Existe relação entre a prática de voluntariado e o nível de engajamento de colaboradores com a empresa? Quais são os benefícios e desafios do voluntariado na percepção de voluntários, não voluntários, ex-voluntários e gestores? Que recursos temos para potencializar o engajamento de colaboradores como componente estratégico do programa de voluntariado?
Lançada pela Santo Caos em parceria com o Bank of America Merrill Lync, a publicação “Além do Bem – um estudo sobre voluntariado e engajamento” joga luz sobre essas questões. Foram entrevistadas 828 pessoas de todo o Brasil, atuantes em ONGs e empresas de 29 setores da economia. O objetivo é analisar os impactos do voluntariado no engajamento de colaboradores com a empresa.
Colaboradores que são voluntários são mais engajados com a empresa
Segundo a pesquisa, colaboradores que praticam o voluntariado corporativo são em média 16% mais engajados do que os não voluntários. Esta descoberta se destaca como uma das mais reveladoras do estudo. Para analisar melhor seu alcance, vejamos o conceito de engajamento desenvolvido pelos pesquisadores:
Engajamento é o conjunto de conexões racionais e emocionais entre pessoas e instituições, causas ou marcas, que gera resultados positivos para ambos.
O conceito se sustenta em cinco pilares: conscientização, compromisso, pertencimento, orgulho e compartilhamento. Neste caso, como se dão essas conexões para um maior índice de engajamento de colaboradores com a empresa?
O retorno do investimento no voluntariado: valor agregado e desenvolvimento profissional
Segundo a pesquisa, 81% dos gestores consideram que o voluntariado empresarial contribui para o desempenho profissional do colaborador. Além disso, 45% percebem a motivação e capacitação do voluntário como benefícios. Porém, no quadro geral, poucas pessoas identificam esses pontos como objetivos do programa corporativo de voluntariado. Para a maioria, a finalidade das ações sociais é promover a reputação da empresa para o público externo.
Isso nos indica que há espaço para um trabalho mais cuidadoso de conscientização. Uma boa comunicação interna sobre os objetivos do programa, incluindo os voluntários como beneficiários, gera maior adesão e apoio das lideranças. Nesse caso, fazer uma aliança com o RH é fundamental, como tratamos neste outro post.
Além do desenvolvimento profissional do colaborador apontado na pesquisa da Santo Caos, é interessante citar aqui o resultado de outro estudo. O Corporate Executive Board (CEB), em pesquisa realizada com milhões de funcionários de diversas indústrias nos Estados Unidos, avaliou em US$2.400 o valor médio agregado à empresa por cada participante de ações sociais corporativas. O resultado se deve à redução do turnover (conceito de RH relacionado à rotatividade de pessoal) e ao aumento do engajamento, que se traduz em um maior comprometimento e melhor desempenho dos funcionários.
Empresas que investem em voluntariado levam vantagem na aquisição de talentos
Outro ponto alto trazido pelo estudo foi a atração de novos talentos para o quadro da empresa. No conjunto total de entrevistados, 62% consideram que um bom programa de voluntariado é um grande diferencial na escolha de um emprego – tendência já verificada no perfil dos millennials, que buscam uma atuação profissional mais alinhada ao propósito e ao impacto positivo na sociedade. No entanto, ainda parece pouco explorado o potencial do voluntariado corporativo nos processos de recrutamento e seleção.
Sobre a importância do programa para a empresa, observou-se que 61% dos não voluntários entrevistados reconhecem seu valor. Sabemos que o voluntariado não é para todos, mas é bom lembrar que o não voluntário também pode se sentir mais orgulhoso e comprometido por pertencer a uma empresa que o promove. A percepção positiva deste grupo também é vital para o programa e soma no índice geral de engajamento dos colaboradores com a empresa.
Colaboradores que são voluntários se sentem mais valorizados
Vale destacar mais dois resultados expressivos da pesquisa: 93% dos voluntários corporativos se sentem reconhecidos em suas empresas e 70% dos voluntários consideram que têm voz ativa. O reconhecimento de fato vem sendo cada vez maior, inclusive por meio de premiações que geram visibilidade e motivação para outros colaboradores. Ter voz ativa também condiz perfeitamente com o perfil do voluntário de afirmar seu protagonismo. Conjugando esses dados, vemos que ampliar o campo de ação de funcionários com esse alto índice de satisfação pode ter um efeito multiplicador em termos de nível de engajamento para a empresa.
Com isso, chegamos ao quinto pilar do conceito: a possibilidade do voluntário compartilhar sua experiência e criar mais conexões de impacto positivo dentro e fora da empresa. Por exemplo, no Portal V2V o voluntário pode criar seu perfil, postar fotos e comentários sobre as ações realizadas, “aplaudir” as preferidas e inclusive propor suas próprias iniciativas para mobilizar os colegas em prol de uma causa.
Que outros recursos podem ser usados para fortalecer os pilares do engajamento no contexto do voluntariado empresarial? Como potencializar a conscientização, o compromisso, o senso de pertencimento, o orgulho e as oportunidades dos voluntários compartilharem suas experiências?
A experiência compartilhada em atividade voluntária fortaleceu minha posição na empresa. Ganhei respeito do meu chefe e dos colegas, embora a empresa não esteja engajada em nenhuma atividade voluntária. A própria pesquisa avaliou estas conquistas. Outras pesquisas JÁ apontaram o povo brasileiro como solidário. As empresas deveriam ter maior participação nesta causa. Quem sabe não melhoraria o nível de ansiedade dos brasileiros? Que em outra pesquisa apontou sermos uom dos povos mais ansiosos do mundo?
Muito legal saber disso, Eliane! De fato, notamos que as empresas de recrutamento e seleção têm visto com muito bons olhos quando o candidato tem experiência em trabalho voluntário..