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Troca de talentos nas empresas: como e por que estimular a prática

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Quando criança somos incentivados a brincar e nos desenvolver, enquanto as pessoas a nossa volta começam a notar nossos gostos e habilidades. Com o passar dos anos, este processo se aprofunda e então, somos nós quem refletimos sobre os nossos talentos e sobre como colocá-los à serviço da sociedade através da escolha de uma profissão. Essa história, tão linear e aparentemente bem costurada, deixa escapar algo: somos seres com interesses mais variados do que o nosso cotidiano adulto é capaz de abarcar. E é a nossa vontade de aprender que segue, ao longo de nossa vida, nos reconectando com este lugar em que nossas habilidades e identidades se renovam.

Como funciona a troca de talentos

Partindo desta premissa, a troca de talentos no ambiente profissional pode ser uma proposta relevante e valiosa para a empresa e seus funcionários. Ela consiste em construir redes informais de compartilhamento de interesses e troca de conhecimento. Qualquer colaborador pode se oferecer para dividir algo que sabe com os colegas e qualquer funcionário pode se inscrever em uma das propostas ofertadas. Elas podem variar amplamente, da culinária à programação, da dança ao domínio de técnicas de apresentação, e assim por diante.

Grandes empresas, como o Google, vem praticando com sucesso modelos de formação distribuída. Além de prever que os colaboradores dediquem parte do seu tempo a projetos de livre escolha, a empresa já levou mais de 2 mil dos seus 37 mil membros a oferecer um curso através do Programa Googler-to-Googler (G2G)¹. E a tendência não está restrita ao mundo corporativo. Prova disso é o surgimento das redes sociais de troca de conhecimento como o Bliive, site no qual um usuário compartilha um conhecimento e acumula créditos para usar em outros cursos oferecidos no site.

Por que você deve estimular a troca de talentos na sua empresa

Essas propostas estão sintonizadas com uma busca por aperfeiçoamento constante mas também por novos modos de ensinar e aprender. No lugar de cursos de longo duração e formações mais generalistas, elas parecem responder à demanda do mercado de trabalho por agilidade através do foco em interesses pontuais e na troca de experiências.

Além disso, essas redes dissolvem limites entre interesses pessoais e profissinais, e nos permitem explorar novos gostos e novas possibilidades de ser. Os funcionários fortalecem os laços com os colegas de trabalho e descobrem novos espaços para vivenciar e compartilhar seus próprios interesses, ou desenvolver novos, não necessariamente ligados à formação profissional. Assim, ao apoiar a prática, a empresa gera redes informais de lazer e qualificação – em direções pretendidas por seus funcionários e que muitas vezes podem ser de interesse para o negócio.

Um caso brasileiro: a troca de talentos no Grupo Enel

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O Grupo Enel oferece aos funcionários a Troca de Talentos através da Rede do Bem, um portal corporativo de práticas sociais.

O Grupo Enel oferece aos funcionários a Troca de Talentos através da Rede do Bem, um portal corporativo de práticas sociais. O projeto, desenvolvido pelo Programa de Voluntariado Enel Brasil, está no ar há cerca de 2 meses e já oferece quase trinta oportunidades de troca. Os temas incluem aulas de basquete, jazz e sapateado, culinária, trabalhos manuais, xadrez, power point, técnicas de apresentação (storytelling) e assim por diante. Qualquer funcionário pode se cadastrar e oferecer um curso através site. Os interessados se inscrevem na página e combinam com o facilitador horário e local, se organizando com liberdade e autonomia. E a plataforma é a mesma utilizada para a divulgação e gestão das ações voluntárias da empresa, concentrando no mesmo site oportunidades de voluntariado e de troca de conhecimento.

O depoimento de quem troca talentos

Alexandre Santos, funcionário da Enel, oferece o curso #VemPraLuta Aulas de Muay Thai & Kickboxing. Ele começou a praticar lutas no exército em 2011 e se apaixonou pelo esporte. Alexandre conta que começou a treinar um amigo em um espaço da cidade de Niterói (RJ) e que com o tempo, outras pessoas se interessaram e começaram a participar. Agora, participantes da Rede do Bem vão se juntar ao grupo. “Acredito que quando se divide um conhecimento, o mundo passa a ser mais sábio”, comenta Alexandre.

Esta vontade de colaborar com as pessoas também foi o que motivou Reynaldo Souza, colaborador da mesma empresa, a oferecer um curso de Excel Avançado (VBA) através da plataforma. “Gosto de compartilhar conhecimento”, afirma. Os participantes também aprovam a ideia. Fabiane Guimarães, que já se inscreveu em dois cursos, comenta que além de aprender as atividades e da troca de experiências e conhecimento, acha a proposta interessante porque pode ajudar a criar laços entre colegas de trabalho.

 

Como estimular a Troca de Talentos na empresa

Se sua empresa possui um Portal Corporativo V2V, converse com seu gerente de contas sobre a ativação deste módulo. Caso não tenha, você pode usar os recursos que sua empresa oferece, como um espaço na intranet ou mesmo um mural físico usado para recados.

Parcerias com a área de RH e de Comunicação podem fazer o projeto ganhar corpo. O RH poderá associar o projeto a indicadores como desenvolvimento de competências e retenção de funcionários, e a área de Comunicação pode dar visibilidade ao projeto com uma divulgação estimulante.

Se você conhece uma experiência interessante na sua empresa, conte para a gente aqui nos comentários!

 

¹Fonte: Koulopoulos, Tom; Keldsen, Dan. The Gen Z Effect: The Six Forces Shaping the Future of Business. Brookline: Bibliomotion, 2014.