Pauta socioambiental: conheça aspectos fundamentais para planejar suas ações

A pauta das mudanças climáticas é uma demanda inadiável que junto com a instabilidade mundial agravada pela pandemia e a crise econômica decorrente, deixam ainda mais claras as relações de interdependência no globo, e a importância em falar sobre ESG.

Falando sobre ESG

Observamos uma ênfase atual sobre a ESG (a sigla em inglês para “environmental, social and governance”  = ambiental, social e governança, em português) pautando investimentos mais responsáveis, como uma condição para o atingimento da Agenda 2030.

O mercado está desperto para o risco dos investimentos de médio e longo prazo quando não consideram as variáveis de sustentabilidade.

No paralelo muitas mobilizações organizadas pela sociedade civil e setores parceiros enfatizam e realçam o momento.

Apenas no mês de março, por exemplo, muita coisa acontece, e vale a pena conhecer tudo isso para saber como a sua empresa pode se engajar também, alinhando com os seus projetos socio-ambientais corporativos.

Veja como está movimentado:

Alguns eventos pela conscientização ambiental

Dia Mundial da Vida Selvagem

– Tivemos no último 03 de março, o Dia Mundial da Vida Selvagem, ressaltando a importância da conservação dos recursos florestais já que anualmente o mundo perde 4,7 milhões de hectares de floresta. “Uma quantidade comparável a mais que o território da Dinamarca”.

Greve Climática Global

– No dia 19 de março aconteceu a Greve Climática Global encabeçada principalmente pelas gerações mais jovens, sob o slogan #ChegaDePromessasVazias, pressionando que as gerações que estão nos governos deem respostas concretas de preservação do planeta em que irão viver.

Dia Mundial da Água

22 de março é marcado o Dia Mundial da Água e vem trazendo questionamentos sobre o valor deste recurso natural para os indivíduos, organizações e sociedade, com números alarmantes, tais quais :

  • Hoje, 1 em cada 3 pessoas vive sem água potável;
  • Em 2050, até 5,7 bilhões de pessoas poderão viver em áreas onde a água é escassa pelo menos um mês por ano;
  • O abastecimento de água e o saneamento podem salvar a vida de mais de 360.000 crianças todos os anos;
  • Se limitarmos o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, poderemos reduzir o estresse hídrico induzido pelo clima em até 50%;
  • O clima extremo causou mais de 90% dos grandes desastres na última década;
  • Em 2040, a demanda global de energia deverá aumentar em mais de 25% e a demanda de água deverá aumentar em mais de 50%.

Se você quiser ler um material sobre o ODS 6 – Água Potável e Saneamento, e como pode ser feito por parte da sua empresa, veja essa matéria aqui do nosso blog, escrita no ano passado.

A Hora do Planeta

– E no próximo dia 27 de março será A Hora do Planeta uma campanha e um ato simbólico global pela conscientização ambiental.

Engajar é preciso

As empresas e indivíduos podem e devem se engajar em todo esses movimentos.

Em primeiro lugar por convicção, pois, uma ética de cuidado global é indicador de inteligência, liderança, sanidade mental, integridade e gestão eficiente. (Afinal, para o contexto atual nada mais ultrapassado que o egoísmo e a atividade comercial predatória).

Depois, gerir os recursos de forma sustentável é uma questão de sobrevivência dos negócios localmente que revela a importância de alguns tópicos como:

  • um relacionamento justo e equilibrado com as comunidades locais;
  • o uso dos recursos finitos sob os 3Rs (reciclar, reutilizar e reduzir);
  • a busca por eficiência energética e de custos como um todo;
  • a necessidade de uma economia regenerativa e circular;
  • o estabelecimento de novas parcerias e relações de mútuo impacto positivo, e tantas outras formas de ser e estar na sociedade e no planeta, que preserve o seu próprio negócio de forma resiliente, não importando os contextos de crise pelos quais passaremos ainda.

A cultura do cancelamento

Também é necessário engajar-se sob o risco de serem canceladas sob a ótica dos consumidores, que cada dia mais não suportam comprar, negociar e se relacionar com empresas que não sejam éticas e responsáveis.

A “cultura do cancelamento” existe e é uma tendência.

De acordo com a Brand Minds* a “Cultura do Cancelamento” ou “Cultura da Exclusão” é uma tendência de comportamento do consumidor para 2021.

“É uma tendência no comportamento do consumidor que se tornou cada vez mais visível após as últimas mudanças numa sociedade que clama por diversidade no mundo dos negócios”.

Os consumidores estão de olho!

Embora alguns casos sejam controversos, os casos de “cancelamento” aumentam o conhecimento sobre as práticas e processos que algumas marcas adotam.

Os consumidores estão de olho e as práticas de responsabilidade social precisam abranger toda a cadeia produtiva, bem como todos os processos. Assim também os relacionamentos com os públicos interno (colaboradores) e externos(sociedade) precisam adotar severos padrões de ética e transparência.

Pessoalmente acredito que você precisa se preparar com boas práticas de transparência e mostrar como sua operação é socialmente e ambientalmente responsável, se antecipando às críticas negativas que possam expor a sua marca. Não por medo de exposição, mas por convicção.

Uma nova experiência de consumo

A internet e quantidade de informações baixou a lupa dos consumidores sobre a cultura organizacional e os modos de produção. Compõe agora a “experiência do cliente” a forma como a sua empresa faz negócios.

Ela tem mais a ver com relacionamentos do que transações.

“Hoje, hóspedes de hotéis e spas de luxo perguntam aos funcionários como eles foram tratados pelo empregador”.

“Você está sendo avaliado na escala humana mais do que nunca. Como resultado, sua proposta de valor é avaliada em COMO você faz seus negócios”.

(Fonte: https://customerthink.com/2021-customer-experience-trends-and-tactics/)

Dar voz para as novas gerações

Nesse sentido, dar voz e dialogar com as novas gerações é mais do que preciso. O público jovem da sua empresa vai ajudar a dar o tom de como ela pode posicionar de agora em diante, inclusive propondo ações concretas de:

  • processos mais sustentáveis e regenerativas.
  • melhores práticas de gestão ambiental.
  • melhores práticas de transparência e relacionamento com as redes sociais.
  • visão da tecnologia sob processos de impacto socioambiental.
  • valores que retém talentos, que estão preocupados com o meio ambiente e querem trabalhar em empresas consoantes com os seus propósitos.
  • produtos e serviços com menos impacto ambiental e mais impacto social positivo.
  • projetos sociais e de voluntariado que sejam alinhados às suas características, gostos e perfil de envolvimento e engajamento.

Dito isso, independentemente da idade da sua empresa e dos seus gestores, a questão inter-geracional vai ser levada em conta.

Se sua empresa tem um perfil mais sênior e conservador, você vai precisar conversar, reter, e vender para os mais jovens. Se a sua empresa é mais jovem, você vai precisar em algum momento aprender com os mais experientes ou mesmo se relacionar com os mesmos em algum grupo de stakeholder.

Por isso, espaços de discussões saudáveis sobre práticas de gestão de responsabilidade social precisam ser estimulados, como condição para dar materialidade ao que, provavelmente, mais tarde, será mensurado como indicador de ESG.

Percebe as conexões?

O empoderamento dos gestores socioambientais

O “circuito está fechado”, as melhores práticas socioambientais vão chegar sim ou sim dentro da sua empresa e está no momento dos gestores dessas áreas se apropriarem, crescerem sobre suas cadeiras e ocuparem os seus lugares.

Já falamos aqui, por exemplo, que o gestor de voluntariado é um divergente positivo, e tudo que foi acumulado até agora como experiência deve ser usado em favor do ecossistema empresarial, social e ambiental que habita.

O chamado está aí. O momento é já.

Agora se estruture, chame, convença suas lideranças e ajam em conjunto!