Como evitar o desperdício de alimentos em tempos de quarentena

*Por Adriano Andreghetto

Confinamento, Quarentena, Isolamento. Nas últimas semanas estas palavras passaram a fazer parte do vocabulário de toda a população. Estamos procurando por alternativas dentro das nossas rotinas já tão padronizadas e passamos a dar maior valor as nossas necessidades mais básicas como, por exemplo, a alimentação.

Nestes momentos de crise, a alimentação assume um protagonismo tão grande que pode levar a compras irresponsáveis e individualistas, aumentando o desperdício em nossas residências. 

Diante deste momento de tensão, listamos algumas ações que podem ser tomadas dentro de nossos lares para darmos o devido valor a este item tão essencial: o alimento.

1) Seja responsável com coletivo e compre somente o necessário

Não esvazie as prateleiras do supermercado. Perante a este contexto de crise, esta é uma questão primordialmente ética e básica para a manutenção de um coletivo saudável!

2) Estejam atentos aos prazos de validade

Um grande estoque de produtos perecíveis só vai aumentar a quantidade que irá para o lixo. Frutas, hortaliças e legumes precisam ser comprados dentro de uma lógica de consumo de curto prazo. Para itens industrializados precisamos estar atentos as datas indicadas pelos fabricantes.

3) Programe as suas compras

Avaliar o agregado familiar e o comportamento de consumo da casa ajuda na organização de uma boa lista. Faça sempre aquele double-check na despensa para a avaliar a quantidade que ainda está disponível e anote exatamente o que é necessário comprar. Vale também perguntar em casa o que as pessoas desejam ou tem vontade naquele momento.

Quando já estiver no supermercado, organize seu trajeto: pegue primeiros alimentos não perecíveis e deixe para o final os que pedem refrigeração.

4) Armazenagem não é sexy, mas é um mal necessário

Uma armazenagem correta fará com que seus alimentos durem mais e, além de evitar o desperdício, também farão uma grande economia no final do mês.

  • Alguns produtos precisam ser armazenados separadamente: algumas frutas e legumes – como bananas, tomates e maçãs – produzem um gás chamado etileno à medida que amadurecem e devem ficar separados de outros itens. Tente armazenar esses produtos separadamente de outras frutas e legumes, caso contrário, eles amadurecerão mais rapidamente.
  • Existem vegetais não gostam do frio: Alguns vegetais – como abóbora, pimentão, abobrinha – são sensíveis ao frio e, portanto, ficam melhor fora da geladeira. Os tomates em particular perdem um pouco de seu sabor quando refrigerados; portanto, a menos que já estejam muito maduros, o ideal é mantê-los em um local fresco e seco em sua cozinha.
  • Certos produtos sobrevivem melhor na geladeira: Couve-flor, brócolis, cenoura, repolho, alface, rabanete, aspargo e espinafre são mais felizes na geladeira. Coloque-os em um saco plástico perfurado e guarde-os no compartimento de vegetais.
  • Alguns vegetais não gostam da luz: É melhor armazenar batatas e cebolas em um local escuro, fresco e seco – mas não na geladeira.

5) Não existe fruta feia: existe um alimento bom

Fique atento e diferencie um alimento com pequenos defeitos de produtos realmente estragados. Consistência e cheiro ajudam-nos nesta tomada de decisão. Faça esta análise na compra e também em casa antes de jogar algo no lixo!

6) Já ouviu falar de FIFO?

FIFO é uma sigla do inglês para First in First out que, em português, significa primeiro que entra, primeiro que sai. Este termo, da área de logística, pode muito bem ser aplicado na sua geladeira e despensa. Fique atento e posicione na frente os produtos que estão mais próximos do vencimento. Isso evita que produtos com prazo de validade mais alongado sejam consumidos antes daqueles que já possuem vencimento próximo.

7) Congele, Recupere, Transforme!

Congele: Comprou demais? Uma viagem inesperada surgiu? Aquele jantar foi desmarcado? Se perceber que não vai usar frutas e legumes a tempo, leve-os ao freezer e utilize quando puder. Sobrou? Congele também!

Recupere: Sabe aquelas folhas murchas, mas que ainda continuam próprias para consumo? Elas podem voltar a um bom estado com uma rápida imersão em água com gelo.

Transforme: Oh, essas bananas estão quase a passar do ponto! Esses tomates já estão maduros demais para uma salada! De nova vida aos seus alimentos: transforme-os em doces, compostas e molhos prontos.

8) As sobras de hoje, são o prato principal de amanhã

Aproveite sobras e aparas das refeições que, desde que sejam mantidas em condições seguras, até o próximo preparo podem tornar-se pratos deliciosos. Aquela carne assada do domingo pode virar um croquete ou pode ser recheio de uma torta; o arroz vira um delicioso bolinho, arroz de forno; o feijão agora vai se chamar tutu e assim seguimos transformando, e nunca desperdiçando!

9) E que tal falarmos em alimentação integral?

A internet tem uma infinidade de sites que ensinam como aproveitarmos os alimentos de forma integral. São talos que se transformam em ingredientes do pão, cascas que viram pastas e doces deliciosos. Os benefícios aqui vão desde a redução do desperdício até uma alimentação mais saudável visto que muitos destes “restos” contém grandes quantidades de nutrientes.
Confira este livro de receitas do SESC: https://mesabrasil.sescsp.org.br/media/1016/receitas_n2.pdf

Conclusão

O momento pede atenção, pede ações individuais que refletem positivamente no coletivo. Pede também consciência e uma reavaliação em nossos hábitos. Nestes dias de home-office, de maior tempo em casa, atentem-se também para o desperdício e dê o devido valor a este bem tão essencial que é a alimentação.

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*Adriano Andreghetto é formado em Ciências dos Alimentos pela ESALQ/USP e Mestre em Marketing Digital pela Universidade Europeia (Lisboa) cujo tema da dissertação é “A procura por informação sobre alimentação saudável nos media digitais”.  Vive em Portugal desde 2017 e é atualmente responsável pelas ações de Marketing Digital da Verakis. Durante sua carreira já trabalhou com projetos nas áreas de sustentabilidade e desperdício de alimentos, com projetos em Portugal, Suíça e Alemanha.