocional e experiência suficiente de vida para lidar com momentos como esses.
Sendo assim, o time de gestão de pessoas próximo das equipes é essencial.
As equipes de RH podem muito orientar os gestores nesse caso, conduzindo a empresa em um ritmo de cuidado e zelo, que faça as pessoas se sentirem acolhidas.
Além dos espaços de escuta, a partilha de informações corretas e confiáveis, por exemplo, ajudam muito para os colaboradores sentirem a empresa como uma plataforma confiável de suporte, não de ameaça.
“Algumas soluções implantadas demonstram o engajamento e o resultado positivo nas corporações como:
● Envolvimento da Liderança para o sucesso dos programas de saúde;
● O aprendizado do autocuidado;
● Programa continuado de educação em saúde;
● Estratégias de engajamento para os programas de saúde – comunicação;
● Apoio aos colaboradores na saúde emocional e mental, fomentando hábitos mentais saudáveis” (Asap).
Para ajudar ainda mais:
Conheça ainda essas 5 estratégias a serem mantidas pelas empresas, que cuidam e engajam:
1. Programas de promoção à saúde:
Para além da legislação mantendo um ritmo de suporte e dicas de melhore hábitos para saúde física e mental, como convênios com academias, conversas para tirar dúvidas com profissionais, apoio psicológico autônomo e especializado, etc.
2. Benefícios relacionados à maternidade e paternidade:
Prolongados durante o período de pandemia.
3. Horário de trabalho flexível:
Ainda que em teletrabalho, exercendo menos o controle de horários e mais um controle combinado de entregas.
4. Apoio à saúde financeira:
Apoio com educação financeira pois o estresse financeiro leva necessariamente a crises e improdutividade.
5. Incentivo para ações sociais:
Contribuem para o engajamento ao permitir que os colaboradores se vinculem com causas solidárias e exerçam laços e vínculos humanitários.
Ou seja, voluntariado beneficia a saúde e garante engajamento!
O programa de voluntariado é o nosso amigo que concilia perfeitamente as necessidades corporativas de engajamento e saúde.
Estendendo ainda esses mesmos benefícios não apenas internamente aos colaboradores. Mas também, para além dos muros e limites das empresas, em direção às suas comunidades e instituições sociais parceiras.
Não é bom demais? Eu sou suspeito.
Em estudo realizado pela Ação Social para Igualdade das Diferenças (ASID), “os colaboradores que participaram de projetos voluntários apresentaram melhora em diversas áreas”:
- Trabalho em equipe (14,9%)
- Organização (11.6%)
- Proatividade (11,4%)
- Comunicação (10,7%)
- Relacionamento interpessoal (10,1%)
- Planejamento (8,29%)
A ASID ainda nos lembra que “o trabalho voluntário também é um grande aliado na saúde física e mental”. Assim, remontando a uma análise feita pela Universidade de Michigan (EUA) em que as pessoas que atuam como voluntárias podem viver em média 4 anos a mais e com melhor qualidade de vida.
“Assim, tal resultado se deve ao fato de que o voluntário vivencia um poderoso sentimento de satisfação. Por consequência resultando na diminuição do stress e da liberação de endorfinas, neurotransmissor que provoca a sensação de felicidade”
“Conforme a pesquisa realizada pela Pastoral da Criança, 84% das pessoas que realizam trabalho voluntário acreditam que esse promove a saúde física, 95% que também proporcionam benefícios emocionais e 70% afirmam que os serviços voluntários os fazem se sentir mais saudáveis”. (Ação Social para Igualdade das Diferenças (ASID)).
Nossa Senhora!
Com esse tanto de benefícios eu vou agora mesmo fazer trabalho voluntário : )
Esperamos que você lendo isso também concorde com esses efeitos e que possam contar conosco para ajudar a estruturar projetos de voluntários com tantos resultados benéficos.
Você pode pensar ainda em projetos de voluntariado que atuam na área da saúde, ou mesmo que reduzam essa desigualdade no acesso à saúde em nosso país, fazendo um gancho perfeito com o tema estimulado pelo Dia Mundial da Saúde desse ano de 2021.
Que a força esteja com você!
E com todos nós.