Os 5 P’s da Agenda 2030 e a relação com o voluntariado

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma agenda mundial adotada em 2015 durante a Cúpula das Nações Unidas. Dentro dos 17 objetivos traçados está a Agenda 2030, formada por 169 metas que devem ser atingidas globalmente até 2030.

Desde 2015 governos, sociedade civil e outras partes interessadas têm trabalhado juntos para agir, construir parcerias e mobilizar recursos para alcançar os 17 Objetivos.

Em geral, os programas de voluntariado corporativo também adotaram oficial, ou extra oficialmente, os ODSs em sua pauta de atuação.

Plano de Ação para Integrar o Voluntariado na Agenda 2030 estabeleceu três objetivos para aprofundar a integração do voluntariado no desenvolvimento sustentável:

  1. fortalecer a apropriação das pessoas pela agenda de desenvolvimento;
  2. integrar o voluntariado em estratégias de implementação nacionais e globais;
  3. medir o voluntariado para contribuir para uma compreensão holística do envolvimento das pessoas na implementação dos ODS.

E existem muitas formas de uma empresa estar presente e contribuir para essa agenda por meio da responsabilidade social corporativa externa.  

Os 5 P’s cruciais para o sucesso da Agenda 2030

Como o lema da agenda 2030 é: “Ninguém pode ficar de fora!”, ou “não deixar ninguém para trás”, foram propostas cinco áreas de importância crucial para a humanidade e o planeta, que são os 5Ps: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias.

Veja abaixo reflexões de como esses âmbitos influenciam no seu programa de voluntariado, e como essas reflexões podem qualificar o seu modo de atuar.

PESSOAS

As pessoas são o centro de tudo: são o fim e também o meio desse processo. Afinal, só nós poderemos nos ajudar e salvar-nos de nossas mazelas.

As pessoas são também quem mais sofrem com as assimetrias sociais, as vítimas e causadoras, e por isso mobilizar pessoas para um programa de mútuo desenvolvimento, de partilha de riquezas, e para a ação coordenada, é chamar para a responsabilidade, e dar passos concretos rumo a um planeta regenerado.

Pessoas x Voluntariado

O voluntariado tem tudo a ver com essa dinâmica porque os programas são feitos essencialmente de pessoas para pessoas.

Dentro de uma estratégia de investimento social privado, o voluntariado é a iniciativa mais pessoal, a que conecta a alma da empresa, os seus colaboradores, com a alma das comunidades e instituições.

Por isso, o seu programa de voluntariado não pode esquecer nunca desse pequeno grande detalhe, que é a pessoalidade da sua ação, a oportunidade de humanizar os seus investimentos e facilitar as aproximações institucionais, os diálogos intersetoriais, a partilha de valores e de solidariedade.

Sendo assim, “não deixar ninguém para trás” significa a inclusão incondicional de todo ser humano no processo de desenvolvimento, tendo em vista a igualdade de direitos e de condições, não importando credo, cor de pele, gênero ou qualquer especificidade.

Ao considerar os ODS, ao se investir nesse caminho, é importante ter em conta que ele é trilhado por pessoas e para pessoas, e sendo assim, é um trajeto para todos.

Enquanto um programa de voluntariado, procure investir nisso. Possibilitando que os encontros valorizem a singularidade de cada elemento do grupo de voluntários e de representantes comunidade; proporcionando oportunidades de escuta e interação humana (e humanizada); e realizando o devido reconhecimento dos esforços; tentando ao máximo não mecanizar as ações, principalmente agora em que o online é o meio de encontro mais seguro.

PROSPERIDADE

“Se as Pessoas são o primeiro pilar do desenvolvimento sustentável, os moldes em que as suas vidas decorrem são o segundo. A Prosperidade é, assim, uma das grandes dimensões de abordagem da ONU para o desenvolvimento, porque as vidas devem ser vividas com dignidade, e essa dignidade só pode existir na medida em que possa ser suportada” (Redes para o Desenvolvimento ).

Uma empresa só pode prosperar num contexto prospero. As formas de viver em que a riqueza se concentra nas mãos de poucos em detrimento de muitos já se mostraram insustentáveis e nada razoáveis: acabarão por nos destruir a todos.

Dito isso, o trabalho para um desenvolvimento inclusivo, de forma mais equânime, é árduo e estrutural. Depende de esforços coordenados para dar acesso à educação e meios de subsistência mais justos para todos.

Prosperidade x Voluntariado

O voluntariado já vem trabalhando nesse aspecto juntamente com programas de empregabilidade, com propostas de mentorias para jovens em começo de carreira, no apoio ao empreendedorismo como um todo e com o apoio para a geração de riquezas.

Há um post aqui inteirinho sobre isso, mais especificamente, focado no ODS 8 para os tempos em que vivemos.

É sempre um conjunto de esforços para mitigação da pobreza, por meio de acesso a bens e recursos imediatos, conjugados com a oportunidade de produzir prosperidade em médio e longo prazo.

A prosperidade olha para as pessoas e comunidades com um olhar de abundância. Há recursos para todos, o importante é que se encontrem meios para geri-los, para produzir e distribuir.

PAZ

A agenda da ONU pretende, até 2030, “reduzir as formas de violência e abuso, exploração, tráfico e tortura, assim como os fluxos ilegais de dinheiro e armas. Promover o Estado de Direito, e garantir o acesso universal à justiça e à cidadania democratizada, inclusiva e participativa a todos os níveis, são por isso objetivos fundamentais” (Redes para o Desenvolvimento ).

Paz x Voluntariado

Mas como o programa de voluntariado da sua empresa pode estimular uma cultura de paz?

Voluntários são multiplicadores de bons exemplos.

Sabemos que os desafios propostos pela Agenda 2030 só serão superados diante de uma convergência de políticas públicas juntamente a um processo longo de mudança cultural, educação para a ética e um monte de outras providências transversais. O ODS 16 tem como título “Paz, justiça e instituições fortes”.

Diante de uma questão tão grandiosa, cabe a um programa de voluntariado comprometido com a paz fazer bom uso do seu alcance de relações e ser advogado de posturas cooperativas, em prol da não violência e do exemplo de cidadania.

E fato é que um dos grandes diferenciais dos voluntários de uma empresa no relacionamento com a comunidade é o exemplo que podem trazer.

Afinal cidadãos comprometidos com o bem-estar coletivo são, na prática, difusores de uma cultura solidária, da empatia, da justiça social e tantos outros atributos que quanto mais exercitados mais se multiplicam.  

Veja aqui algumas dicas de como o seu programa de voluntariado pode estimular uma cultura de paz.

PARCERIA

A Agenda 2030 será implementada tão somente se houver parcerias entre todos os setores, possibilitando redes para o desenvolvimento.

“Estamos determinados a mobilizar os meios necessários para implementar esta Agenda por meio de uma Parceria Global para o Desenvolvimento Sustentável revitalizada, com base num espírito de solidariedade global reforçada, concentrada em especial nas necessidades dos mais pobres e mais vulneráveis e com a participação de todos os países, todas as partes interessadas e todas as pessoas” (Movimento Nacional ODS).

5º P – Parcerias | Objetivos de Desenvolvimento Sustentável | IMVF | Redes para o Desenvolvimento

Parceria x Voluntariado

Por isso, enquanto um programa de voluntariado, saiba que você não está sozinho(a) e nem convém que esteja. A articulação de ações em redes internas e externas são propulsores e garantidores das ações sociais de qualidade, e de que todo mundo está trabalhando pelo desenvolvimento.

Partilho nesse link um texto apenas sobre como pensar as parcerias para o voluntariado, a fim de, juntos, contribuirmos para um desenvolvimento mais sustentável.

PLANETA

Aqui, somos convidados a proteger os recursos naturais e o clima do nosso planeta para as gerações futuras.

E o nosso planeta não está dissociado de nós, ele é nossa casa, mas nós, em certa medida estamos dissociados dele.

Quer fazer um teste?

Respire fundo e pense na porção de natureza mais próxima de você. Lembre do que ela é feita, dos seus elementos, que cheiro lá tem, seus aspectos, sua aparência, o que você sente quando está presente nessa porção de natureza. Descreva mentalmente as suas cores e formas.

Pensou?

Então, eu acho muito difícil que essa porção mais próxima de natureza que tenha imaginado, tenha sido você próprio(a)!

Isso mesmo!

Nós estamos tão desconectados que esquecemos que nós também somos natureza, feitos dos seus mesmo elementos, e o que reside no planeta reside em nós: água, terra (minerais), fogo (temperatura) e ar. E que somo perfeitos ecossistemas permitindo viver em nós muitíssimas micro-seres.

Ora, o âmbito planeta também diz respeito a nós mesmos, e ações que favoreçam o meio ambiente nada mais são do que ações de cuidado com o resto de nós, com o nosso corpo planetário.

Será que enquanto empresa, ou um projeto institucional, as pessoas conseguem perceber isso?

Muitos dizem “salvem o planeta”, mas poucos dizem: “salvem-nos preservando o planeta”.

Ações de voluntariado em prol do meio ambiente existem aos montes: ações de reciclagem e reaproveitamento, plantio de espécies, campanhas de preservação de espécies animais, cultivo de hortas e por aí vai.

Mas não precisamos de uma campanha de reintegração do homem com a sua casa?

Acredito que os programas de voluntariado corporativo tem potencial e capilaridade para isso. Possibilitando que cada voluntário, como uma abelha, polinize a ideia de uma ética planetária.  

Se dependesse de mim faríamos grandes campanhas dessa em conjunto, todos os programas de voluntariado de todas as organizações, num uníssono pela conscientização.

E para isso, não há mais tempo: a hora, é agora!