Um dos motivos correntes para as pessoas deixarem de atuar como voluntárias é o fato de serem engolidas por suas rotinas. Então, desistem de participar socialmente, ainda que frequentemente haja algo que desejem melhorar no seu entorno. Esses problemas sociais que invadem o cotidiano não incomodam o suficiente para fazer as pessoas agirem em prol das melhorias aspiradas? Como o voluntariado digital pode ajudar a fechar essa conta entre necessidade e ação? Nesse post falaremos um pouco sobre como a tecnologia pode aproximar (ou reaproximar) as pessoas da sua atuação social.
Vale a pena empreender um trabalho voluntário de forma proativa. Contudo, acredito que não precisa ser “sofrido” quando se adquire a consciência cidadã, já que convivemos num momento em que há disponíveis inúmeras ferramentas de engajamento. Dentre elas, o universo virtual compõe soluções para quem não consegue participar de forma presencial ou em horário comercial.
Essa atuação ou ativismo virtual tem ganhado força assim como nas relações de trabalho, vida social, familiar e entendimento do próprio “eu” que se adapta para caber em um mundo em que a tecnologia é o grande elo entre todas as coisas. De forma crescente, José Moran, professor de novas tecnologias da USP, defende que:
“com o aperfeiçoamento da realidade virtual, poderemos simular todas as situações imagináveis e isso vai exacerbar a nossa relação com os sentidos e a intuição. Teremos razões para nos fascinar e nos alienar. Podemos nos alienar muito mais facilmente do que antes. Se queremos fugir, encontraremos muitas realidades virtuais para fazê-lo, para viver sozinho.”
Ao mesmo tempo que:
“nossa mente é a melhor tecnologia, infinitamente mais complexa do que o melhor computador, porque ela pensa, se relaciona, sente, percebe e pode nos surpreender (…). Essa atitude reencontrada pode tornar ainda mais poderosa a nossa vida pessoal e comunitária e gerar um uso libertador das maravilhas tecnológicas, e não um uso consumista, de fuga.”
As relações sociais no ciberespaço imprimem uma nova hierarquia à sociedade e empoderam as relações ao facilitar o acesso para o cidadão comum exercer sua cidadania.
E é nesse lugar de poder e integração de uma vida pessoal e comunitária, com protagonismo do cidadão comum, que o voluntariado digital se apresenta. Isso porque de casa ou de qualquer lugar com o seu notebook, tablet ou celular, é possível ajudar em causas em qualquer parte do planeta. por exemplo: é possível criar um site para um evento social em outro lugar no Brasil, fazer a contabilidade de uma ONG na África, ou ensinar português por Skype para refugiados Sírios. A distância deixa de ser barreira.
Colocando a mão na massa (ou no teclado)
– Mas que outros tipos de atividades pode-se realizar à distância?
De uma gama imensa, aqui vai uma pequena lista de possibilidades, como:
- traduzir, escrever e editar textos;
- realizar trabalhos de arte, design, e de desenvolvimento de TI;
- ajudar em pesquisas;
- atuar na área de educação, mentoria e treinamentos à distância;
- gerir e desenvolver projetos;
- realizar consultoria jurídica à distância;
- capactar e gerir voluntários e organizar eventos.
Diríamos que essas são as principais frentes de voluntariado virtual!
Aqui no blog, já postamos algumas iniciativas bem bacanas como o “Seja meus Olhos”. Além disso, mostramos também outras abordagens para quem quer ajudar e não dispõe de muito tempo.
A modalidade já tem números expressivos, de acordo com a ONU:
Dada a importância dessa frente de ação, já existe na ONU até uma premiação para a categoria. Você pode conferir aqui algumas histórias inspiradoras vencedoras em 2017.
E onde encontrar oportunidades para atuar online?
Se sua empresa ainda não tem um Programa de Voluntariado mas quer estimular o espírito cooperativo, aqui vão alguns sites para indicar aos seus colaboradores:
- Sociomotiva: O portal tem ações de todo tipo, em diversas cidade. Para encontrar ações virtuais, basta escolher uma das ações “em qualquer lugar” publicadas no site. Também é possível publicar um projeto próprio para conseguir apoio de outros voluntários. Algumas ideias: ofertar aulas de inglês, informática, gestão do tempo etc.
- ONU: Aqui é possível encontrar projetos de tradução, programação, organização de eventos etc.
- Social Good Brasil: Neste espaço, é possível interagir com uma rede de transformadores sociais.
- Dream NGO: Plataforma de social crowdfunding. Tem muitos projetos legais esperando apoio! Dá uma conferida! E aqui tem uma lista com 10 sites de financiamento coletivo.
- Be my eyes: O colaborador baixa o app e dá apoio a alguém que não pode ver: Apple ou Android
- Doe seus cupons fiscais para uma instituição: Sabe aquele momento em que te pedem o CPF para registrar no cupom da sua compra? Se você não der, pode registrá-lo em nome de alguma instituição inscrita no programa. Além do link indicado, esse da Fundação Dorina Nowil serve como um ótimo exemplo, na prática.
- Direcione seu imposto de renda para uma instituição: Cada cidadão pode decidir o destino de parte do IR que paga todo ano. Em tempos de lava a jato é um alento poder saber onde seu dinheiro doado foi parar, não? O site da Receita Federal explica como funciona.
Onde encontrar mais informações:
A Fundação Telefônica desenvolveu o eBook gratuito “Voluntariado Digital”, que abriga muito conhecimento e ideias sobre o assunto.
Além disso, esses três vídeos são bem esclarecedores. Assista e me diga o que achou!
- Voluntariado Digital
- Voluntariado Digital – transformação por meio da tecnologia
- The UNV Online Volunteering service
Se seu interesse é aprofundar em Cybercidadania, vale ler o texto “O cibercidadão do mundo on-line – desafios e (re)descobertas”.
E então? Que tal?
Se boa parte de nossas preocupações atuais tem origem nos desequilíbrios sociais, o quanto antes nos vermos como comunidade, mais fácil a vida pessoal ficará. É uma via de mão dupla!
Se você já faz voluntariado online ou a partir desse artigo deseja incentivá-lo na empresa, compartilhe nos comentários sua história ou sua dúvida. Ela poderá inspirar muita gente.
E já diria nosso icônico Raul Seixas: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se Sonha juntos é Realidade.”
3 comentários sobre “Voluntariado Digital: uma alternativa que otimiza tempo e distância”
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