Esse é daqueles “posts de pai” para quem é gestor de voluntariado.
Se você anda aflito com o momento presente, senta aqui e vamos conversar.
Durante os últimos posts aqui do blog, demos diversas dicas do que você pode fazer em termos de voluntariado a partir do momento em que as circunstâncias foram alteradas pela pandemia. Como por exemplo os esses conteúdos aqui:
- Como promover Voluntariado Empresarial durante a quarentena
- 4 formas de apoiar os profissionais da saúde através do seu Programa de Voluntariado
- ODS 8: como apoiar o desenvolvimento econômico em tempos de COVID-19
Junte o engajamento de seus colaboradores + as plataformas digitais e + o voluntariado online, e já possui “a faca e o queijo” nas mãos para circular ações sociais nesse momento de tantas necessidades.
Diante disso, como se organizar para a partir de então estruturar as ações? Quais boas práticas podem facilitar a sua vida enquanto gestora ou gestor de voluntariado?
Com a finalidade de possibilitar isso, algumas reflexões e ações preliminares precisam ser tomadas. Veja abaixo umas ideias.
1) Construa um alicerce de pontos positivos
Em primeiro lugar, a agenda positiva precisa persistir. A sensação de caos precisa ser administrada para que as estratégias e ideias de voluntariado não se percam.
E para garantir isso, as forças da sua empresa, das pessoas envolvidas, das comunidades e das instituições parceiras necessitam ser ressaltadas. Ainda que tudo parece mal, há sempre o lado da moeda em que persistem e subsistem os pontos fortes.
Portanto liste: o que há de fortaleza ao seu alcance? Dessas fortalezas, quais já existiam, e quais delas surgiram pós pandemia?
Por exemplo:
– Forças na empresa: ampla disponibilização de canais digitais para comunicação eficaz, recursos que seriam investidos em ações presenciais e que agora podem ser revertidos para outros tipos de ações, um maior senso de responsabilidade social presente nas lideranças e uma vontade de reagir ainda que perdas de transações financeiras, de fluxo de caixa e outros damas estejam presentes. Muito importante, e que deve ser notado como força, é que as empresas estão prontas para mudar. Mudar o que for necessário para sobreviver com a sociedade. Quais são as presentes forças e fortalezas da sua empresa? O que despontou e consolidou durante esse cenário de crise?
-Forças dos colaboradores: ainda que haja medo, o senso de solidariedade está mais forte entre as pessoas. Em alguns casos, os colaboradores estão comprometidos com a missão da empresa, em fazê-la prosperar. E isso envolve um comprometimento com os programas que a empresa propõe, especialmente no âmbito da responsabilidade social, a fim de se aliarem para resolver um problema que é de todos, de saúde pública e econômico.
– Forças das comunidades e parceiros: todos estão prontos para o que for necessário para se envolverem em iniciativas de retomada, de apoio mútuo para a sobrevivência e para que as condições básicas de vida sejam mantidas. As necessidades fundamentais voltaram-se para o nível mais básico, e nesse sentido há respostas muito eficientes para os chamados à colaboração.
Dito isso, é muito importante fortalecer a cultura da empresa em comunicação formal e informação, enquanto gestor de voluntariado e de pessoas. Ressalte que os pontos fortes existem, ainda que seja a vontade de recomeçar, a união e o anseio por ajudar de alguma forma a situação, e ainda criar vínculos pessoais, ainda que virtuais.
2) Abandone o que não serve mais
Depois disso, é muito importante refletir: o que eu devo abandonar?
Sim. Porque muito provavelmente práticas e processos que se aplicavam no cenário anterior à pandemia agora tornaram-se obsoletos.
Você, gestor de voluntariado, junto às suas áreas parcerias podem abandonar por exemplo alguns processos e burocracias que possam dificultar o fluxo de gestão e ação do seu projeto de voluntariado.
Ideias precisarão ser abandonadas também, como por exemplo as ações de voluntariado coletivo com grande aglomerações de pessoas, assim como os grande eventos de formação. Perceba sempre que junto de uma perda, sempre vem um possível ganho. As ações coletivas, por exemplo, sempre possibilitaram uma mobilização de pessoas, mas o impacto de médio a longo prazo são menores. Já as ações contínuas, podem contribuir para transformações mais perenes.
Sendo assim, pode ser que você tenha que abandonar uma concepção inteira de programa ou até mesmo de causa.
A sua prioridade social, aquela que estava no objetivo do seu programa de voluntariado, persiste a mesma? E persiste, em quais condições?
A temática de educação financeira, por exemplo, persiste, mas talvez você tenha que voltar mais suas ações para como empreender, acessar recursos em curto prazo movimentando redes locais e de forma mais sustentável.
Outra temática que sofre em sua atenção é a do meio ambiente. Ele não se torna menos importante. Pelo contrário. Mas aqui, você precisará olhar mais para o ativismo online, no advocacy à distância através das redes e órgãos oficiais responsáveis pelo assunto, capacitações online em como lidar em caso de catástrofes naturais, etc.
No caso da educação, se você contribuía com livros e contação de histórias presenciais, talvez terá que em primeiro lugar possibilitar que os alunos tenham acesso a internet e equipamentos eletrônicos para continuarem em parte suas aulas, e fazer essa interação através de um canal no Youtube ou podcast.
Sabemos que muitas vezes abandonar ideias é mais difícil que encarar a realidade. Mas o momento pede isso, e pede também que o gestor de voluntariado tenha essa flexibilidade, e que se disponha a dialogar mais com as outras áreas da empresa, mostrando o quanto o programa de voluntariado entrega também inúmeras funções no seu alinhamento aos negócios.
Antes que você se pergunte:
– Como fica a responsabilidade social a partir de agora?
Refaça o seu discurso para:
– Como sobrevivem as empresas agora sem responsabilidade social?
3) Forme seus voluntários para causas
Você precisa pensar também em como falar com os voluntários e formá-los para essas novas medidas, conteúdos e metodologias.
Não é tão simples priorizar o tempo das pessoas para esse tipo de formação agora, assim como não era simples fazê-lo presencialmente.
Se antes havia toda a questão das agendas, dos custos de se reunir os colaboradores de diversas partes do país para planejar e aprender a como fazer voluntariado, agora temos as dificuldades da concorrência de eventos online (lives, webnars, reuniões virtuais), da pressão do trabalho a ser entregue em circunstâncias adversas de teletrabalho, e questões emocionais que interferem muito em como as pessoas se organizam sua vida pessoal, profissional e comunitária.
Por isso, a causa deve vir sempre na frente e nunca a formação pela formação.
Ou seja, a pessoa quando chamada para uma ação de formação de voluntariado na sua empresa precisa saber que ela é um requisito para juntos resolverem um problema social premente.
Se você vai atuar na área da saúde, vincule sua formação a esse tema. Se vai propor ações de recuperação econômica, vincule o voluntário ao tema.
Formações genéricas: não mais.
Até mesmo os nomes: formação, capacitação e similares, são ponto contra na hora de engajar.
Coloque a causa na frente e depois traga o colaborador afim de ajudar para o seu momento de preparação para a ação.
4) Envolva as pessoas
Envolva pessoas estratégicas para te ajudar, não faça tudo sozinho.
Os seus maiores aliados aqui são os voluntários. Chame-os para ajudar a criar soluções, propor meios de ação e engajamento.
Não faça pelos voluntários mas com eles, desde o planejamento. Assim, uma retomada do programa se faz mais forte e com pontos focais bem estruturados, que, inclusive te ajudarão a defender sua iniciativa bottom up.
E por hoje eu queria trazer apenas essas quatro reflexões pois já são o bastante.
Se algo te aflige e não está nessa lista: conte-me! Mande aqui uma mensagem e poderemos tratar individualmente ou mesmo gerar conteúdo sobre os temas com os quais tem mais dificuldades como gestor de voluntariado.
Nós aqui também estamos do seu lado.
Conte conosco.