ESG (Environmental, Social and Governance) é um tema fundamental para os gestores de impacto socioambiental e governança, e o domínio do conceito se faz essencial.
E nesse contexto, cada vez mais os Programas de Voluntariado se transformam em ferramentas poderosas para a construção dessa estratégia.
Este post apresenta os melhores insights decorrentes do evento online realizado e gravado pelo V2V no último dia 15/06/2021. Você terá a oportunidade de saber o que os representantes de grandes empresas como Embraer, Nestlé e PwC partilharam sobre a importância de aplicar ESG nas empresas e como potencializar estratégias desse tema através do Voluntariado Empresarial.
Quem esteve presente
Além da ilustre presença da nossa mediadora Samantha Jones, diretora de inovação do V2V, que contou um pouco da sua experiência decorrente das parcerias com inúmeras empresas em seus programas de voluntariado, tivemos a honra de receber:
– Juliana Oliveira, gestora na área de Criação de Valor Compartilhado da Nestlé.
– Bárbara Velo, coordenadora na área de Criação de Valor Compartilhado da Nestlé.
– Eduardo Rodrigues, responsável pelo Asas do Bem, o Programa de Voluntariado do Instituto Embraer.
– Vivian Bittar, analista de Sustentabilidade na Embraer;
– Renato Souza, gerente Sênior de Impacto Social da PwC.
E com um time desses, aliado a todos os outros participantes, obtivemos um resultado bastante inspirador, tanto para as grandes empresas quanto para as pequenas e médias que vivem, ou estão iniciando, suas jornadas da implementação de uma gestão sustentável.
Um evento solidário
Assim como acreditamos em um modelo de gestão de ESG, não só o produto final das empresas deve ser pensado em termos de impacto socioambiental, mas também suas relações e seus processos.
Assim, como exemplo, o evento também pretende gerar um impacto positivo para além das informações tão qualificadas partilhadas pelos participantes.
Junto ao movimento Limpa Brasil estamos apoiando por meio da doação de cestas básicas, 40 famílias de catadores de lixo reciclável, as quais você também pode ajudar até o dia 30 de julho por meio desse link da Sociomotiva.
Você sabe o que é ESG ?
Tivemos mais de 500 pessoas inscritas no evento. E por meio de uma enquete inicial 75% dos presentes disseram saber o que significa ESG, o que é um bom sinal! : ) Mas isso também representa a oportunidade de educar, empoderar e sensibilizar os 25% restantes, que podem contribuir muito por meio das ações em suas empresas.
Nesse sentido, Renato Souza, gerente sênior de Impacto Social da PwC, trouxe importantes esclarecimentos iniciais sobre o assunto, a começar pelo significado:
- Environmental
- Social and
- Governance
Em português significam, respectivamente, “Meio Ambiente, Social e Governança”, e vêm pautando investimentos mais responsáveis, como uma condição para o atingimento da Agenda 2030.
Um conceito nem tão novo, mas agora emergente
Renato Souza reforçou como é importante compreender o histórico e o desenvolvimento do tema da sustentabilidade nas empresas, que não é nada novo, mas que vem evoluindo paulatinamente na medida em que o macroambiente demanda ummaior envolvimento do setor privado no assunto.
O conceito de ESG, que representa um amadurecimento da pauta da sustentabilidade corporativa, existe desde 2004, citado em uma publicação do Pacto Global com a participação do Banco Mundial intitulada “Quem Cuida Ganha” – ou “Who Cares Wins” (título original). O texto provoca o racional de múltiplos benefícios da gestão empresarial sustentável: as empresas que investem em uma operação levando em consideração o famoso ganha-ganha, como a fórmula diz, propiciam que todos ganhem em médio prazo, e por isso, são mais perenes.
Assim, os critérios ESG, que agora estão super-estimulados graças às novas exigências do mercado financeiro, são considerados pelas organizações para estruturar suas práticas e, seus reportes, apresentando uma performance que vai muito além do capital exclusivamente, propiciando uma visão amplificada de riscos e impactos.
Há que se aproveitar o estímulo para repensar os negócios, crescer e operar com um propósito menos egoísta. Quanto mais se faz por convicção, mais a jornada se torna prolífica; do contrário, será uma obrigatoriedade protocolar junto às análises de risco de crédito, reportando os diferentes critérios que as diferentes agências avaliadoras analisam, aos quais as organizações precisam se adequar.
ESG funciona só para grandes empresas?
De acordo com Renato, esse assunto tem sido mais debatido sim nas grandes organizações, principalmente por sua relação com o mercado financeiro. Assim, acaba sendo uma discussão mais próxima das empresas que abriram seus capitais. Segundo ele, no último relatório da B3 83% das empresas da carteira ISE demonstraram possuir estratégias ESG.
Fazer essas estratégias de ESG ou de sustentabilidade em pequenas e médias empresas é um grande desafio, quando o processo exige, por exemplo, mudanças estruturais para além das mais simples, o que às vezes pode demandar um investimento não disponível. No entanto, está longe de ser impossível.
Para as pequenas e médias empresas, há a oportunidade para aprender com o que Renato chamou de a “jornada ESG”. E nós adoramos essa expressão! Ele ressalta que as empresas desse porte, que vivem esse processo, podem deixar de ser pequenas e médias, e crescer, graças ao novo posicionamento que as práticas de ESG podem gerar.
E, nessa jornada, o importante é deixar no radar as três letras. Mantendo-as sempre no campo de visão, o que permite um crescimento integrado.
Samantha Jones mostrou a oportunidade de as pequenas e médias empresas articularem-se localmente para viver essa “jornada” por meio de parcerias. Um erro, nesse caso, pode ser querer fazer tudo sozinho e não conseguir.
Por fim, pequenos ou grandes, todos somos afetados pelo ESG. Eduardo Rodrigues, responsável pelo Asas do Bem, o Programa de Voluntariado do Instituto Embraer, aponta como o sistema ESG é um meio de tangibilizar sustentabilidade por meio dos riscos de não a praticar. E, esses riscos são trazidos para o planeta: mudanças climáticas são uma realidade, e a partir disso, temos impactos políticos, nas formas de produção, de consumo e em nosso ambiente físico. Todos serão afetados. “Se você existe no planeta, será impactado por ESG”, diz.
Como uma empresa fica sabendo por onde começar ?
Renato Souza traz esse questionamento, contextualizando que as grandes empresas compõem apenas 1% do grupo e os 99% restantes são formadas pelas pequenas e médias que, num cenário de crise econômica, precisam começar a fazer alguma coisa. E, diante disso, apresenta dicas para o pontapé inicial em ESG.
Afinal, o que essas empresas podem fazer para começar?
- Se espelhar nas grandes empresas e buscar nelas exemplos que se apliquem a sua realidade.
- Compreender a cultura da sua empresa e o apetite por agir: até onde se quer e se pode ir?
- Não atacar tudo de uma vez: começar pequeno dentro dos próprios limites e daquilo que se tem de mais próximo.
- Realizar um mapeamento simples: dentro de cada letra E , S, e G fazer um inventário das boas práticas que já existem e conhecer o seu real desafio.
- Fazer um plano de ação real e factível, sem querer abraçar tudo de uma vez.
Dentro dessas dicas, Samantha Jones reforça uma outra prática: buscar parcerias locais! E Vivian Bittar, sobre o item 5, ressalta a importância de agir sobre o que é material, ou seja, atacar sobre as áreas onde a empresa tem mais impacto.
Como medir ESG?
Renato Souza da PwC responde a essa questão, reforçando que a medição dos impactos de ESG é muito peculiar de cada organização: não existe uma receita de bolo, e é importante ter isso em conta, para não copiar fórmulas que não se aplicam a sua realidade.
É preciso separar os olhares:
– uma coisa é a forma como o mercado de capital procura avaliar a ESG das empresas. Normalmente, os Fundos de Investimento têm suas próprias metodologias, e elas diferem de Fundos para Fundos, não sendo padronizadas. Você pode olhar para esses critérios e estabelecer matrizes de avaliação.
– um outro olhar segue para ferramentas já disponíveis e que podem balizar os indicadores de ESG, como o GRI, os ODS, e também para formas de avaliação de cada uma das letras. Como exemplos: para o “G” de Governança é possível olhar para as práticas de comportamento ético, de engajamento das partes interessadas, para o comprometimento dos conselheiros. Para o “E” é possível gerar indicadores para as questões climáticas, como a emissão e a compensação de CO2, e para a gestão de resíduos. No “S” é possível medir aquilo que envolve pessoas interna e externamente, como qualidade de vida, inclusão e diversidade, Investimento Social Privado e Direitos Humanos.
É um menu bem amplo e complexo que cada empresa deve considerar em sua jornada.
Nesse sentido, Juliana Oliveira, gestora na área de Criação de Valor Compartilhado da Nestlé, exemplifica como os KPIs que se vai medir dependem também da área em que a gestão de ESG está alocada. Se está na área de Marketing, como no seu caso, agregam-se também indicadores de engajamento de marca e de comunicação.
Vivian Bittar, responsável pela área de Criação de Valor Compartilhado da Embraer, contribui lembrando ainda que tangibilizar retorno nessas áreas é muito complexo, pois algumas ações são de muito longo prazo. Mas se a cobrança está vindo de clientes e investidores, então não há muito como correr.
Aprendizados práticos das empresas presentes
Contribuindo com as boas práticas da Nestlé, Bárbara Velo, coordenadora na área de Criação de Valor Compartilhado, conta como a empresa centenária tem o ESG enraizado no seu propósito. O compromisso sempre existiu, e a aceleração para práticas cada vez mais eficientes está continuamente em pauta.
Bárbara explica que a partir dos compromissos globais da empresa no Brasil aterrizam as iniciativas locais, com estratégias que buscam alavancar as boas práticas em seus processos em escala.
E ela nos dá uma dica muito valiosa: criação de valor compartilhado é de todo mundo e de todas as áreas. E para começar a gerar valor, deve-se começar de casa, com e para os colaboradores.
No envolvimento dos demais stakeholders, se hoje as boas práticas socioambientais ainda são um diferencial competitivo, não deveriam ser. Deveriam, sim, representar um compromisso de base.
Vivian Bittar, responsável pela área de Criação de Valor Compartilhado da Embraer, também conta como o tema da sustentabilidade já é tratado na empresa desde a sua concepção, fruto do investimento em educação no país, e ainda como a ESG faz parte dos valores da corporação.
A questão social para a Embraer sempre foi importante. Nasceu da educação e retribui para a educação, e isso é muito forte.
Eduardo Rodrigues, da Embraer, cita uma fala da Bárbara, da Nestlé, sobre um aspecto em comum das duas organizações: as três letras do ESG ajudam a criar uma cronologia da empresa, quando esses critérios estão em seus valores e propósitos. É possível olhar para trás e avaliar como elas nasceram e prosperam juntas, e isso graças aos seus compromissos em governança, sustentabilidade e relações com a sociedade.
Juliana, da Nestlé, nesse excelente diálogo frisa como é produtivo observar nessas linhas históricas da empresa o amadurecimento dos conceitos também: para um social menos assistencialista, para um ambiental mais eficiente e para uma governança que suporte todos esses avanços. Ela reforça a importância de observar os avanços para cada sigla.
Samantha faz uma leitura transversal da fala dos convidados em relação à gestão sistêmica de ESG, de acordo com os exemplos que os participantes e o mercado nos dão. As práticas de sustentabilidade já existem há muito tempo, a novidade agora é concatenar todos esses aspectos numa visão unificada. ESG estimula uma gestão estratégica sistêmica.
E como o voluntariado entra na história ?
O voluntariado se alinha na medida em que é uma ferramenta de práticas ESG interna e externa. Sua capacidade de envolvimento de pessoas gera engajamento e ação sobre os planos de desenvolvimento socioeconômico e ambiental da empresa.
Sobre essa relação entre ESG e voluntariado, aprofundamos um pouco mais neste post do blog: “ESG: esclarecimentos, dicas, reflexões e a relação com a RSC e o voluntariado”, que pode enriquecer um pouco mais a sua reflexão.
No caso da Embraer, Eduardo Rodrigues cita como o voluntariado se alinha a outras estratégias ESG com a temática da diversidade. E exemplifica como, ainda com a pandemia, as ações de voluntariado permaneceram resilientes por meio do crescimento das mentorias on-line, com grande impacto e mantendo o propósito educador da empresa.
Para Juliana Oliveira, da Nestlé, as ações de voluntariado, alinhadas a uma estratégia ESG, devem se flexibilizar às práticas que a empresa possui, por exemplo, em termos de negócio.
“E aprendemos que estava muito engessado e o engajamento um tanto limitado. E diante disso tínhamos dois caminhos: mantermo-nos em um braço do propósito com foco em impactos sociais específicos ou buscarmos um engajamento maior dos colaboradores”, diz Juliana.
Hoje em dia, encontrar um equilíbrio, um alinhamento com as marcas, engajar consumidores, aprender a lidar com o voluntariado remoto e engajar as lideranças compõem alguns dos desafios do seu programa de voluntariado.
Samantha Jones reflete o quanto a questão da pandemia afetou os programas, mas não os impossibilitou, longe disso, fez com que os programas de voluntariado se reinventassem para continuar a gerar impacto com segurança. E aliados às práticas de negócio, todos tiveram que se reinventar com um olhar para o risco e para o cuidado: isso é ESG na prática.
Se quiser refletir melhor sobre as estratégias ESG da sua empresa e sobre como seu programa de voluntariado pode estar alinhado e gerar respostas de impacto, procure nossa equipe. Será um prazer dialogar sobre tudo isso, considerando os desafios e as oportunidades que você e sua empresa têm em mãos! : )