Como engajar colaboradores em ações sociais?

Quero falar de uma necessidade dos programas de voluntariado nessa etapa do ano que é engajar os colaboradores nas ações institucionalmente propostas. Já que sem adesão, todo planejamento será em vão.

Em termos de trabalho em andamento, ainda estamos em fevereiro mas já tenho acompanhado muita atividade por parte das áreas sociais das empresas, e isso é bastante significativo: apesar do ano começar cheio de incertezas, os programas de voluntariado empresarial estão cheios de gás, bons planejamentos e ações.

Então como está o seu programa?
Você também começou 2021 a todo o vapor?

Quer saber como conquistar os seus principais aliados no programa de voluntariado, que são os colaboradores voluntários? Acompanhe aqui um raciocínio.

Voluntariado é relacionamento

Os colaboradores estão trabalhando de forma híbrida: em parte presencialmente e uma outra parte apenas online. Você precisa compreender que a vida desse pessoal não está fácil.

Está sendo desafiador manter o equilíbrio entre metas de trabalho, estudos, segurança perante a pandemia, saúde física, mental e relacionamento familiar.

Então, às vezes, uma chamada para o engajamento social pode parecer exigir demais de um ser humano que vive esse período de pressão. Por isso tome cuidado com o tom e com a empatia.

E mostre os benefícios mútuos do voluntariado

O segredo está em justamente mostrar o quanto um programa de voluntariado está do lado dos colaboradores, e as ações de voluntariado são soluções e não uma tarefa extra.

Se o seu pessoal sentir que você está a fim de capturar o tempo suado deles só para cumprir as metas da sua área de responsabilidade social, eles vão cair fora.

Até eu cairia…

Se relacione antes de tentar engajar

Antes de chamar o pessoal para o engajamento social, reflita: como está o relacionamento da sua área com as pessoas da sua empresa?

Como tem sido o diálogo, a atenção, o cuidado para com eles? O que vocês tem construído juntos? Quais ações de responsabilidade social interna a sua área desenvolve?

Ou você acha que depois de meses pandêmicos, depois de “anos-luz-Covid”, você vai aparecer e dizer: “-oi sumido(a)” e todo mundo vai te dizer sim?

Por isso uma super dica é sua área ser aquele parceirão do dia a dia, sabe?

Aquela área que está ali para tudo, para criar laços, para estimular o bem estar, o equilíbrio e a qualidade de vida. A área que desenvolve um programa de voluntariado precisa ser reconhecida também como aquela área que cuida dos colaboradores da empresa.

O voluntário é seu primeiro cliente

Quando estou gerindo um programa de voluntariado muitas vezes a minha linha telefônica vira uma linha de amizade. As pessoas ligam para dar oi, para contar das suas vidas, das suas relações na empresa em busca de inspiração, de um olhar solidário, de um olhar que estimule os bons relacionamentos dentro e fora da empresa.

Está entendendo o que quero dizer? Não capture as pessoas da firma para um projeto. Isso não engaja ninguém. Se relacione com elas, da forma o mais pessoal e verdadeira possível.

Se a sua empresa tem um número muito grande de colaboradores, eleja um time de dinamizadores com quem será o seu contato mais próximo. Também crie com todos eles um CRM de acolhimento. O V2V pode te ajudar nisso, mas certeza, que a sua empresa também tem competências para se relacionar muito bem.

Voluntariado é solução

1) Para a sua falta de tempo

Se o problema é falta de tempo para si e para a família, o voluntariado é resposta para integrar pais, filhos, demais familiares e amigos, e estarem todos juntos, em ações de aprendizado social, de exercício de valores e da ética.

As vezes o tempo que se está junto em uma ação social é muito mais integrador e gratificante do que estando todos dentro de casa, cada um teclando no seu telefone, sem relacionamento, sem aprendizados.

O tempo passado em conjunto numa ação de voluntariado não é estéril. E você enquanto gestor de um programa de voluntariado precisa prever a integração da rede pessoal dos seus colaboradores nas ações que estimula.  

Voluntariado digital economiza tempo e recursos

Outro ponto em relação ao tempo, é que as ações digitais tem possibilitado o exercício do voluntariado em pequenas tarefas, mais curtas, as vezes num tempo mais propício para o colaborador. Essas pequenas tarefas, chamadas de microvoluntariado, quando somadas entregam resultados significativos.

Sem contar que a partilha de competências online não despende tempo no trânsito e pode ser feita de onde a pessoa estiver.

Assim, em vez de ficar olhando para o teto pensando na morte da bezerra, ou no Twitter lendo reclamações pessimistas, antes e depois de uma reunião do zoom, você pode fazer do seu tempo uma luz para alguém que precisa.

2) Para o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal

Envolva os gestores nessa conversa

Agora, se o problema relatado pelos seus colaboradores é o excesso de estresse e carga de trabalho por parte da empresa, você precisa envolver nessa conversa os gestores deles. Com a chancela dos gestores imediatos os colaboradores sentem-se mais livres, reconhecidos e apoiados a fazer o trabalho voluntário.

Mas os seus gestores intermediários estão preparados para essa barra que é ser um líder inspirador?

Talvez você precise dar um passo antes, e educar os seus líderes para uma gestão inspiradora, que leve em conta o quão integrais são as pessoas da sua equipe: seres humanos complexos e ricos que se sentem inspirados por propósitos, pelo exemplo, impactadas por questões pessoais, que tem emoções, e que estão ali para servir com e não servir para.

O voluntariado aumenta o orgulho de pertencer

E você precisa mostrar isso aos gestores. Esse ebook dá alguns caminhos de como você pode fazer isso.

Alguns gestores imediatos tem a ilusão, a visão incorreta, de que o engajamento social traz perda de tempo e de produtividade.

Eles não sabem o quanto um time unido por propósitos produz muito mais! Tem mais orgulho de pertencer à empresa, de se manter nela, de fazer junto, e trabalhar muito para que tudo e todos prosperem. Voluntariado é combustível. Os melhores voluntários também entregam os melhores resultados.

Sabe aquela pessoa do seu time que quando você diz: “Vamos?” ela responde: “vamos!”?

Esse é o voluntário.

Satisfação garantida!

Por outro lado, quando se está numa ação social a satisfação é imensa. Quase todos os voluntários ao fim de sua experiência relatam o tanto que ganharam ao participar. Seja porque aprenderam novas competências, conheceram gente nova, tiveram suas vidas e dificuldades ressignificadas ou aprenderam novos olhares sobre a realidade.

Por isso, você está sabendo mostrar esses benefícios para os seus colaboradores?

Se não estiver, provavelmente não saberá mantê-los no programa de voluntariado.

Voluntariado tem foco em causas

E as causas trazem benefícios específicos.

Quando você liga a sua causa com uma possibilidade concreta de transformação social que alguém pode gerar, a coisa fica mais tangível. Se você consegue fazer essa ponte, estará conectando os seus colaboradores com a real possibilidade de melhorar a vida de alguém.

As pessoas reais por trás do voluntariado

Quem não quer isso? Todo mundo. Mas o seu chamado está claro? Está chegando aos seus colaboradores, com uma linguagem que eles entendam? Porque se você diz: “precisa-se de uma pessoa para pintar uma parede de graça” as pessoas vão meio que fugir da tarefa.

Agora, se você dá a informação completa:

“precisa-se de uma pessoa para pintar a parede da casa da Dona Joana. Ela tem 80 anos, é viúva, está com as paredes mofadas, além de triste, sua casa está fazendo mal para a sua saúde. Dona Joana vive ao lado da nossa empresa, vamos fazê-la mais feliz? Que ideias vocês tem para alegrar a vida da nossa importante vizinha?”

Esse exemplo definitivamente não é bom para um período de pandemia, a não ser que você e Dona Joana usem máscaras e distanciamento, mas deixa claro o quanto é importante mostrar a necessidade de forma mais pessoal.

Empatia gera engajamento

Por trás de todas as ações de voluntariado existem pessoas reais, que realmente estão em situação de vulnerabilidade. E se eu sei quem precisa de ajuda e sei como ajudar, vou lá na hora, sem pensar. Estou engajado. Mas se o discurso for frio ou se ele nem chegar em mim, a coisa fica mais complicada, com alguma chance vou despriorizar o seu chamado.

E esse chamado precisa ainda dizer porque a sua causa é importante

Ora, por que o seu programa foca em educação? Em saúde? Em meio ambiente? Qual problema ele pretende resolver?

Como que eu, simples mortal, posso fazer algo que mensurado, vai com certeza contribuir para determinada causa?

São respostas que o seu chamado ao voluntariado precisa dar.

Comunique de forma pessoal

Vamos ser sinceros, ninguém lê intranet. E quando lê é para buscar uma informação muito específica, em geral ligada à sua rotina de trabalho, marcar férias, buscar uma norma ou o comprovativo de rendimentos.

Deixar uma materiazinha sobre voluntariado ali perdida: você lutou com a comunicação interna pra conseguir aquele espacinho, mas me desculpe, ainda assim não conseguiu é nada.

O engajamento social acontece no contato mais pessoal possível, ou em canais específicos para o voluntariado como um portal de voluntariado, grupos em redes sociais e encontros virtuais / presenciais.

Não compita por espaço em canais estéreis

Aproveite os canais alternativos para chegar até as pessoas, deixe a comunicação quente, ativa, e use a intranet apenas para ser repositório de informação fria, como por exemplo armazenar pdfs.

Campanhas internas de voluntariado são criativas, usam vídeos de voluntários falando para outros voluntários, mostram os resultados das últimas ações, provam a importância daquela pessoa para determinada causa, seduz.

Assim sendo é hora de seduzir e reter seus voluntários. Como eu disse, se não sabe por onde começar no seu caso, converse com a gente, conte seus dilemas, peculiaridades, desafios, recursos, e limitações, e vamos juntos identificar oportunidades!

Um abraço e sem desânimo. Anda! 😉