Por Roberta Rossi*
É uma consequência do trabalho voluntário vivenciar a diversidade. Quem atua voluntariamente se depara com o diverso o tempo todo. E essa é uma excelente oportunidade para as empresas qualificarem e potencializarem os seus programas reforçando esses valores. Nesse post, exploro como nesse assunto da diversidade é importante aprender, compartilhar e fazer.
Em visita ao Brasil, o coordenador-executivo do Programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV), Olivier Adam, defendeu que o voluntariado seja uma prática mais inclusiva.
“É necessário que ele desafie as barreiras da desigualdade social, em vez de alargá-las”.
Lidar com as diferenças não é fácil. É preciso entender como o voluntariado empresarial pode atuar a favor da diversidade e incluir os diversos públicos de diferentes formas, agindo com consciência, conhecimento, respeito e empatia.
Nos programas corporativos, para quem são voltadas as ações dos voluntários incentivados pelas empresas? Conhecemos de verdade os públicos que nos relacionamos? Construímos e mantemos diálogo? Na sua maioria, são grupos em situação de vulnerabilidade, exclusão e violência, ou seja: mulheres, negros, LGBT+, PCD, indígenas, refugiados, entre outros.
E alguns dados de fontes diversas sobre esses públicos são alarmantes:
- Uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil (Fórum Brasileiro de Segurança Pública).
- Mulheres ocupam apenas 8% dos cargos de liderança (Estudo Panorama Mulher 2017 realizado pelo Insper e Talenses).
- Em média, os brasileiros brancos ganhavam, em 2015, o dobro do que os negros (Relatório da desigualdade brasileira da OXFAM Brasil).
- Atualmente, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras (Fórum Brasileiro de Segurança Pública).
- A cada 19 horas um LGBT é assassinado ou se suicida vítima da “LGBTfobia” (Grupo Gay da Bahia – GGB)
- Apenas 1% dos brasileiros com deficiência estão no mercado de trabalho (Relação Anual de Informações Sociais RAIS).
- Chegada de refugiados faz xenofobia crescer mais de 600% no Brasil (Secretaria Especial de Direitos Humanos).
Os números mostram que essa discussão sobre diversidade se faz necessária. Afinal de contas, são tantas as dimensões da vida que estão em jogo e tantos padrões de participação na sociedade, que olhar para o outro e se colocar no lugar dele deveria ser premissa de qualquer relação.
Como um programa de voluntariado pode atuar neste sentido?
De forma mais ampla e estratégica, pode sensibilizar os voluntários sobre a importância dos valores humanos, respeito, tolerância e também capacitar sobre direitos humanos e as agendas globais e locais. Informar ainda é o caminho para a quebra de preconceitos!
Mas o programa também pode ser mais específico e atuar com esses grupos em situação de vulnerabilidade. Neste caso, a empresa deve estar preparada para vivenciar, aprender, errar e reaprender. A convivência, embora seja a arte da vida, não é simples.
O mais importante é que a empresa tenha uma preocupação legítima e busque compreender a história desses públicos e como estão inseridos (ou excluídos) na sociedade. A ideia aqui é a empresa se capacitar mesmo, estudar e aprender junto, e se envolver com as organizações e movimentos sociais que atuam no tema e lutam no seu dia a dia para conquistarem os direitos dessas minorias.
Veja abaixo alguns casos:
- Grupo Segurador BB Mapfre, Atento e Facebook têm projetos com o público LGBT+.
- Instituto Avon e Instituto C&A desenvolvem também ações com foco em mulheres.
- A Fundação Telefônica já promoveu voluntariado em comunidade quilombola.
- EY tem programa que atua com pessoas com deficiência.
Esses são apenas alguns exemplos! Com certeza existem muitos outros por aí e também motivação de empresas de contribuírem nesta esfera. Precisamos ir além, nos aprofundar nestes temas, gerar ações e fazer com que o voluntariado seja realmente uma ferramenta para combatermos o preconceito e as desigualdades sociais.
Dialogar é o caminho!
Dialogue com a gente 🙂 Comente sua prática, ou sua dúvida nos comentários abaixo dessa matéria.
Para saber mais:
Veja outros artigos que já escrevemos sobre o tema:
- Como promover o respeito à diversidade em sua organização
- Como abordar o tema indo além em seu Programa de Voluntariado.
*Roberta Rossi é sócia da Conexão Trabalho, consultoria especializada em investimento social e voluntariado empresarial e consultora parceira do V2V.
Um comentário sobre “Como o voluntariado empresarial pode aprender e contribuir com a diversidade”
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