Voluntariado e Diversidade nas empresas dão match? 

Conheça o resultado da primeira pesquisa sobre o tema

Por Giuliana Preziosi e Roberta Rossi*

Uma das consequências do trabalho voluntário é vivenciar a diversidade. Quem atua voluntariamente se depara com o diverso o tempo todo. Uma oportunidade para as empresas qualificarem e potencializarem esse trabalho de voluntariado é a formatação de programas que reforcem os valores da diversidade.

O voluntariado enquanto prática inclusiva

Em visita ao Brasil em 2018, o coordenador-executivo do Programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV), Olivier Adam, defendeu que o voluntariado seja uma prática mais inclusiva: “É necessário que ele desafie as barreiras da desigualdade social, em vez de alargá-las”.

Uma das formas de tornar o voluntariado uma prática mais inclusiva é por meio das empresas que possuem programas de voluntariado corporativo organizados.

Empresas possuem estruturas para fazer essa ponte entre os temas de forma legítima, sensibilizando os colaboradores voluntários sobre os temas pertinentes, buscando parcerias legítimas e respeitosas com organizações que atuem com públicos minorizados e propondo ações e projetos que façam sentido a todos os envolvidos, ao mesmo tempo que tenham foco em reduzir desigualdades incluindo esses públicos diversos de diferentes formas.

Outra maneira que esse objetivo pode ser construído pelas empresas é partir dos programas de diversidade e inclusão, que podem levar os aprendizados nas relações de troca com os diversos públicos para as ações voluntárias a serem realizadas na comunidade.

Pensando neste potencial, em 2019 escrevemos o e-book “Voluntariado e Diversidade, deu match!” em uma parceria com o consultor JP Polo. A proposta era dar dicas, orientações e provocar reflexões de como a sinergia entre os temas pode potencializar tanto os Programas de Voluntariado quanto de Diversidade e Inclusão no meio corporativo.

Em visita ao Brasil em 2018, o coordenador-executivo do Programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV), Olivier Adam, defendeu que o voluntariado seja uma prática mais inclusiva:

“É necessário que ele desafie as barreiras da desigualdade social, em vez de alargá-las” (Olivier Adam , UNV).

A pesquisa sobre voluntariado e diversidade

Mas ainda havia dúvidas de como as empresas enxergavam essa sinergia, e como se dava isso na prática.

Por isso este ano, a Conexão Trabalho se uniu à Skats Pesquisas de Mercado e à consultora de diversidade e inclusão Gabriela Melo para formatar e aplicar uma pesquisa com representantes de diferentes organizações.

O objetivo desta inédita pesquisa foi identificar o panorama que liga os programas de voluntariado empresarial com os programas de diversidade e inclusão para evidenciar sinergias para apoiar empresas no desenvolvimento com alinhamento através das boas práticas.

A pesquisa foi realizada no período entre 17 de maio e 15 de junho de 2022 com metodologia de coleta de dados por meio de um questionário eletrônico de autopreenchimento. Responderam à pesquisa 236 pessoas que trabalham em organizações que possuem ou não Programas de Voluntariado e/ou Diversidade.

Confira alguns dos principais resultados:

  • 69% dos respondentes dizem ter programa de voluntariado empresarial em suas empresas. Destes 59% contemplam diversidade e inclusão nas suas ações
  • 74% dos respondentes dizem ter programa de diversidade e inclusão em suas empresas. Destes 54% contemplam ações de voluntariado
  • Para 99% dos respondentes a sinergia entre os temas aumenta a criatividade organizacional. 57% acreditam que deixa o clima organizacional mais favorável e 54% relatam que aumenta a inovação

Voluntariado e diversidade dá match!

A pesquisa constatou que metade das empresas participantes já realizou alguma ação de alinhamento dos temas voluntariado e diversidade e inclusão, mostrando que existe a motivação para as empresas contribuírem nesta esfera.

Para evoluirmos e aprofundarmos estes temas, assim como gerar ações e fazer com que o voluntariado seja realmente uma ferramenta de combate ao preconceito e às desigualdades sociais, é preciso focar nos atores identificados pela pesquisa como associadores dos dois temas, como comitês, grupos de afinidade e equipe gestoras.

Os participantes destas iniciativas possuem mais conhecimento e interesse nos temas, pois de forma intencional trabalham para que sejam incorporados em forma de ações práticas dentro das organizações.

A pesquisa também trouxe possibilidades de atividades práticas que associam os temas e são mais realizadas pelas empresas, podendo assim inspirar mais organizações e seus atores a trabalharem para este objetivo.

São ações de voluntariado que colocam os voluntários em contato com diversos públicos, espaços de troca de experiências entre voluntários e público de conexão, capacitações para voluntários com temas relacionados ao conceito de valorização da diversidade e reuniões internas para reflexão e discussão.

Conclusões

Como conclusão, entende-se que existe muita sinergia entre esses temas e que as empresas deveriam se preocupar mais em atuar de forma propositiva para minimizar a vulnerabilidade dos públicos considerados minorizados.

Buscou-se avaliar a percepção de diversos participantes em diferentes empresas para atender ao objetivo final de entender, nos programas corporativos, para quem são voltadas as ações dos voluntários incentivados pelas empresas?

A pesquisa mostra que as crianças são o principal público impactado pelos programas de voluntariado, seguidos dos jovens. Mas além destes, as organizações também realizam ações com idosos, meninas/mulheres, pessoas com deficiência, povos indígenas, pessoas pretas e pardas, pessoas LGBTQIAP+ e refugiados.

Adicionalmente, essa relação entre voluntariado, diversidade e inclusão parece ser benéfica para as empresas, principalmente nos quesitos de aumento da criatividade e inovação, promoção de um clima organizacional favorável, redução de conflitos, melhora da imagem da empresa para sociedade, além de alcance de melhores resultados.

Portanto, voluntariado e diversidade atuando juntos também é bom para os negócios.

Quer saber mais e baixar tanto o e-book quanto o Relatório completo da Pesquisa?

Acesse: https://conexaotrabalho.com.br/publicacoes/

* Roberta Rossi – Sócia na Conexão Trabalho Consultoria, facilitadora, escritora e pós-graduada em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global.

* Giuliana Preziosi – Sócia na Conexão Trabalho Consultoria, mestre em Gestão para a Sustentabilidade, palestrante e escritora.

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