A ideia desse post é te ajudar com dados e informações relevantes retirados de pesquisas sobre doação e voluntariado cujas fontes são confiáveis.
Ainda é tempo dos últimos ajustes do Planejamento 2021 para algumas empresas e junto a esse cenário, os projetos precisam começar a ser implementados. Costuma ser uma correria, o tradicional “trocar pneu com o carro andando”. Quem nunca?
Desenhe um programa baseado em pesquisas
Conhecendo por dentro a vida corporativa, a partir de agora você pode precisar vender a ideia do seu Programa de Voluntariado internamente junto às áreas parceiras, a fim de conseguir recursos, aliados e voluntários. Conhece um cenário parecido com esse?
Brazil Giving Report
A pesquisa, Brasil Giving Report, foi realizada antes da crise do coronavírus. E diante do que vivenciamos em 2020 com a pandemia, poderemos fazer algumas ponderações.
Enquadrando o relatório, de acordo com a sua publicação, de Junho de 2020, ele faz parte de uma série internacional produzida pela CAF Global Alliance, uma rede mundial de organizações que trabalham na vanguarda da filantropia. No Brasil, a CAF é representada pelo IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social).
Dados sobre engajamento no voluntariado
As principais conclusões sobre as doações individuais no Brasil foram as listadas a seguir. Tomei a liberdade de complementar as informações com índices de outras fontes.
Cerca de 78% das pessoas realizaram pelo menos uma atividade beneficente nos últimos 12 meses, com 67% tendo doado dinheiro.
As causas mais populares para doação continuam as mesmas dos anos anteriores: apoio às organizações religiosas (49%), apoio às crianças ou jovens (39%) e combate à pobreza (30%).
Essas também são as principais causas do voluntariado de acordo com o BGR (Brasil Giving Report), de forma mais específica para o voluntariado:
- 44% dizem ter feito trabalho voluntário para uma igreja ou organização religiosa;
- 43% dizem do trabalho voluntário para uma organização sem fins lucrativos/ organização social, etc.
PNAD
Em complemento, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) revelou que a grande maioria dos voluntários atuam através de Organizações Não Governamentais (ONGs) ou empresas:
- 79,9% são congregações religiosas, sindicatos, condomínios, partidos políticos, escolas, hospitais ou asilos;
- 13% dos voluntários cumpriram atividades em associação de moradores, associação esportiva, ou outra organização.
Em termos absolutos, no país, de acordo com o IBGE, em 2019, 6,9 milhões de pessoas com 14 anos ou mais de idade realizaram algum tipo de trabalho voluntário.
O Brazil Giving Report -2020, traz informação sobre proporção:
“a proporção de brasileiros que fez trabalho voluntário não mudou desde 2017; pouco mais da metade (53%) se voluntariou nos últimos 12 meses (contra 53% em 2018 e 52% em 2017)”.
UN Volunteers
Em termos globais, o relatório “Síntese Global” UN Volunteers estima que um bilhão de pessoas se voluntariam a cada ano para ajudar suas comunidades ou para fazer a diferença nas causas que lhes interessam.
World Giving Index
Por curiosidade, pela visão do World Giving Index, o congênere global do BGR é:
- Em todo o mundo, 2,5 bilhões de pessoas ajudaram um estranho;
- Globalmente, quase 1/5 de todos os adultos são voluntários;
- Metade dos países que mais subiram no Índice Mundial de Doações são da Ásia. O Sri Lanka tem a maior taxa de voluntariado no mundo;
- A cada ano, uma média de cerca de sete milhões pessoas doaram seu tempo;
- O país melhor colocado nesse ranking é os EUA;
- O Brasil estaria na posição 74 dentre 126 países, logo atrás do Senegal, México e Peru.
No BGR-2020 a prática do voluntariado permaneceu estável nos últimos três anos, sendo que a cada ano cerca de metade das pessoas informa ter se voluntariado nos últimos 12 meses.
BISC
Fazendo um recorte para o voluntariado corporativo, de acordo com o BISC 2020, a proporção de colaboradores das empresas que participam dos programas de voluntariado dobrou de 8% para 16%. E nos últimos dois anos, o número de colaboradores envolvidos nos programas de voluntariado aumentou em 67%, subindo de 41.675 para 69.747.
Dados sobre valores financeiros
No BGR-2020 “o valor médio doado por ano é de R$617, significativamente acima de R$532 em 2018 e R$594 em 2017.
A doação em dinheiro continua sendo o método mais comum, utilizado por dois terços (65%) dos doadores, mas as doações online e com sistemas de pagamento ou tecnologia contactless estão aumentando”, diz o relatório.
Fazendo um paralelo com os doadores institucionais, ou seja, aquele provindo do Investimento Social Privado, em 2019, de acordo com o BISC o grupo respondente investiu R$ 2,5 bilhões em Investimentos Sociais e, até o primeiro semestre de 2020, já havia investido cerca de mais R$ 2 bilhões em ações de enfrentamento à Covid-19.
Confiança nas Organizações Sociais
Um número maior de brasileiros entendem que as organizações sociais têm um impacto positivo na sociedade, na comparação com 2018. No BGR-2020, cerca de oito em cada dez concordam que elas têm um impacto positivo.
“Parcerias entre empresas e organizações sociais são algo que a maioria dos brasileiros apoia; oito em cada dez pessoas (80%) concordam que as organizações sociais e organizações sem fins lucrativos devem fazer parcerias com empresas para atingir seus objetivos. Metade (49%) concorda que as organizações sociais e organizações sem fins lucrativos que têm algum apoio corporativo são mais confiáveis do que as que não possuem. Essa visão é mais comum entre os grupos etários mais velhos (57% das pessoas com 55 anos ou mais, em comparação com 43% das pessoas com idade entre 18 e 24 anos)”. Brasil Giving 2020
Por outro lado…
há o entendimento de que as empresas têm um papel importante a desempenhar nas comunidades: “86% concordam que as empresas brasileiras devem apoiar as comunidades locais e 83% acham que as empresas internacionais devem apoiar as comunidades em que atuam.
Pelo que diz o BISC 2020, as empresas pretendem manter os investimentos sociais para 2021, mas um número maior ainda estava incerto quanto os valores durante a pesquisa “54% dos respondentes não tinham ainda previsão dos investimentos, 31% aumentariam os recursos atuais e 15% manteriam os valores dos investimento atuais”.
Por que as pessoas doam ?
Da mesma forma que em 2017 e 2018, “faz com que se sintam bem” é a justificativa mais comum citada pelos brasileiros para doar para causas beneficentes, com metade (52%) afirmando ser essa sua motivação.
“Preocupar-se com a causa” (44%), “acreditar que todos precisam ajudar a resolver problemas sociais” (43%) e “querer ajudar as pessoas menos favorecidas que nós” (43%) são os motivos seguintes mais comuns para a doação.
“Os doadores mais ricos (aqueles com uma renda anual superior a R$100.000) são os mais propensos a afirmar que “percebem que podem fazer a diferença” (56%). Esses doadores também se mostraram mais inclinados que outros a concordar que “todos precisam ajudar a resolver problemas sociais” (50%). Poucos dizem que doam porque são solicitados ou porque a sociedade espera que o façam (ambos 6%). Isso é consistente com os resultados de 2018 e 2017 (ambos 7%)” Brasil Giving 2020
Conteúdos complementares
Isso faz lembrar o discurso sobre ética de coerção e convicção que Professora Lúcia Helena Galvão apresenta brilhantemente nesse vídeo aqui, vale a pena ver.
Em termos conceituais sobre as motivações para o doar entramos numa discussão sobre a dádiva, e sobre o enorme leque de motivações altruísticas ou egoísticas para o trabalho voluntário que podem ser explorados com maior profundidade aqui.
O melhor sobre as motivações alheias é nunca julga-las, em um discurso muitas vezes visto nas redes de forma infértil, mas qualifica-las.
Aproximamos esse discurso da qualificação em alguns posts do ano passado:
- Doação também é voluntariado?
- Caridade – do (pré)conceito a prática
- Solidariedade: sobre os conceitos e a relação direta com o voluntariado
Sobre as doações futuras
“Metade dos brasileiros (52%) concorda que “ter mais dinheiro” os incentivaria a doar mais dinheiro, bens ou tempo para organizações sociais ao longo do próximo ano(…). Da mesma forma que em 2018, os fatores que mais incentivariam a doação ao longo do próximo ano, além de ter mais dinheiro, seriam “saber com certeza como o dinheiro é gasto” (43%) e “mais transparência no terceiro setor/organizações sociais” (36%). Brasil Giving 2020.
Ou seja, em nossas mãos, para incentivar a cultura de doação, estaria a possibilidade de investir em empregabilidade e geração de renda, e contribuir para as práticas de governança e transparência das organizações sociais.
Está de olho nisso?
Essas informações te ajudaram de alguma forma?
Deixe-nos saber!
E mais uma vez, um bom ano para todos!