Quais são as prioridades de gestão de pessoas nas empresas em 2022? E como os programas de voluntariado podem estar a serviço das mesmas?
Para responder a essas perguntas utilizamos os resultados da 4ª edição da pesquisa de Tendências de Gestão de Pessoas realizada pela Great Place to Work.
Os resultados da pesquisa foram coletados entre 15 de dezembro de 2021 e 7 de janeiro de 2022, que contou com 2654 respondentes, sendo 65,8% da área de Recursos Humanos e 1.808 pessoas de cargos de liderança (68,12%).
De quais desafios partimos
Na pesquisa, adotar novas políticas de trabalho diante do contexto da pandemia (59%) seguido pela comunicação interna (49,2%) e pelo desenvolvimento de lideranças (39,8%) foram os maiores desafios enfrentados em 2021.
Prioridades para 2022
Já para 2022, ano em que chegamos à metade, os desafios acima se tornam prioridades, chamando atenção ainda as necessidades de se criar uma cultura organizacional fértil, junto de uma experiência de trabalho e participação positiva por parte dos colaboradores:
Desenvolvimento de Lideranças
Este tem sido o tema principal para 2022:
94,3% responderam que as empresas em que trabalham pretendem investir no desenvolvimento de lideranças neste ano.
Das 3 principais competências que se espera desenvolver das lideranças estão:
1. Alinhamento com a estratégia (60,9%).
2. Empatia e gestão humanizada (59,3%).
3. Resiliência e adaptação às mudanças (57,1%).
Os programas de responsabilidade social corporativa, dentre eles os de voluntariado, estão estritamente ligados às mais altas diretrizes das empresas, quer no âmbito da sustentabilidade, do cumprimento dos critérios de ESG, quer no âmbito de reputação e relacionamento com stakeholders, ou com a agenda global de desenvolvimento (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável).
Proporcionar que as lideranças apoiem esses projetos sociais alinhados é um exercício pleno de aprendizado, incorporação e replicação dos valores e das estratégias da empresa.
Além disso, para o quesito “empatia e gestão humanizada” todo o processo de planejamento e execução de ações de solidariedade na comunidade são um treinamento potente para o desenvolvimento dessas competências: um líder que aprende a mobilizar para o voluntariado aprende a mobilizar para qualquer frente.
E por fim, aprender a encontrar soluções em situações de vulnerabilidade e escassez são, por meio dos programas de voluntariado, um exercício pleno de resiliência e adaptação às mudanças.
Por isso, proporcione que as lideranças da sua empresa mobilizem, se envolvam e participem enquanto voluntários, e por consequência se desenvolvam deixando um impacto social positivo.
Cultura Organizacional
Quer para a implantação, desenvolvimento ou manutenção de uma cultura organizacional, o voluntariado pode estar presente.
Programas de voluntariado podem possibilitar uma imersão nos valores da empresa desde o momento de integração de novos colaboradores.
Os valores praticados na ação voluntária, primeiramente, precisam ser reforçados dentro da empresa, e depois exercitados fora, no contato e no relacionamento com parceiros e comunidades.
Esses valores estão ligados à uma cultura de colaboração, de positividade, de orgulho de pertencer e de tomada de decisões colegiadas, rápidas, eficazes e com foco em resultados. Todos eles sempre regidos pela lógica da ética do cuidado e da responsabilidade.
Costumamos dizer que aquilo que se pratica no terreno do voluntariado transborda internamente para a cultura das empresas: e é só coisa boa!
Comunicação Interna
A comunicação interna é um dos desafios de gestão de pessoas, e também um dos maiores desafios dos programas de voluntariado.
Durante anos em contato com programas de diversas empresas, é possível notar que os desafios que o voluntariado sofre em termos de comunicação são decorrência das dificuldades de comunicação interna da empresa.
Com a adoção dos modelos híbridos, desde a pandemia, o desafio tornou-se ainda maior: 39,5% das empresas respondentes apontam a comunicação como a principal dificuldade de gestão de pessoas.
O voluntariado é uma ferramenta, sobretudo, de diálogo. E as competências de relacionamento podem favorecer e dar pistas para uma boa comunicação interna.
Estudar as motivações dos colaboradores, perceber como preferem se alinhar, os gatilhos e causas que geram sua participação pode ser um aprendizado mútuo quer para as áreas de comunicação interna, quer para as áreas de gestão de pessoas e gestão do voluntariado.
Há uma necessidade e oportunidade aqui que é: fazer com que esses três setores (pessoas) se falem e interajam mais, e criem estratégias em conjunto de comunicação, engajamento e mobilização.
Experiência do colaborador
O voluntariado é uma daquelas iniciativas que proporciona o orgulho de pertencer, engajamento, e a experiência de participação junto a uma empresa que se preocupa com o seu papel na sociedade, e que pretende fazer negócios deixando consigo impactos sociais e ambientais positivos.
É bom trabalhar em uma empresa socialmente responsável!
Pesquisa mostra que os colaboradores que participam das ações voluntárias promovidas pela empresa são 16% mais engajados que os demais. Além de outros benefícios.
Saúde mental
Fazer o bem faz bem para a saúde, diversos estudos comprovam como que realizar o voluntariado traz vários benefícios para quem realiza.
A Ação Social para Igualdade das Diferenças (ASID) ainda nos lembra que “o trabalho voluntário também é um grande aliado na saúde física e mental”. Assim, remontando a uma análise feita pela Universidade de Michigan (EUA) em que as pessoas que atuam como voluntárias podem viver em média 4 anos a mais e com melhor qualidade de vida.
“Assim, tal resultado se deve ao fato de que o voluntário vivencia um poderoso sentimento de satisfação. Por consequência resultando na diminuição do stress e da liberação de endorfinas, neurotransmissor que provoca a sensação de felicidade”
“Conforme a pesquisa realizada pela Pastoral da Criança, 84% das pessoas que realizam trabalho voluntário acreditam que esse promove a saúde física, 95% que também proporcionam benefícios emocionais e 70% afirmam que os serviços voluntários os fazem se sentir mais saudáveis”. (Ação Social para Igualdade das Diferenças (ASID)).
Diversidade e inclusão:
O voluntariado ocupa um espaço feito pela diversidade e para a diversidade, e está estritamente ligado à temática, na medida em que pode fortalecer a diversidade das pessoas que atuam, e a diversidade enquanto causa.
“O Voluntariado tende a ganhar mais determinação quando contempla a Diversidade em seu objetivo e formas de atuação. E a Diversidade se fortalece quando está articulada no movimento do Voluntariado, tanto de forma transversal como específica. É uma consequência do trabalho voluntário vivenciar a Diversidade e também uma oportunidade para a empresa potencializar seus colaboradores voluntários”(Giuliana Preziosi, JP Polo e Roberta Rossi).
“Transversalizar” o programa de voluntariado
Conforme visto, para além de ser um aliado campeão da área de gestão de pessoas, o voluntariado precisa ser (e ser percebido!) como um ativo da empresa toda: de todas as pessoas.
Pois é uma prática que serve não só à toda estrutura organizacional como também à comunidade em que está inserido.
Ou seja, ao mesmo tempo que beneficia internamente, é capaz de proporcionar impactos socioambientais positivos externamente, e isso é o melhor dos mundos!
Essa característica de ganha-ganha proveniente da solidariedade corporativa é especial, e, para o bem das empresas e das comunidades precisa ganhar mais atenção, interesse, orçamento e relevância.